O deputado estadual Robinson Almeida (PT) reagiu nesta segunda-feira (03/11/2025) com veemência ao novo escândalo que atinge a Prefeitura de Salvador, após vir a público que a secretária de Desenvolvimento Econômico, Mila Paes Scarton, teve um curso de R$ 105 mil pago com recursos municipais.
“Enquanto escolas caem aos pedaços e faltam médicos nos postos, o dinheiro da população banca o luxo de quem já vive cercado de privilégios. É um escárnio com o povo de Salvador”, afirmou o parlamentar.
Para Robinson Almeida, o episódio simboliza o abismo entre o poder municipal e as reais necessidades da cidade. Ele comparou a prática à concessão de benefícios pessoais, chamando o caso de “Bolsa Privilégio”, em referência ao padrão de favorecimentos que, segundo ele, se repete nas gestões do grupo político liderado por ACM Neto e continuado pelo atual prefeito Bruno Reis (União Brasil).
Contrato de R$ 105 mil sem licitação e curso internacional
De acordo com documentos oficiais, o contrato entre a prefeitura e a Saint Paul Escola de Negócios foi firmado em dezembro de 2023, sem licitação, com base na justificativa de inexigibilidade — modalidade que dispensa concorrência por suposta exclusividade do serviço. O programa financiado, denominado “Advanced Boardroom Program for Women”, inclui aulas presenciais e um módulo internacional na Itália.
Embora Mila Paes não seja servidora de carreira, o curso foi integralmente custeado pela administração municipal, levantando questionamentos sobre legalidade, moralidade e pertinência do gasto público. O caso ganhou repercussão nas redes sociais e entre vereadores da oposição, que cobram a abertura de investigação pela Câmara Municipal.
Bruno Reis sob pressão e questionamentos sobre curso de doutorado
O deputado Robinson Almeida também criticou o silêncio do prefeito Bruno Reis, afirmando que a ausência de esclarecimentos reforça o desgaste ético da gestão. “Até agora, Bruno Reis não explicou quem paga o curso de doutorado que ele faz em Brasília. A falta de transparência só aumenta as suspeitas e aprofunda o desgaste de uma gestão que perdeu o senso de ética e responsabilidade com o dinheiro do povo”, declarou.
Segundo o parlamentar, o prefeito e seus aliados têm transformado o orçamento municipal em instrumento de autopromoção política, com gastos elevados em publicidade institucional e programas que beneficiam o próprio círculo de confiança.
Casos anteriores e padrão de comportamento político
O episódio envolvendo Mila Paes não é isolado. A vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT) e a secretária da Fazenda, Giovanna Victer, também participaram de cursos custeados pela prefeitura, em valores considerados elevados por críticos da gestão.
Para Robinson Almeida, o conjunto dos casos expõe uma cultura administrativa de privilégio, sustentada pelo uso político de recursos públicos.
“Muda o nome, mas o roteiro é o mesmo: o povo fica com os buracos nas ruas e a conta do privilégio”, afirmou.
Ele defende que os órgãos de controle, como o Ministério Público da Bahia (MPBA) e o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA), apurem eventuais irregularidades e responsabilidades.
Tensão política
A denúncia reforça uma tensão política recorrente entre o PT e o grupo carlista em Salvador, marcada por disputas narrativas em torno da ética administrativa e do uso de recursos públicos. A situação coloca em xeque o discurso de modernização e eficiência adotado por Bruno Reis, ao mesmo tempo em que evidencia uma fragilidade estrutural na fiscalização do gasto público municipal.
O caso de Mila Paes Scarton, por envolver verba pública destinada a um curso de elite internacional, adquire peso simbólico num cenário de desigualdade social acentuada. Independentemente das justificativas técnicas apresentadas, o impacto político e moral é inevitável: a imagem de uma gestão mais preocupada com a autopreservação do que com as demandas da população.

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