Lideranças indígenas da Bahia apresentaram nesta quarta-feira (19/11/2025), na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, o projeto de etnoturismo sustentável da Reserva da Jaqueira, em Porto Seguro. A iniciativa, conduzida pelo Instituto Pataxó de Etnoturismo e apoiada pela Secretaria de Turismo da Bahia (Setur-BA), foi reconhecida por seu impacto ambiental positivo e pelo fortalecimento da cultura Pataxó.
O etnoturismo desenvolvido pelo povo Pataxó, na Reserva da Jaqueira, em Porto Seguro, foi apresentado na COP30 como exemplo de turismo sustentável aliado à preservação ambiental e ao fortalecimento das tradições indígenas. O território de 827 hectares de Mata Atlântica recebeu destaque por oferecer experiências imersivas que valorizam a cultura Pataxó e promovem o uso responsável dos recursos naturais.
A consolidação do etnoturismo na Reserva da Jaqueira
A exposição do projeto foi conduzida por Juari Pataxó, diretor do Instituto de Etnoturismo e integrante da comitiva indígena baiana na COP30. Ele ressaltou que a Reserva da Jaqueira tem registrado avanços consistentes nos últimos anos, consolidando-se como um dos empreendimentos comunitários mais bem-sucedidos do país.
Segundo Juari, a combinação de experiências culturais, preservação da Mata Atlântica e geração de renda para a comunidade tem reforçado a autonomia local e ampliado o reconhecimento nacional e internacional do modelo.
O diretor também destacou que a parceria com a Setur-BA tem sido determinante para o crescimento do projeto, permitindo maior profissionalização da equipe, fortalecimento das ações de acolhimento ao visitante e expansão das atividades de etnovivência.
Ações da Setur-BA para fortalecer o turismo indígena
Como parte da política de diversificação da oferta turística na Bahia, a Setur-BA tem ampliado investimentos no segmento de turismo comunitário e experiências culturais. A estratégia inclui ações de promoção, estruturação e qualificação profissional nas regiões com maior potencial turístico.
Em outubro, equipes técnicas da Setur-BA estiveram em Porto Seguro para atividades do programa Avança Turismo Bahia, realizando levantamentos de oferta turística, avaliações de qualidade hoteleira e visitas técnicas a atrativos, incluindo a Reserva da Jaqueira.
O trabalho culminou em um seminário regional com oito municípios da Costa do Descobrimento, direcionado ao fortalecimento das práticas sustentáveis e à capacitação de trabalhadores do setor.
O diretor de Regulação e Certificação de Serviços Turísticos da Setur-BA, Divaldo Borges, afirmou que a iniciativa busca consolidar novos produtos e experiências, reforçando a imagem da Bahia como destino comprometido com o meio ambiente e com as comunidades tradicionais.
Relevância internacional e impactos para o turismo sustentável
A visibilidade conquistada na COP30 insere a Bahia no debate global sobre modelos turísticos baseados na conservação ambiental e no respeito aos povos originários. A presença Pataxó no evento demonstra a capacidade de iniciativas comunitárias de integrar tradição, preservação e desenvolvimento econômico.
Além disso, a participação de lideranças indígenas e a apresentação de projetos bem-sucedidos ampliam o diálogo entre instituições públicas, organizações ambientais e operadores do setor turístico, abrindo espaço para novas parcerias e para o fortalecimento de políticas públicas voltadas ao etnoturismo.
Experiência Pataxó se destaca
A exposição da Reserva da Jaqueira na COP30 evidencia um aspecto estrutural do turismo brasileiro: a necessidade de modelos que conciliem desenvolvimento econômico e valorização sociocultural. A experiência Pataxó se destaca justamente por superar a lógica de exploração predatória, adotando práticas compatíveis com a preservação ambiental e com a autonomia das comunidades tradicionais.
No entanto, a expansão do turismo indígena no Brasil ainda enfrenta desafios estruturais, como a falta de financiamento contínuo, a necessidade de maior capacitação técnica e a proteção dos territórios diante de pressões externas. A parceria entre comunidades e órgãos públicos representa um avanço, mas a consolidação de políticas duradouras depende de planejamento de longo prazo e da continuidade dos investimentos.
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