Cerb mantém área urbana degradada há décadas em Feira de Santana e expõe estudantes e pedestres a riscos diários no Anel de Contorno; Negligência atinge Governo do Estado

O entorno da Cerb em Feira de Santana, no Anel de Contorno, tornou-se um ponto crítico de risco urbano. A ausência de calçada, iluminação adequada, drenagem e área verde expõe diariamente estudantes, trabalhadores e pacientes a atropelamentos e acidentes. O problema é antigo, mas a legislação municipal atribui à gestão atual a responsabilidade pela manutenção. Pedestres pedem intervenção urgente e denunciam a insegurança permanente no trecho.
Trecho marginal da Avenida Eduardo Fróes da Motta, próximo à sede da Cerb e ao Hospital Geral Clériston Andrade, em Feira de Santana — sábado, 15/11/2025. Área apresenta ausência de calçada, mato alto, pista estreita e circulação intensa de veículos, colocando em risco estudantes, trabalhadores e pacientes.

Feira de Santana — sábado, 15/11/2025. A manutenção precária do entorno da sede da Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb), no trecho do Anel de Contorno próximo ao Hospital Geral Clériston Andrade, transformou-se em um dos pontos urbanos mais perigosos da cidade. A ausência histórica de calçada urbanizada, área verde, ciclovia, faixa de acessibilidade e arborização ampla expõe diariamente estudantes, trabalhadores e pacientes, configurando risco direto à integridade física da população. A situação se arrasta há décadas, mas a legislação municipal responsabiliza a atual gestão pela conservação adequada dos imóveis e das calçadas.

O trecho marginal da Avenida Eduardo Fróes da Motta, situado entre a Cerb e o HGCA, consolidou-se como um corredor de perigo permanente. Centenas de pedestres dividem o acostamento inexistente com veículos em alta velocidade. O fluxo intenso — com ônibus, caminhões e automóveis — se choca com a completa ausência de infraestrutura urbana.

A descrição recorrente de usuários evidencia o cenário. “Não tem acostamento, não tem espaço”, afirma um estudante que realiza o trajeto diariamente. Sem faixa de pedestres, sem sinaleira e sem calçada, pessoas caminham sobre a linha da pista, disputando centímetros com veículos que passam rente ao corpo.

O perigo é ainda maior no início da manhã e no final da tarde, quando o fluxo escolar e hospitalar aumenta. Trabalhadores que saem de plantões, estudantes da rede estadual e transeuntes em busca de atendimento médico convivem com o risco constante de atropelamento.

A ausência de calçada e o conflito direto entre pedestres e veículos

A falta de calçada no perímetro da Cerb não se limita à degradação ambiental. Representa, de fato, um colapso de mobilidade urbana.

A área não possui:

  • Calçada urbanizada
  • Faixa de acessibilidade
  • Sinalização horizontal ou vertical
  • Ciclovia ou ciclofaixa
  • Arborização mínima
  • Área verde de proteção

Sem esses elementos básicos, a interação entre pessoas e veículos ocorre sem qualquer zona de amortecimento. Cada passo dado por pedestres é um movimento calculado contra a possibilidade de colisão.

Estudantes relatam acidentes. “Os ônibus passam tão perto que o vento derruba a gente”, disse uma aluna. Outra conta que uma mulher foi derrubada semanas antes por um veículo pesado. O trabalhador Silvanei Santos descreve uma rotina quase fatal: “É uma roleta-russa todo dia”.

Falta de manutenção amplia riscos: mato, escuridão e alagamentos

A negligência se estende além da calçada inexistente. O mato alto invade o leito trafegável, obrigando pedestres a se aproximar ainda mais dos veículos. À noite, a iluminação insuficiente transforma o trecho em um corredor escuro e imprevisível.

Sostenis Brilhante observa que “a iluminação é fraca, e os carros não têm muito cuidado porque não existe uma calçada adequada”. Em dias de chuva, o problema se agrava. A inexistência de drenagem cria acúmulos de água que escondem crateras profundas. “Virou piscina”, relata um estudante.

O terreno irregular — de terra batida, sem nivelamento — se converte em armadilha. Ana Maria, que atravessa o trecho diariamente, detalha a experiência:

“À noite, somos um alvo invisível. Os motoristas só nos veem quando o farol já está em cima”.

Reclamação antiga, problema histórico e responsabilidades atuais

O problema existe há décadas. Mesmo assim, a legislação municipal de Feira de Santana estabelece que proprietários e ocupantes de imóveis têm obrigação de construir, manter e conservar as calçadas no padrão urbanístico vigente.

No caso da Cerb, trata-se de um órgão estadual, com sede em uma das maiores cidades do Nordeste, localizado justamente ao lado de equipamentos estratégicos de saúde pública. A negligência, portanto, não se limita a um aspecto estético: é uma falha administrativa que impacta diretamente vidas humanas.

O desgaste institucionional também é relevante. O governador do Estado, Jerônimo Rodrigues, professor licenciado da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), tem na educação uma das bases simbólicas e políticas de sua gestão. A manutenção precária do entorno da Cerb — frequentado por centenas de estudantes — acaba repercutindo negativamente na imagem governamental.

A falta de intervenção contradiz diretrizes contemporâneas de urbanismo e mobilidade, além de afrontar os padrões civilizatórios mínimos esperados para áreas urbanas com grande fluxo humano.

Antônio Brito, morador da região, sintetiza o sentimento geral:

“Aqui precisa de intervenção urgente. O mato toma conta de tudo, e a gente anda pela pista como se a cidade não tivesse autoridade”.

Omissão

A permanência de um trecho urbano degradado por tanto tempo, especialmente em uma cidade de porte médio como Feira de Santana, ilustra um desalinhamento preocupante entre planejamento público e responsabilidade institucional. A Cerb, ao manter sua área externa sem calçada, sem acessibilidade e sem arborização, descumpre obrigações previstas em lei e compromete a segurança de cidadãos vulneráveis, inclusive estudantes.

A configuração atual revela um paradoxo: o Estado investe em educação, saúde e mobilidade, mas permite que um trecho central, próximo a um hospital e a equipamentos públicos, permaneça à margem da infraestrutura mínima. A omissão, ainda que herdada de gestões anteriores, não exime a responsabilidade presente, especialmente diante da repercussão social e política crescente sobre o tema.

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