Indígenas do povo tupinambá de Olivença, Bahia, participaram de uma cerimônia no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, onde o Manto Tupinambá foi abrigado após ser devolvido ao Brasil. Durante o evento, realizado em 12 de setembro de 2024, os indígenas fizeram pedidos ao governo federal pela demarcação de suas terras e a retirada de não indígenas de seus territórios. Estiveram presentes o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, além de outros representantes dos governos federal, estadual e municipal.
A anciã Yakuy Tupinambá expressou críticas ao processo de devolução do manto e defendeu que ele fosse alocado em seu território de origem, na Bahia, em vez de permanecer no museu. Em sua fala, ela reiterou a insatisfação com o que considerou uma postura colonizadora por parte do Estado brasileiro e destacou a importância de maior respeito à cultura e aos direitos dos povos indígenas. Ela criticou ainda a tese do marco temporal, solicitando medidas mais firmes em favor da demarcação de terras.
Durante o evento, Yakuy Tupinambá apresentou uma série de reivindicações, incluindo o retorno do manto para a aldeia mãe Olivença, a construção de um museu de arte tupinambá, o respeito aos direitos indígenas, a autonomia do Ministério dos Povos Indígenas, a reestruturação da Funai, além da anistia e reparação aos povos indígenas e africanos. A líder indígena concluiu seu discurso destacando a necessidade urgente de demarcação de terras e de mais proteção aos territórios indígenas.
O presidente Lula, em sua fala, reconheceu as dificuldades enfrentadas pelos povos indígenas e criticou a tese do marco temporal, destacando que vetou a medida, mas o veto foi derrubado pelo Congresso Nacional. Segundo ele, muitos parlamentares têm compromissos com grandes proprietários rurais, o que dificulta o avanço de pautas importantes para os indígenas. Lula destacou ainda que, em seu governo, a questão indígena tem sido uma prioridade e mencionou a criação do Ministério dos Povos Indígenas como uma prova desse compromisso.
O presidente reafirmou que o governo está realizando esforços para retirar ocupantes não indígenas de territórios tradicionalmente ocupados e homologando novas terras, apesar dos desafios. Ele ressaltou que essas questões são tratadas com diálogo e transparência, visando construir soluções negociadas.
Sobre o Manto Tupinambá, Lula afirmou que o Museu Nacional deve ser encarado como um abrigo temporário e que o manto deveria, em última instância, retornar ao território indígena na Bahia. Ele manifestou confiança de que o governador da Bahia colaboraria para a criação de um local apropriado para a preservação do artefato.
O Manto Tupinambá, uma peça de 1,80 metros de altura, confeccionada com penas de pássaros guará, foi trazido ao Brasil após negociações entre instituições brasileiras e o Museu Nacional da Dinamarca, onde estava desde 1689. A peça retornou ao Brasil em julho de 2024, após cerca de um ano de negociações. O manto faz parte de uma coleção de artefatos levados para a Europa durante o período colonial e integra uma série de outros objetos tupinambás que ainda se encontram em museus europeus.
A devolução do manto foi marcada por uma série de celebrações organizadas pela comunidade tupinambá. Durante três dias, lideranças espirituais e pajés realizaram rituais de acolhimento e proteção do manto, com uma vigília nos arredores do Museu Nacional.
*Com informações da Agência Brasil.
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