BNDES aprova R$ 848 milhões para expansão do Tecon Salvador e reforça integração logística e comercial do Nordeste

O BNDES aprovou R$ 848 milhões para a expansão e modernização do Tecon Salvador, operado pela Wilson Sons, com recursos do Fundo da Marinha Mercante. O projeto dobrará a capacidade do terminal, gerando 1.400 empregos e impulsionando a economia regional. Inserido no programa BNDES Azul, o investimento reforça o compromisso com a sustentabilidade, descarbonização e integração logística do Nordeste.
BNDES aprova R$ 848 milhões para ampliar o Tecon Salvador, dobrando a capacidade do terminal e fortalecendo a integração logística e sustentável do Nordeste brasileiro.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 848 milhões para a Tecon Salvador S.A., subsidiária integral da Wilson Sons, destinado à ampliação e modernização do terminal de contêineres do Porto de Salvador. O investimento, financiado com recursos do Fundo da Marinha Mercante, elevará a capacidade do terminal para mais de 1 milhão de TEUs por ano e impulsionará a integração logística e comercial da região Nordeste.

O projeto aprovado pelo BNDES contempla a ampliação do pátio de armazenagem, a aquisição de equipamentos portuários nacionais e importados, e a execução de obras de infraestrutura e modernização tecnológica. O objetivo é atender à crescente demanda por movimentação de contêineres e elevar o patamar operacional do terminal, considerado um dos principais portos do Atlântico Sul.

Durante a fase de implantação, estima-se a geração de cerca de 1.400 empregos diretos e indiretos, impulsionando o desenvolvimento econômico da Bahia e fortalecendo o setor logístico regional. A iniciativa integra a política industrial e comercial do governo federal voltada à valorização das exportações de produtos com maior valor agregado, reduzindo a dependência de commodities e ampliando a presença do Brasil em cadeias globais de valor.

Ampliação de capacidade e ganhos operacionais

Com a conclusão do projeto, o Tecon Salvador mais que dobrará sua capacidade de movimentação anual, passando dos atuais 553 mil TEUs para mais de 1 milhão de TEUs — unidade padrão equivalente a um contêiner de 20 pés. Essa expansão permitirá ganhos expressivos de eficiência, produtividade e segurança, com o número de movimentos de carga no cais subindo de 70 para mais de 100 contêineres por hora.

A modernização inclui a substituição de guindastes e empilhadeiras por modelos elétricos, alinhados às metas de descarbonização, além de um novo sistema de gestão digital de operações portuárias. O terminal também investirá em monitoramento inteligente de cargas e automação de pátio, reduzindo custos operacionais e ampliando a competitividade do Porto de Salvador em relação a outros complexos portuários do país.

Integração nacional e alcance global

Segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, a expansão do terminal “contribuirá para reduzir gargalos logísticos e fortalecer a integração comercial entre os estados das regiões Nordeste, Centro-Oeste e parte do Sudeste e do Norte — sobretudo Bahia, Minas Gerais, Goiás e Tocantins — e os mercados externos”. Ele destacou ainda que a localização estratégica do terminal, “equidistante do Canal do Panamá e do Cabo Horn, permite conexões eficientes com as rotas marítimas para Europa, África, Ásia e América do Norte”.

O diretor financeiro da Wilson Sons, Michael Connell, afirmou que o contrato firmado com o BNDES reforça o “compromisso de longo prazo com o desenvolvimento da infraestrutura portuária brasileira”. Segundo ele, os investimentos em Salvador “gerarão emprego e renda na Bahia, além de ampliar a competitividade logística da região e do país”.

BNDES Azul e a economia marítima sustentável

O projeto está inserido na iniciativa BNDES Azul, lançada em janeiro de 2024, voltada ao desenvolvimento da economia azul brasileira — um conceito que engloba o uso sustentável dos recursos marítimos e costeiros. O programa fomenta pesquisas em Planejamento Espacial Marítimo (PEM), descarbonização da frota naval, infraestrutura portuária verde e atividades econômicas relacionadas a pesca, turismo, bioenergia, exploração de petróleo e preservação ambiental.

Ao alinhar o financiamento à política de sustentabilidade e inovação tecnológica, o banco busca consolidar um novo modelo de investimento público voltado à transição ecológica e à modernização do setor portuário, combinando crescimento econômico com proteção ambiental.

Importância estratégica para o Nordeste

O Tecon Salvador, localizado na Baía de Todos-os-Santos, é uma peça-chave para o escoamento das exportações nordestinas. Ele atende indústrias do Polo Petroquímico de Camaçari, empresas de papel e celulose, e produtores dos setores automotivo, alimentício, agrícola e energético. A expansão do terminal amplia a competitividade das cadeias produtivas da região, que dependem de infraestrutura moderna para reduzir custos logísticos e ampliar acesso a mercados internacionais.

A iniciativa também está alinhada ao Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP) e às diretrizes do Ministério dos Portos e Aeroportos, que priorizam a descentralização dos investimentos e a integração de portos regionais às cadeias de exportação global.

Modernização da infraestrutura nacional

A ampliação do Tecon Salvador, com financiamento público robusto, representa um passo importante na reindustrialização e modernização da infraestrutura nacional. Contudo, a eficácia do investimento dependerá da integração entre modais de transporte, especialmente a conexão terrestre entre o porto e os eixos rodoviários e ferroviários que ligam a Bahia ao Centro-Oeste. Sem essa articulação, há risco de que a nova capacidade portuária seja parcialmente subutilizada.

Outro ponto relevante é o cumprimento das metas ambientais e de transparência do BNDES Azul, que precisam ser acompanhadas de indicadores públicos claros sobre emissão de carbono, gestão de resíduos e eficiência energética. O projeto oferece, portanto, uma oportunidade de reposicionar o Brasil como líder em logística sustentável, mas exigirá coordenação interinstitucional e fiscalização técnica contínua.


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