PM aposentado tenta esconder celular durante operação da PF contra lobista do STJ em Mato Grosso em nova fase da Operação Sisamnes

Primavera do Leste (MT), sexta-feira (03/10/2025) — Policiais federais realizaram nova fase da Operação Sisamnes, com busca e apreensão na casa do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves.

Reportagem de Aguirre Talento, publicada na terça-feira (07/10/2025) no Estadão, revelou que a nova fase da Operação Sisamnes deflagrada na sexta-feira (03/10) foi conduzida pela Polícia Federal (PF) e teve como alvo o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, investigado por envolvimento em um esquema de compra de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e em outros tribunais superiores. A ação, autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), ocorreu nas primeiras horas da manhã e resultou na prisão em flagrante do policial militar aposentado Dejair Silvestre dos Santos, acusado de tentar obstruir as investigações.

Correria e tensão durante a operação

Por volta das 6h, a viatura da PF chegou ao condomínio onde reside o lobista, em Primavera do Leste, interior do Mato Grosso. Ao avistar os agentes, Silvestre correu para dentro da casa, supostamente para alertar o lobista sobre a presença da polícia. Os agentes desembarcaram rapidamente, gritando “Polícia Federal!”, e iniciaram a incursão.

A ação, descrita em depoimentos e documentos encaminhados ao STF, revelou um clima de tensão. Enquanto Andreson se encontrava entre a cozinha e a sala, Silvestre subia as escadas armado. Ao ser advertido pelos policiais, foi obrigado a descer e teve a arma apreendida.

Celular escondido e tentativa de obstrução

Durante as buscas, os agentes exigiram que os moradores entregassem os celulares, mas tanto Silvestre quanto Andreson negaram possuir aparelhos. O celular da esposa do lobista, a advogada Mirian Ribeiro Gonçalves, também investigada, foi apreendido.

Segundo o relato do agente Jefferson Coutinho Júnior, Silvestre pediu para ir ao banheiro durante a revista e permaneceu lá por cerca de oito minutos. Desconfiados, os policiais inspecionaram o local e encontraram um celular escondido sob a pia. Ao tocar na tela, apareceu a foto do policial aposentado, confirmando a tentativa de ocultação.

Com Silvestre, foram ainda apreendidos uma pistola calibre .380, 34 munições e dois carregadores.

Decisão do STF e pedido da PGR

Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-PM atuava ilegalmente como segurança armado do lobista e poderia integrar a organização criminosa liderada por Andreson de Oliveira. Com base nesse entendimento, o órgão solicitou a conversão da prisão em flagrante em preventiva.

O ministro Cristiano Zanin acolheu o pedido e destacou a necessidade de apurar a “extensão do poder de influência” do policial militar. Em sua decisão, Zanin afirmou que a conduta de Silvestre, ao tentar antecipar uma ação judicial, configurava risco à instrução criminal, sobretudo diante do fato de Andreson estar em prisão domiciliar por razões humanitárias e proibido de manter contato com outros investigados.

Defesa nega obstrução e fala em confiança na Justiça

Em nota, o advogado Lucas Curvo Figueiredo, defensor de Dejair Silvestre, negou as acusações e sustentou que seu cliente não tentou obstruir a operação.

“A defesa técnica respeita a decisão, dela discorda e adotará as medidas cabíveis, reafirmando que o investigado nega a prática de obstrução e permanece à disposição da Justiça, confiando no pleno esclarecimento dos fatos e na integridade de suas garantias constitucionais”, afirmou o advogado.

Relações obscuras

A Operação Sisamnes, inspirada no caso histórico do juiz grego punido por corrupção, avança sobre relações obscuras entre lobistas e autoridades judiciais, tema sensível que expõe a vulnerabilidade institucional do sistema. A presença de um ex-policial militar armado na residência de um investigado sob prisão domiciliar humanitária reforça a percepção de que as redes de influência no Judiciário ultrapassam limites éticos e legais. O episódio amplia a pressão sobre o STJ e o STF, que precisam demonstrar rigor e transparência para preservar a credibilidade da Justiça diante da opinião pública.

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