Eleições 2026: Feira de Santana concentra vereadores, ex-deputados, prefeitos e figuras controversas na disputa por vagas na Assembleia Legislativa

Panorama político de Feira de Santana, em dezembro de 2025, com vereadores, ex-deputados, prefeitos e lideranças estaduais apontados como pré-candidatos à Assembleia Legislativa da Bahia nas eleições de 2026.

Às vésperas da abertura formal do calendário eleitoral de 2026, Feira de Santana reafirma seu papel como um dos principais polos políticos da Bahia, reunindo um conjunto amplo e heterogêneo de pré-candidatos a deputado estadual que têm no município sua principal base ou alvo estratégico de votos. O cenário envolve vereadores em exercício, ex-parlamentares, deputados licenciados, lideranças religiosas, prefeitos da região e nomes marcados por controvérsias judiciais, evidenciando a complexidade e o peso eleitoral da cidade.

Segundo maior colégio eleitoral do estado, Feira de Santana historicamente exerce influência decisiva na composição da Assembleia Legislativa da Bahia. A cidade concentra eleitorado numeroso, redes políticas consolidadas e forte capilaridade partidária, o que explica a intensa movimentação de pré-candidaturas com foco direto ou indireto no município.

O quadro atual aponta para uma disputa pulverizada, com múltiplas legendas buscando ampliar espaço a partir de bases locais, alianças regionais e vínculos históricos com lideranças já conhecidas do eleitorado feirense.

Vereadores em exercício articulam salto para a Assembleia Legislativa

Vereadores em exercício intensificam articulações para disputar cadeiras na Assembleia Legislativa da Bahia, em um movimento que reflete a busca pela ampliação de espaço político e institucional. Entre os principais nomes em circulação estão parlamentares de Feira de Santana, que avaliam a transição da Câmara Municipal para o Legislativo estadual, apostando na visibilidade pública e no capital político acumulado ao longo dos últimos mandatos.

Integram esse grupo Pedro Américo (Cidadania), Silvio Dias (PT), Luiz Ferreira Dias, o Luiz da Feira (PP), Jurandir Carvalho (PSDB), Ronaldo Almeida Caribé, o Ron do Povo (PP) e Luiz Augusto de Jesus, conhecido como (Lulinha) (União Brasil). Todos apresentam atuação territorializada em bairros estratégicos do município e mantêm presença constante em agendas comunitárias, um fator tradicionalmente decisivo nas disputas proporcionais.

Nesse contexto, Jurandir Carvalho, vereador licenciado pelo PSDB, também se posiciona como pré-candidato. Ele deixou temporariamente o mandato, com licença até março de 2026, para se dedicar integralmente à construção de sua pré-campanha a deputado estadual. Jurandir atua sob a liderança política de Pablo Roberto, vice-prefeito de Feira de Santana e pré-candidato a deputado federal pelo PSDB, compondo uma aliança estratégica voltada à ampliação da representação do grupo na Assembleia Legislativa da Bahia.

Ex-vereadores e ex-deputados tentam reconstruir trajetórias políticas

O cenário pré-eleitoral também inclui nomes que buscam retornar ao Parlamento estadual após interrupções de mandato ou mudanças de rumo político.

É o caso de Ewerton Carneiro da Costa, o Tom, ex-vereador e ex-deputado estadual, cassado pela Justiça Eleitoral em 2021. Após a perda do mandato, Tom atuou como secretário municipal no governo do então prefeito Colbert Martins, mantendo influência política em Feira de Santana.

Outro destaque é Jhonatas Monteiro, ex-vereador e o mais votado nas eleições municipais de 2024 pelo PSOL em Feira de Santana, embora o partido não tenha atingido o quociente eleitoral. A votação expressiva consolidou seu nome como liderança emergente, especialmente entre eleitores ligados a pautas sociais e de direitos humanos.

Deputados estaduais e secretários com base eleitoral em Feira

Entre os parlamentares com atuação estadual e base política no município está Ângelo Almeida (PSB), deputado estadual eleito e licenciado do mandato para exercer o cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia, integrando o primeiro escalão do governo Jerônimo Rodrigues.

Também figura nesse grupo Robinson Almeida (PT), ex-secretário estadual de Comunicação, eleito deputado estadual em 2024. Em Feira de Santana, atua politicamente em parceria com o deputado federal José Cerqueira Neto, o Zé Neto, fortalecendo a articulação entre as esferas estadual e federal.

Prefeito da região tenta avançar sobre o eleitorado feirense

A lista de pré-candidatos se amplia com a entrada de João Pedro Labriola Cardozo, conhecido como João de Furão, atual prefeito de Conceição da Feira pelo PSD. Embora governe um município vizinho, João de Furão busca ampliar sua base eleitoral em Feira de Santana, movimento considerado estratégico para viabilizar uma candidatura competitiva à Assembleia Legislativa.

A articulação conta com o apoio direto do ex-deputado estadual Targino Machado, seu tio, figura conhecida da política feirense. Targino teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral em 2020, mas segue exercendo influência política regional, especialmente em Feira de Santana, onde construiu sua trajetória parlamentar.

Liderança religiosa e casos judiciais sensíveis no cenário eleitoral

O quadro pré-eleitoral inclui ainda perfis com forte apelo religioso e situações que envolvem investigações criminais.

José de Arimateia, ex-vereador e deputado estadual eleito em 2024 pelo Republicanos, é bispo da Igreja Universal do Reino de Deus. Sua atuação política se sustenta em uma base evangélica organizada, tradicionalmente relevante nas eleições proporcionais baianas.

Em contraponto, Kléber Cristian Escolano de Almeida, o Binho Galinha, deputado estadual pelo PRD, encontra-se preso, acusado pelo Ministério Público da Bahia de liderar uma organização criminosa. De acordo com o MPBA, Feira de Santana seria a principal base eleitoral e operacional do grupo, tornando o caso um dos mais delicados do ponto de vista institucional na corrida para 2026.

Fragmentação, Justiça Eleitoral e o peso de Feira de Santana

O conjunto de pré-candidaturas com base em Feira de Santana expõe as características estruturais do sistema proporcional, no qual convivem trajetórias políticas consolidadas, lideranças locais emergentes, redes religiosas organizadas e figuras marcadas por decisões judiciais.

Cassações como nos casos de Targino Machado e Ewerton Tom; e e prisões como a de Binho Galinha, evidenciam o papel central da Justiça e do Ministério Público na redefinição de carreiras políticas. Ao mesmo tempo, levantam questionamentos sobre critérios partidários, filtros éticos e a tolerância institucional a candidaturas sob contestação pública.

Mais do que um reduto eleitoral, Feira de Santana funciona como um laboratório antecipado das disputas estaduais, refletindo tendências, alianças e conflitos que tendem a se reproduzir em outras regiões da Bahia. A multiplicidade de nomes aponta para uma eleição competitiva, fragmentada e marcada por forte disputa territorial.


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