Josué Apolônio de Castro (1908–1973), conhecido como Josué de Castro, foi um médico, geógrafo, escritor e político brasileiro cuja atuação acadêmica e política tornou-se referência mundial no estudo da fome e da desigualdade social. Sua obra interdisciplinar uniu medicina, geografia, economia e sociologia para analisar as causas estruturais da fome, influenciando políticas públicas e ações globais em prol da segurança alimentar.
Primeiros Anos e Formação
Nascido em Recife, Pernambuco, em 5 de setembro de 1908, Josué de Castro cresceu em uma família de classe média. Formou-se em medicina pela Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, em 1929. Desde o início da carreira, mostrou interesse pelos efeitos da má nutrição na saúde pública, o que o levou a explorar as raízes sociais e econômicas da fome.
Síntese Teórica
A teoria de Josué de Castro parte do entendimento da fome como uma consequência direta das desigualdades estruturais, rejeitando a visão predominante à época de que ela seria causada apenas por fatores naturais, como a escassez de alimentos. Ele argumentava que a fome é um fenômeno político e econômico, relacionado à concentração fundiária, exploração do trabalho e modelos de desenvolvimento excludentes.
Em Geografia da Fome (1946), destacou que o Brasil, apesar de ser um país agrícola, enfrentava altos índices de fome devido à má distribuição de terras e à baixa remuneração dos trabalhadores rurais. Já em Geopolítica da Fome (1951), expandiu sua análise para o contexto internacional, mostrando como o imperialismo econômico perpetuava a pobreza e a insegurança alimentar no mundo em desenvolvimento.
A abordagem teórica de Josué de Castro foi inovadora ao propor soluções integradas para o combate à fome, considerando reformas agrárias, políticas redistributivas e o fortalecimento de sistemas alimentares locais como essenciais para a superação do problema.
Carreira Política e Diplomática
A visão política de Josué de Castro o levou a assumir posições estratégicas no Brasil e no exterior. Entre 1952 e 1956, presidiu o Conselho Nacional de Alimentação, promovendo campanhas de combate à desnutrição. Durante o governo Juscelino Kubitschek, foi nomeado embaixador do Brasil junto à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cargo que ocupou até 1964.
Com o golpe militar de 1964, teve seus direitos políticos cassados e foi forçado ao exílio, inicialmente na França e depois na Itália. No exílio, manteve sua produção intelectual e denunciou as desigualdades sociais, atuando como uma voz crítica contra a repressão no Brasil.
Principais Obras
- Geografia da Fome (1946)
- Mapeamento das regiões de fome no Brasil.
- Análise das causas socioeconômicas e estruturais da insegurança alimentar.
- Geopolítica da Fome (1951)
- Estudo das dimensões globais da fome.
- Relação entre imperialismo econômico e pobreza nos países subdesenvolvidos.
- Homens e Caranguejos (1967)
- Romance autobiográfico que descreve a vida nas palafitas do Recife.
- Reflexão sobre as condições de vida precárias e o impacto da fome.
- Sete Palmos de Terra e um Caixão (1944)
- Análise das condições de vida dos trabalhadores rurais no Nordeste brasileiro.
- Fome: Um Tema Proibido (1965)
- Crítica ao silêncio político em torno da fome.
- Reflexão sobre o impacto da desigualdade no desenvolvimento humano.
Principais Contribuições
- Estudo da Fome
- Pioneirismo na abordagem da fome como problema político e econômico.
- Relação entre desigualdade social, pobreza e insegurança alimentar.
- Políticas Públicas
- Formulação de estratégias nacionais de combate à desnutrição.
- Atuação em organismos internacionais, como a FAO, para promover a segurança alimentar.
- Obra Literária e Científica
- Produção interdisciplinar que uniu literatura, ciência e ativismo social.
- Disseminação de suas ideias em vários idiomas, com impacto global.
- Legado Internacional
- Reconhecimento como um dos principais teóricos da fome e do subdesenvolvimento.
- Influência em políticas públicas e programas de combate à pobreza no Brasil e no mundo.
Reconhecimento e Legado
Josué de Castro recebeu prêmios internacionais, como o Prêmio Internacional da Paz (1954), e títulos honoríficos de universidades renomadas. Sua obra segue como referência no estudo das desigualdades e na formulação de políticas para erradicar a fome.
Faleceu em 24 de setembro de 1973, em Paris, deixando um legado que transcende fronteiras e permanece relevante diante dos desafios globais relacionados à segurança alimentar e à justiça social.

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