MPBA no Júri: Quatro presos são condenados a 26 anos por homicídio brutal dentro do Conjunto Penal de Feira de Santana

O Tribunal do Júri de Feira de Santana condenou quatro presos a 26 anos de reclusão pelo assassinato brutal de dois internos no Conjunto Penal local, ocorrido em janeiro de 2023. O crime foi motivado por disputas internas de facção e caracterizado por extrema violência. A juíza determinou a execução imediata da pena, em decisão que reforça a soberania do júri e o papel do Estado no combate ao crime organizado.
Julgamento realizado na sexta-feira (24/10/2025), no Fórum Filinto Bastos, em Feira de Santana (BA), condenou quatro internos a 26 anos de prisão por homicídio qualificado dentro do Conjunto Penal local.

O Tribunal do Júri de Feira de Santana condenou, nesta sexta-feira (24/10/2025), os internos Jefferson Assis do Vale, John Lenon Matias Pereira, José Roberto Santos de Jesus e Tullio Santos Carneiro a 26 anos de prisão em regime fechado por homicídio qualificado. A decisão atendeu à acusação do Ministério Público da Bahia (MPBA), representado pelos promotores de Justiça Davi Gallo e Luciano Assis. O julgamento foi presidido pela juíza Márcia Simões Costa, no Fórum Filinto Bastos, e teve como base o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) que autoriza a execução imediata da pena em casos de veredito soberano do júri.

O crime: execução violenta dentro do Conjunto Penal

De acordo com a denúncia do MPBA, os crimes ocorreram em 7 de janeiro de 2023, dentro do Pavilhão 8 do Conjunto Penal de Feira de Santana, resultando na morte de Antônio Marcos Vitória Nunes e Júlio Cezar da Silva Rocha. As vítimas foram mortas com extrema violência, submetidas a estrangulamento e decapitação, o que caracterizou meio cruel e impossibilidade de defesa.

Os autos apontam que o crime foi motivado por uma rixa interna entre facções criminosas que disputavam o controle do tráfico e a liderança dentro do presídio. Segundo o Ministério Público, os réus e as vítimas integravam o mesmo grupo, mas divergências entre lideranças no dia anterior à execução provocaram uma cisão que culminou no duplo homicídio.

Contexto: poder paralelo e escalada de violência nos presídios

O episódio expõe o grau de organização e brutalidade existente dentro de algumas unidades prisionais baianas, especialmente em Feira de Santana, um dos maiores complexos carcerários do Estado. Relatórios da Secretaria de Administração Penitenciária indicam que disputas internas e facções armadas seguem sendo os principais vetores de violência no sistema prisional.

Fontes ligadas à investigação afirmam que a execução foi filmada por outros internos e circulou entre facções como demonstração de força, evidenciando a fragilidade do controle estatal dentro das muralhas. A denúncia destacou que o crime foi praticado na presença de diversos detentos, reforçando o caráter exemplar e intimidador da ação.

O papel do Ministério Público e a execução da pena

Os promotores de Justiça Davi Gallo e Luciano Assis sustentaram a acusação com base em provas testemunhais e periciais que confirmaram a autoria e a motivação do crime. Durante a sessão, o MPBA destacou a necessidade de punição exemplar para reafirmar a autoridade do Estado e a soberania da lei dentro do sistema prisional.

Com o veredito condenatório, a juíza Márcia Simões Costa determinou a execução imediata da pena, amparada na jurisprudência do STF que autoriza o cumprimento da sentença logo após a decisão do júri, sem necessidade de trânsito em julgado. A medida busca evitar a sensação de impunidade e reforçar o efeito pedagógico das decisões judiciais em casos de alta gravidade.

Colapso do sistema prisional

O caso reacende o debate sobre o colapso do sistema prisional brasileiro, marcado por superlotação, domínio de facções e déficit de agentes penitenciários. Embora a condenação reafirme o papel do Judiciário e do Ministério Público no combate à impunidade, ela também evidencia a ineficácia das políticas de segurança carcerária, incapazes de impedir a ocorrência de crimes dentro de unidades sob custódia do Estado.

A presença de facções estruturadas, o uso de violência extrema como instrumento disciplinar e a falta de controle institucional transformam os presídios em centros de comando do crime organizado. A decisão judicial, embora correta no mérito, destaca a urgência de reformas estruturais e políticas públicas efetivas para restaurar a autoridade estatal e garantir a segurança dentro das prisões.

*Com informações do Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA).


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.