A festa de aniversário do desembargador José Edivaldo Rocha Rotondano, candidato à presidência do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), realizada no restaurante Amado em 09/11/2025 com apresentação de Ivete Sangalo, provocou forte repercussão política e institucional. A revelação feita pelo portal Metrópoles, em reportagem assinada por Mirelle Pinheiro, nesta terça-feira (18/11) reacendeu debates sobre transparência, conduta pública e influência política no processo eleitoral da Corte.
Repercussão imediata no Judiciário
O evento ocorreu no tradicional restaurante Amado, um dos mais caros de Salvador, reunindo autoridades de grande projeção nacional. A performance de Ivete Sangalo, que saudou o aniversariante com o grito “Nosso presidente!”, ampliou o impacto político do encontro e alimentou o debate sobre limites éticos na disputa interna.
Entre os presentes estavam o ministro do STF Dias Toffoli, o senador Jaques Wagner, o ministro da Casa Civil Rui Costa, o vice-governador Geraldo Júnior e o prefeito Bruno Reis, além de magistrados, advogados e empresários. A presença simultânea de representantes dos três poderes intensificou questionamentos sobre a relação entre poder político e a eleição do TJBA.
Outro ponto de controvérsia foi a ausência de informação pública sobre quem financiou o evento, levantando dúvidas sobre possível apoio externo ou interesses privados envolvidos na celebração. O restaurante escolhido e o cachê de Ivete Sangalo, msmo que não tenha sido cobrado, reforçam a percepção de ostentação, tema sensível diante do histórico recente de debates sobre integridade no Judiciário baiano.
Debate sobre possível “showmício”
A participação de Ivete Sangalo foi interpretada por parte da magistratura como um possível “showmício”, prática proibida nas eleições tradicionais.
Embora não exista regulamentação específica para campanhas internas do Judiciário, a manifestação pública de apoio por meio de uma artista de grande projeção nacional gera desconforto e abre margem para interpretações jurídicas divergentes.
Aliados de Rotondano defendem que a festa teve caráter estritamente privado, com presenças espontâneas e sem finalidade eleitoral explícita. Rebatem, ainda, o uso da legislação eleitoral convencional, argumentando que pleitos internos do Judiciário seguem regras distintas.
Críticos, entretanto, destacam que o impacto simbólico do evento, a poucos dias da eleição marcada para está quarta-feira, 19 de novembro, ultrapassa a fronteira da vida privada e afeta a percepção de equilíbrio entre os candidatos. A associação entre espetáculo artístico, autoridades políticas e disputa institucional suscita dúvidas sobre isonomia e conduta ética.
Riscos institucionais e impacto sobre o processo eleitoral
O fato de Rotondano integrar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) — órgão responsável por fiscalizar a conduta de magistrados — intensifica as repercussões. A presença de um conselheiro em uma celebração marcada por ostentação, visibilidade e manifestações públicas de apoio cria constrangimentos internos e levanta questionamentos sobre coerência institucional.
No contexto de um Judiciário que já enfrenta desgaste público devido a denúncias anteriores envolvendo relações impróprias entre magistrados e agentes políticos, o episódio adiciona mais um foco de tensão. Integrantes da Corte avaliam que o caso introduziu uma “mancha” na percepção interna sobre a eleição, potencialmente afetando sua legitimidade.
O simbolismo da festa e os dilemas de imagem do TJBA
A celebração realizada em 09/11/2025, revelada pelo Metrópoles em 18/11/2025, ultrapassa a esfera pessoal e adentra o terreno das disputas simbólicas dentro do Judiciário. Uma artista de projeção internacional como Ivete Sangalo declarando “Nosso presidente!” diante de autoridades políticas e jurídicas cria um gesto de apoio com potencial de interferir no ambiente eleitoral, mesmo sem caráter formal.
A ausência de transparência sobre o custeio do evento agrava o desgaste institucional. Em um momento em que o Judiciário baiano busca reforçar padrões de integridade e distanciamento de influências externas, episódios dessa natureza fragilizam a confiança pública e evidenciam a necessidade de regras claras para campanhas internas. Independentemente da legalidade estrita, a percepção pública de ostentação e articulação política pesa diretamente sobre a credibilidade da Corte.
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