Sem acordo entre bancadas, ALBA adia votação do Orçamento 2026 em primeiro turno, mas aprova empréstimo de R$ 720 milhões junto ao BNDES

Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador, durante sessão prolongada em 17 de dezembro de 2025, presidida por Ivana Bastos, marcada por obstrução da oposição e votação parcial da pauta.

A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) não votou, nesta quarta-feira (17/12/2025), a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 em primeiro turno devido à ausência de acordo entre as bancadas do governo e da oposição. Apesar do impasse, o plenário aprovou projetos estratégicos, incluindo autorização para o Executivo contratar empréstimo de até R$ 720 milhões junto ao BNDES, além de alterações na LDO 2025, no PPA 2024–2027 e em marcos administrativos do Estado.

Impasse político adia votação do Orçamento

Mesmo com a aprovação de um requerimento de prioridade, a falta de consenso entre os líderes partidários impediu a deliberação da LOA 2026 em primeiro turno. A sessão foi marcada por intensa obstrução da oposição, que prolongou os debates e retardou a apreciação do principal item da pauta.

A presidente da ALBA, Ivana Bastos, avaliou que houve avanços institucionais, mas reconheceu a impossibilidade de concluir a votação do orçamento. Segundo ela, o calendário foi reprogramado para garantir a continuidade dos trabalhos legislativos.

Ao final da sessão, Ivana Bastos anunciou a convocação de nova reunião plenária para segunda-feira (22/12), às 14h30, quando deverão ser apreciados, em primeiro turno, o Orçamento de 2026, indicações para o Tribunal de Contas do Estado (TCE-BA) e a concessão de honrarias parlamentares.

Sessão prolongada e matérias aprovadas

Iniciada às 17h, a sessão foi encerrada pouco depois das 23h, após mais de seis horas de debates. Apesar da obstrução, o plenário conseguiu deliberar e aprovar cinco projetos de lei considerados prioritários para o Executivo estadual.

Entre eles, destaca-se a autorização para contratação de empréstimo de até R$ 720 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os recursos serão destinados a investimentos em infraestrutura física, com foco nas áreas de educação e saúde, beneficiando diversos municípios baianos.

Também foram aprovadas alterações na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 e no Plano Plurianual Participativo (PPA) 2024–2027, ajustando instrumentos de planejamento fiscal e estratégico do Estado.

Mudanças administrativas e parcerias com organizações sociais

Outro ponto relevante da pauta foi a aprovação de projetos que reestruturam o Programa Estadual de Organizações Sociais. A medida amplia e regula parcerias entre o Estado e entidades privadas sem fins lucrativos, alinhando o modelo baiano à Lei Federal de Licitações e Contratos da Administração Pública.

O plenário também aprovou alterações na lei do teto de remuneração dos servidores públicos, tema sensível do ponto de vista fiscal e administrativo, com impacto direto sobre a gestão de pessoal e o controle de despesas obrigatórias.

Essas medidas, segundo a base governista, visam modernizar a administração pública, conferir maior segurança jurídica às parcerias institucionais e adequar o arcabouço legal estadual às normas federais vigentes.

Próximos passos e agenda legislativa

Com a convocação da sessão de segunda-feira (22/12), a expectativa é de que o Orçamento de 2026 avance em sua tramitação, ao menos em primeiro turno. Na mesma sessão, devem ser votadas as indicações dos deputados federais Otto Filho e Josias Gomes para o Tribunal de Contas do Estado, além da apreciação de projetos de concessão de honrarias.

A condução do processo dependerá, novamente, da capacidade de articulação entre governo e oposição para superar impasses políticos e regimentais que têm marcado o encerramento do ano legislativo.

Orçamento, crédito e tensão institucional na reta final do ano

O adiamento da votação da LOA 2026 evidencia a persistente tensão entre governo e oposição na ALBA, especialmente em temas sensíveis como orçamento, distribuição de recursos e prioridades fiscais. Embora a obstrução seja um instrumento legítimo do processo legislativo, seu uso prolongado, às vésperas do recesso, expõe fragilidades na construção de consensos mínimos.

A aprovação do empréstimo de R$ 720 milhões junto ao BNDES, por outro lado, revela que há espaço para convergência quando se trata de projetos vinculados a investimentos estruturantes, sobretudo em educação e saúde. Ainda assim, a ampliação do endividamento estadual exige acompanhamento rigoroso quanto à execução, transparência e impacto fiscal de médio e longo prazo.

O contraste entre o avanço do crédito e o bloqueio do orçamento reforça um cenário recorrente no Legislativo: decisões estratégicas avançam de forma fragmentada, enquanto o principal instrumento de planejamento anual permanece condicionado a disputas políticas, com reflexos diretos sobre a previsibilidade da gestão pública.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.