Iniciativa da Sociedade Filarmônica 25 de Março resgata tradição centenária em Feira de Santana com retretas no coreto da Praça da Matriz e exposição cultural

A abertura do Projeto Retreta marca o retorno das apresentações de filarmônicas ao coreto da Praça da Matriz, em Feira de Santana, resgatando uma tradição cultural centenária. Com concertos sem sonorização, exposição fotográfica e ocupação do espaço público, a iniciativa valoriza memória, identidade urbana e convivência social, reafirmando o papel histórico das bandas filarmônicas na cidade.
Abertura do Projeto Retreta reúne as filarmônicas 25 de Março, de Feira de Santana, e 25 de Dezembro, de Irará, no coreto centenário da Praça da Matriz, em dezembro de 2025.

Feira de Santana revive, nesta quarta-feira (17/12/2025), uma de suas mais antigas tradições culturais com a abertura oficial do Projeto Retreta, iniciativa da Sociedade Filarmônica 25 de Março que devolve ao centro histórico da cidade as apresentações de bandas filarmônicas em praças públicas, resgatando práticas musicais consolidadas desde o início do século XX.

O evento inaugural ocorre às 19h, no coreto da Praça da Matriz, espaço emblemático da memória urbana feirense. Para marcar o início da programação, a Filarmônica 25 de Março recebe como convidada a Filarmônica 25 de Dezembro, do município de Irará. Cada grupo realiza uma apresentação com duração aproximada de uma hora, sem sonorização, em respeito ao formato tradicional das retretas.

A proposta do projeto é recuperar a experiência original das apresentações musicais ao ar livre, valorizando a acústica natural, o convívio social e a ocupação cultural dos espaços públicos. Segundo o maestro Antônio Neves, o retorno das filarmônicas ao coreto possui forte carga simbólica, representando um reencontro da cidade com sua própria história cultural.

Concepção artística e trajetória do projeto

A concepção artística do Projeto Retreta é assinada por Antônio Carlos Batista Neves Júnior, regente da Filarmônica 25 de Março. O maestro possui formação em Licenciatura em Música, mestrado em Educação Musical e é doutorando em Música pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com atuação consolidada na área de regência e produção cultural.

Ao longo da carreira, desenvolveu projetos voltados à integração entre música, educação e tradição, como Música no Casarão, Conexão 25 em Banda Larga, Banda Digital e Educação, Cultura e Tradição. No Projeto Retreta, responde também pela curadoria geral, reforçando o compromisso com a preservação da memória musical de Feira de Santana.

Exposição fotográfica amplia dimensão cultural

Paralelamente às apresentações musicais, o público poderá visitar a exposição fotográfica “Notas de um Tempo Antigo: Imagens que Contam Histórias”, instalada ao lado do coreto. A curadoria é do fotógrafo Ângelo Pinto, artista com trajetória internacional, com exposições realizadas na Suíça e na Espanha, além de participação em livros e mostras no Brasil e no exterior.

A exposição integra um conjunto de dez mostras fotográficas previstas ao longo do Projeto Retreta, acompanhando as apresentações mensais. A proposta é ampliar o alcance educativo e cultural da iniciativa, associando música, imagem e memória como instrumentos de preservação do patrimônio imaterial feirense.

Coreto centenário e preservação da memória urbana

Construído em 1916 e tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC-BA), o coreto da Praça da Matriz volta a cumprir sua função original como espaço de encontros, convivência e fruição cultural. A retomada das retretas reforça o papel do equipamento como símbolo da vida pública e da tradição musical da cidade.

A expectativa dos organizadores é estimular a ocupação familiar da praça, fortalecendo o vínculo da população com o centro histórico. A iniciativa busca promover não apenas entretenimento, mas também identidade cultural e pertencimento comunitário.

Cultura, memória e ocupação do espaço público

A retomada das retretas em Feira de Santana ocorre em um contexto de crescente debate sobre a valorização dos centros históricos e a ocupação cultural dos espaços públicos. O Projeto Retreta se apresenta como resposta concreta à necessidade de políticas culturais continuadas, ancoradas na tradição e na identidade local.

Do ponto de vista institucional, o projeto evidencia a relevância histórica das filarmônicas na formação cultural do interior da Bahia, frequentemente marginalizadas nas políticas culturais contemporâneas. Ao recuperar o formato original das apresentações, a iniciativa reafirma valores de simplicidade, acessibilidade e convivência social.


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