Presidente Lula antecipa disputa de 2026, cita Tarcísio, Zema, Caiado e Ratinho como adversários e manda comparar políticas sociais

Em reunião ministerial nesta quarta-feira (18/12/2025), o presidente Lula citou Tarcísio de Freitas, Ratinho Junior, Romeu Zema e Ronaldo Caiado como possíveis adversários em 2026 e afirmou ter determinado estudos comparativos sobre suas políticas sociais. O presidente intensificou o discurso eleitoral, cobrou definição do Centrão, reforçou a comparação com o governo Bolsonaro e sinalizou estratégias para fragmentar a oposição no próximo pleito.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião ministerial no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta quarta-feira (18/12/2025), quando tratou do cenário eleitoral de 2026 e citou governadores como possíveis adversários.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (18/12/2025), durante reunião ministerial no Palácio do Planalto, que determinou a realização de estudos comparativos sobre as políticas sociais adotadas por governadores cotados como adversários na eleição presidencial de 2026. Lula citou nominalmente Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ratinho Junior (Paraná), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ronaldo Caiado (Goiás), aos quais se referiu como possíveis concorrentes no próximo pleito.

Segundo o presidente, o levantamento já foi concluído por equipes técnicas da Presidência e envolve a análise de indicadores sociais e econômicos das gestões estaduais, que, na avaliação de Lula, seriam inferiores aos resultados obtidos pelo governo federal em seu terceiro mandato.

Lula intensifica discurso eleitoral e mira governadores

Durante a reunião, Lula afirmou que pretende comparar publicamente os resultados das administrações estaduais dos possíveis adversários com os indicadores de seu governo, sobretudo nas áreas econômica e social. Em declaração direta aos ministros, o presidente avaliou que há ampla vantagem do governo federal nessas comparações.

“Eu já mandei fazer um estudo das políticas sociais dos nossos possíveis adversários. Do Tarcísio, do Zema, do Caiado, do Ratinho. Sinceramente, perto de nós, eles não fizeram nada”, afirmou o presidente, segundo relatos de assessores.

A fala confirma a antecipação do tom eleitoral adotado por Lula nos últimos meses, em um movimento que busca consolidar sua posição no campo governista e delimitar o confronto com a oposição, especialmente governadores que vêm sendo citados como alternativas presidenciais fora do eixo bolsonarista tradicional.

Recado ao Centrão e pressão por definição política

Ainda na abertura da reunião ministerial, Lula enviou um recado direto aos partidos do Centrão, ao afirmar que as legendas precisarão decidir, em 2026, de que lado estarão. O presidente destacou que o próximo ano será decisivo e exigirá posicionamento claro de ministros e partidos que integram a base do governo.

“Cada ministro, cada partido vai ter que estar no processo eleitoral e vai ter que se definir de que lado está. Será inexorável”, disse Lula, ressaltando que as forças políticas precisarão defender publicamente seus projetos e alianças.

Atualmente, o governo reúne 39 ministros indicados por dez partidos, incluindo siglas do Centrão que ainda mantêm posição ambígua em relação a uma eventual reeleição de Lula, como PSD, Republicanos e MDB. Mesmo fora formalmente do governo, o União Brasil segue exercendo influência por meio de ministérios estratégicos e da presidência do Senado, ocupada por Davi Alcolumbre.

Comparação com Bolsonaro e disputa pela narrativa

Lula voltou a classificar 2026 como o “ano da verdade”, destacando que pretende intensificar a comparação entre os indicadores de seu governo e os do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, ainda há dificuldade em consolidar uma narrativa que permita à população compreender plenamente o que ocorreu no país durante a gestão anterior.

“Tenho a impressão que o povo ainda não sabe o que aconteceu neste país. Nós ainda não conseguimos a narrativa correta”, afirmou.

O presidente citou como marcas de sua gestão a redução do desemprego, a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda e o aumento da capacidade de investimento dos bancos públicos. Reconheceu, contudo, que os resultados econômicos e sociais ainda não se refletem de forma proporcional nas pesquisas de opinião, atribuindo esse cenário à polarização política.

Ataques à oposição e leitura do cenário adversário

Nos últimos dias, Lula tem reiterado críticas à fragmentação da oposição. Em entrevista concedida na semana passada em Minas Gerais, afirmou que o excesso de nomes no campo adversário demonstraria fragilidade política.

“Quem inventa muito nome é porque não tem nenhum”, disse, ao citar novamente Tarcísio, Caiado, Zema, Ratinho e nomes ligados à família Bolsonaro.

No entorno presidencial, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é visto como o adversário mais competitivo entre os governadores citados. Ainda assim, aliados de Lula avaliam que o cenário se torna mais complexo caso o sobrenome Bolsonaro volte à urna, especialmente se houver a confirmação de uma candidatura de Flávio Bolsonaro.

Estratégia para o Centrão e fragmentação da oposição

Apesar disso, lideranças governistas ponderam que Flávio Bolsonaro, embora considerado mais moderado que outros membros da família, enfrentaria dificuldades para unificar o Centrão, em razão do desgaste político associado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre pena após condenação por tentativa de golpe de Estado.

Diante desse cenário, o PT já trabalha estrategicamente para dividir apoios em partidos como MDB, PSD, Republicanos e PP nos estados, buscando garantir adesões parciais e reduzir a capacidade de articulação de uma candidatura unificada da oposição em 2026.

Antecipação eleitoral e disputa por hegemonia política

A estratégia adotada por Lula revela uma antecipação calculada do debate eleitoral, com o objetivo de ocupar o centro da agenda política antes que a oposição consiga consolidar um nome competitivo. Ao citar governadores em exercício, o presidente busca deslocar o debate do campo ideológico para a comparação de resultados administrativos, especialmente em políticas sociais.

Ao mesmo tempo, o discurso direcionado ao Centrão expõe uma tensão estrutural do atual governo: a dependência de alianças pragmáticas em um ambiente político fragmentado. A exigência de definição prévia pode fortalecer a base governista, mas também acelerar disputas internas e deserções.

Por fim, a insistência na comparação com o governo Bolsonaro indica que Lula aposta na memória institucional recente como ativo eleitoral. O desafio será transformar indicadores positivos em percepção pública concreta, em um ambiente marcado por polarização, desinformação e disputa permanente de narrativas.

*Com informações do Jornal O Globo.


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