ACM Neto é acusado de “afro-conveniência” após foto de reunião eleitoral destacar ausência de diversidade racial e de gênero

A foto da reunião política de ACM Neto, marcada pela presença quase exclusiva de homens brancos, gerou críticas do deputado Rosemberg Pinto (PT). Para ele, a imagem expõe incoerência entre o discurso identitário do ex-prefeito e sua prática interna. O episódio reacendeu o debate sobre representatividade racial e de gênero na política baiana, ampliando a disputa narrativa entre governo e oposição no contexto eleitoral da Bahia.
Reunião de articulação política da oposição na campanha de ACM Neto ao governo da Bahia, realizada em Salvador, em 26/11/2025. Registro mostra maioria de homens brancos, com apenas uma mulher presente, gerando críticas sobre representatividade e coerência discursiva.

A divulgação de uma foto da reunião estratégica da oposição para a campanha de ACM Neto ao governo da Bahia, ocorrida nesta segunda-feira (24/11/2025) provocou críticas do deputado Rosemberg Pinto (PT). Para o parlamentar, a imagem expõe contraste entre o discurso do ex-prefeito ao buscar apoio da população negra e a composição homogênea — majoritariamente branca, masculina e de elite — de seu núcleo político.

Reação do deputado Rosemberg Pinto

O deputado afirmou que, durante o período eleitoral, ACM Neto adota postura voltada à maioria negra da população baiana, mas que esse movimento não se reflete em sua equipe. Segundo ele, o contraste fica evidente pela própria fotografia, em que apenas uma mulher aparece entre vários homens brancos.

A crítica reforça o debate sobre representatividade na política baiana, especialmente em um estado cuja população é composta majoritariamente por pessoas negras e pardas. Para Rosemberg, a imagem revela uma estrutura política desconectada da realidade social.

O líder governista afirmou que as gestões petistas têm priorizado políticas voltadas à diversidade, inclusão e combate às desigualdades, enquanto a oposição manteria práticas consideradas excludentes.

Debate sobre representatividade na Bahia

Para Rosemberg Pinto, a imagem sintetiza a postura política de ACM Neto e seus aliados. Ele afirmou que o grupo representaria uma parcela “branca e rica” da sociedade baiana, distante das transformações sociais impulsionadas pelos governos petistas.

O parlamentar argumenta que a composição visual contrasta com o perfil demográfico da Bahia e deveria ser analisada como sinal do tipo de gestão que poderia ser adotada por ACM Neto.

As declarações surgem em meio à intensificação das articulações eleitorais no estado, em um ambiente político marcado por disputas narrativas e polarização crescente.

Silêncio da oposição e repercussão pública

A campanha de ACM Neto ainda não se manifestou sobre as críticas. Aliados, de forma reservada, afirmam que a reunião teria caráter técnico e que outros encontros contariam com maior diversidade. No entanto, não foram apresentados registros recentes que comprovem essa afirmação.

O episódio ganhou espaço nas redes sociais, alimentando o debate sobre representação racial e a coerência entre discurso eleitoral e prática política. Em estados de forte identidade cultural negra, como a Bahia, essa discussão tende a adquirir relevância especial.

A base governista tem utilizado o tema para reforçar o contraste entre os dois projetos que disputam a liderança política do estado.

Disputa de narrativas no cenário eleitoral

A polêmica envolvendo a foto se insere em um ambiente eleitoral altamente competitivo, no qual símbolos, imagens e sinais políticos exercem papel central. Para os governistas, a composição racial e de gênero da reunião é um marco visual que questiona o compromisso da oposição com políticas inclusivas.

Do lado da oposição, o silêncio ou justificativas técnicas mostram a dificuldade de administrar efeitos simbólicos em um contexto no qual a sociedade exige maior representatividade e coerência programática.

A repercussão tende a prolongar o debate, influenciando campanhas, discursos e estratégias de comunicação dos grupos envolvidos.

Agenda identitária

A imagem exposta por Rosemberg Pinto atua como catalisador de uma discussão mais ampla sobre poder, identidade e representatividade na política baiana. Em disputas eleitorais, fotografias funcionam como narrativas condensadas: revelam ausências, prioridades e contradições.

A crítica de “afro-conveniência” remete a práticas políticas nas quais candidatos adotam agenda identitária apenas durante campanhas, sem incorporá-la nas estruturas internas de decisão. Em um estado de maioria negra, essa discrepância torna-se especialmente significativa.

A controvérsia não se limita ao registro fotográfico. Ela reflete uma disputa sobre quem representa, de fato, a sociedade baiana e quais grupos terão influência efetiva em um eventual governo. Esse embate simbólico tende a moldar as etapas seguintes da campanha.


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