Crise no GOB Bahia resulta em aprovação de Moção de Repúdio e criação de Delegacia Regional pelo Grande Oriente do Brasil

Boletim Oficial de nº 19 apresenta Decreto do GOB que institui a Delegacia Regional para o Estado da Bahia, em substituição do GOB Bahia (antigo Grande Oriente Estadual da Bahia, GOEB) e nomeia delegado, além de apresentar os termos da Moção de Repúdio Nº 001, aprovada pela SAFL do GOB.

A luta pelo poder sobre o Grande Oriente do Brasil – Bahia (GOB Bahia), antigo Grande Oriente Estadual da Bahia (GOEB) permanece. No centro da disputa estão dois membros do GOB Bahia, o ex-grão-mestre-interino Luciano Sepúlveda e o atual grão-mestre Oscimar Alves Torres. O processo eleitoral para renovação da direção da entidade no estado é o fator da discórdia, que conduz a nova ruptura no Oriente Estadual do GOB na Bahia, revela fonte do Jornal Grande Bahia (JGB).

No contexto da crise, nesta segunda-feira (08/05/2023), foi publicado no Boletim Oficial de nº 19 do GOB o Decreto nº 2.128. O documento assinado pelo grão-mestre geral do GOB Múcio Bonifácio Guimarães promove drástica intervenção no GOB Bahia (antigo GOEB), com a dissolução do mesmo, criação da Delegacia Regional para o Estado da Bahia e designação do maçom Oscimar Alves Torres como delegado regional. Além disso, a Soberana Assembleia Federal Legislativa (SAFL do GOB) aprovou a Moção de Repúdio nº 001, na qual consta os seguintes termos:

— Nos últimos tempos, no GOEB/GOB/BA, assistimos a uma série de ataques aos princípios e tradições mais básicos da nossa Ordem, perpetrado por iniciados que se afastaram dos princípios basilares e traíram um juramento feito quando aceitos na Ordem. Nas trincheiras deste novo ataque, utilizam de exacerbado culto ao individualismo, a disseminação da mentira, do vício e do cultivo ao ódio permanente.

— Conclamamos ao Grande Oriente do Brasil o resgate da unidade na Bahia, pelos valores maçónicos da paz e da normalidade institucional. Sabe-se que a situação de intolerância hoje propagada na Bahia, tem sido orquestrada por um pequeno grupo que tem se utilizado de todos os mecanismos condenáveis para disseminar o ódio, a discórdia e a desarmonia em nosso meio.

— O traço comum é o desrespeito aos poderes maçônicos regularmente constituídos democraticamente eleitos de cunho histórico e tradicional, que sustentam os fundamentos da maçonaria ao longo dos tempos.

— A busca por soluções fora dos nossos templos e fora da Ordem, tentam profanar o que para o verdadeiro maçom é sagrado. A busca da Justiça Comum, por alguns destes iniciados, em claro desrespeito às instâncias legais maçônicas, por si só já demonstra a ousadia com que agem os que lideram este novo ataque à maçonaria.

— Outrora, os ataques eram externos, e, em reação, a nossa Ordem se fez vigorosa para ser respeitada. Agora o vírus da destruição dos nossos valores se manifesta internamente, com o claro objetivo de solapar os valores mais genuínos do verdadeiro maçom.

— Por isto, as Lojas Maçônicas e os Irmãos que subscrevem este manifesto, vem a público, manifestar confiança na sabedoria, equilíbrio e sensatez dos dirigentes do Grande Oriente do Brasil, nas pessoas dos chefes dos Poderes Estatutários e rogam que façam valer as nossas tradições, adotando as medidas necessárias à normalização da convivência maçônica na Bahia, extirpando do nosso meio aqueles que desrespeitam o nosso Estatuto, profanam os nossos juramentos e conspurcam os nossos valores.

— Por fim, reiteram que esta manifestação, que parece tardia, é fruto da sensatez dos irmãos que primam pelo cumprimento dos nossos landmarks e juramentos, e desejam a maçonaria brasileira cada vez mais respeitada.

Crise do GOB no Brasil

A data de 15 de setembro de 2018 é o ponto de inflexão do GOB no Século XXI, com a saída do Grande Oriente de São Paulo (GOSP), sob a liderança do, à época, grão-mestre Kamel Aref Saab e de Benedito Marques Ballouk Filho, atual grão-mestre.

O GOSP, entidade que reúne o maior número de lojas e maçons do Brasil, após mais de 80 anos sob o domínio jurídico do GOB, rompeu com a potência nacional e passou a ser uma potência estadual independente, argumentando que:

— Optou por cumprir o propósito, posicionando-se como uma Instituição independente na comunidade Maçônica. Desde então, a Potência tem se comprometido com a solidificação de seu legado transcendente e hoje avança em constante progresso, destacando-se como pioneira e referência, em muitos aspectos, na Maçonaria brasileira.

A iniciativa do GOSP teve efeito estimulador sobre outros orientes e Lojas Maçônicas que demonstravam recorrente insatisfação com a gestão do GOB, fato que resultou em rupturas e reorganização na Bahia, Espírito Santo e Pernambuco.

Crise do GOB na Bahia

23 de março de 2019 marca o ponto central da crise do GOB na Bahia. O fator causador foi o mesmo que ocorre no processo eleitoral de 2023, com o não cumprimento do sufrágio para escolha da direção do GOB Bahia (antigo GOEB).

No ano de 2019, Alexandre da Silva Monteiro foi eleito grão-mestre estadual (GME) e Jorvan Andrade, grão-mestre estadual adjunto (GMEA) do GOEB, ao vencer por sufrágio Ocimar Alves Torres, atual grão-mestre estadual do GOEB.

Insatisfeitos com o resultado da Eleição 2019 para direção do GOEB (GOB Bahia), Ocimar Torres e Luciano Sepúlveda questionaram nos tribunais maçônicos o resultado da eleição. Essa crise provocou a defecção de cerca de 20 lojas do GOEB e de centenas dos seus membros que, unidos, fundaram a potência estadual denominada Grande Oriente da Corporação Maçônica da Bahia (CMB), entidade que atua sob a liderança dos empresários Alexandre Monteiro e Jorvan Andrade.

O GOB e a crise de legitimidade recorrente no país

“O fato de o GOB interferir nos processos eletivos estaduais, desrespeitando a soberania dos maçons nos estados, é o fator causador de grave insatisfação na comunidade maçônica do GOB, situação recorrente que tem causado novas cisões em orientes estaduais”, diz Alexandre Monteiro, grão-mestre da CMB, complementado, “o que ocorre no GOB Bahia em 2023 é a reedição da crise de 2019, apenas, desta feita, se trata de dois ex-aliados que disputam o comando da entidade na Bahia”, finaliza.

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