Nesta sexta-feira (12/09/2025), a Polícia Federal deflagrou a Operação Cambota, desdobramento da Operação Sem Desconto, para investigar fraudes bilionárias em aposentadorias e pensões do INSS. Entre os alvos está o advogado Nelson Wilians, fundador de um dos maiores escritórios de advocacia empresarial da América Latina, após o Coaf identificar movimentações suspeitas de R$ 4,3 bilhões. Foram presos Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e o empresário Maurício Camisotti, apontados como operadores do esquema.
A investigação da PF e o foco no INSS
A Operação Cambota cumpriu dois mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Brasília e outras localidades. Foram presos Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, e o empresário Maurício Camisotti, apontados como principais operadores do esquema. O nome de Nelson Wilians entrou na investigação após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificar movimentações suspeitas de R$ 4,3 bilhões entre 2019 e 2024, incluindo transferências de R$ 15,5 milhões para Camisotti.
Segundo a PF, parte dos recursos foi usada para mascarar descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões, prática que ficou conhecida como a “farra do INSS”. Obras de arte, esculturas, carros de luxo e dinheiro vivo foram apreendidos em endereços ligados ao advogado e ex-sócios.
O perfil de Nelson Wilians
Nascido em Cianorte (PR) e filho de agricultores, Wilians construiu uma carreira marcada por projeção midiática e estilo de vida luxuoso. Fundador do Nelson Wilians Advogados (NWADV), o escritório atua em mais de 20 áreas jurídicas, possui filiais em todas as capitais brasileiras e escritórios no exterior. O advogado ganhou notoriedade por atuar em casos de grande repercussão, como a disputa pela herança do apresentador Gugu Liberato, representando a médica Rose Miriam di Matteo.
Além da advocacia, Wilians cultiva imagem pública nas redes sociais, onde soma mais de 1,5 milhão de seguidores. Publica fotos de viagens internacionais, de sua mansão em São Paulo e de veículos de luxo, como Ferrari, Rolls-Royce e Bentley. Também é colunista da revista Forbes Brasil, onde já foi capa, e mantém ao lado da esposa, Anne Carolline Wilians, o Instituto Nelson Wilians, dedicado a programas de educação e proteção social.
A defesa do advogado e as contradições do caso
Em nota oficial, Wilians afirmou que tem colaborado integralmente com as autoridades e que sua relação com os investigados é “estritamente profissional e legal”. Sustenta que os valores transferidos a Camisotti referem-se à aquisição de um terreno vizinho à sua residência, transação que considera lícita e comprovável. A defesa enfatiza que a operação é de natureza investigativa e não representa um juízo de culpa.
Já os advogados de Camisotti afirmam que sua prisão foi arbitrária e violou garantias constitucionais, ao passo que a defesa de Antunes também contesta a legalidade da detenção, prometendo apresentar documentos que comprovariam a inocência do empresário.
A Operação Cambota (desdobramento da Operação Sem Desconto) intensificou nesta sexta-feira (12/09/2025) as investigações sobre um esquema de descontos indevidos em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O advogado Nelson Wilians está entre os alvos de buscas e apreensões, acusado de relações financeiras suspeitas com empresários investigados, como Antônio Carlos Camilo Antunes (“Careca do INSS”) e Maurício Camisotti. Documentos do Coaf apontam movimentações de bilhões de reais entre 2019 e 2024.
A investigação federal
Operação Cambota e desdobramentos da Operação Sem Desconto
-
Foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e duas prisões preventivas (Antunes e Camisotti) autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
-
Celulares, HDs, documentos, obras de arte, carros de luxo e dinheiro em espécie foram apreendidos. As mensagens e e-mails coletados em fases anteriores estão sendo usados para ligar Nelson Wilians diretamente aos operadores do esquema.
Movimentações financeiras suspeitas e papéis atribuídos a Wilians
-
Relatórios do Coaf apontam que R$ 4,3 bilhões teriam sido movimentados por Wilians entre 2019 e 2024 em operações consideradas atípicas. Parte desse montante foi para Camisotti.
-
Há repasses de R$ 15,5 milhões detectados entre Wilians e Camisotti, além de transferências menores com indícios de lavagem de dinheiro ou sonegação fiscal.
Perfil, histórico e defesa
-
Nelson Wilians é fundador do escritório NWADV, com atuação ampla no direito empresarial, sedes em várias capitais brasileiras e atuação internacional.
-
É figura pública com grande presença em redes sociais (mais de 1,5 milhão de seguidores), no qual exibe estilo de vida ostentatório: automóveis de luxo, imóveis, viagens.
-
Em nota, a defesa afirma que as relações financeiras foram estritamente profissionais e legais, que parte dos valores se refere a aquisição de imóvel, que não há investigação formal contra ele (até certo momento), e que colabora com autoridades.
Implicações institucionais e controle público
-
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) acompanha o caso, cobrando depoimentos, quebras de sigilo e responsabilização. STF autorizou medidas investigativas.
-
O Coaf, órgão de inteligência financeira, desempenha papel central ao detectar padrões de movimentações incompatíveis com renda declarada e ao encaminhar relatórios à Polícia Federal.
Omitido ou incerto
-
Não há até agora confirmação pública de que Nelson Wilians seja réu formal em todos os inquéritos ligados à Operação Sem Desconto/Cambota.
-
Informação sobre valor exato dos bens apreendidos a ele vinculados está fragmentada ou ainda em apuração pública.
-
É incerto o grau de envolvimento operacional dele — se como executor direto de fraudes ou apenas como prestador de serviços ou condutor de negócios legais que, eventualmente, foram utilizados em esquema fraudulento.
Fragilidades de controle do sistema previdenciário
A investigação revela uma tensão central entre o princípio da legalidade, o direito de defesa e o imperativo de transparência em casos de grande repercussão social. Os indícios técnicos — como movimentações financeiras de alto valor, ligações documentadas e apreensões de bens — conferem robustez à necessidade de apuração aprofundada. Contudo, a antecipação de juízos sem condenação definitiva pode provocar danos reputacionais irreversíveis, sobretudo quando se trata de figuras públicas, como advogados com forte presença midiática.
Diante desse quadro, impõe-se avaliar se o processo avançará com rigor probatório, se as garantias constitucionais serão plenamente respeitadas e se tanto a CPMI quanto o Judiciário conseguirão evitar ingerências políticas que comprometam a imparcialidade do julgamento.
O episódio também expõe o choque entre a dimensão pública da advocacia empresarial e as fragilidades de controle do sistema previdenciário. A inserção de personalidades de destaque no centro da apuração amplia o impacto social e político do caso, intensificando sua visibilidade e polarização. Em paralelo, a defesa constrói narrativas de legalidade que contrastam com os indícios de movimentações financeiras vultosas identificadas pelo Coaf.
A atuação da Polícia Federal ocorre em um contexto de reforço da fiscalização contra a lavagem de dinheiro e fraudes no INSS, mas o processo também reabre debates sobre os limites das prisões preventivas, a possibilidade de arbitrariedades nas medidas cautelares e a tênue fronteira entre relações profissionais legítimas e práticas ilícitas.
*Com informações da Revista Veja, Estadão, Metrópoles e jornal O Globo.
Leia +
Quem é Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, preso na Operação Cambota
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




