PF e CGU deflagram Operação Intercessor contra desvio de recursos públicos na Bahia; Irregularidades somam mais de R$ 12 milhões

A Operação Intercessor, deflagrada nesta quarta-feira (23/10/2025) pela PF e CGU, apura desvios de mais de R$ 12 milhões em Poções (BA). O esquema envolvia empresas de fachada, contratos fraudulentos e lavagem de dinheiro com verbas do FUNDEB, SUS e FNAS. Foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão em quatro municípios baianos, e os crimes investigados podem resultar em penas superiores a 40 anos de prisão.
Policiais federais e auditores da CGU cumprem mandados de busca e apreensão em Poções, Encruzilhada, Barreiras e Vitória da Conquista, nesta quinta-feira (23/10/2025), no âmbito da Operação Intercessor. A ação apura fraudes em contratos públicos e lavagem de dinheiro com recursos federais.

A Polícia Federal (PF), em cooperação com a Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrou nesta quinta-feira, (23/10/2025) a Operação Intercessor, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa responsável por desviar e lavar recursos públicos federais destinados à Prefeitura de Poções (BA) entre os anos de 2021 e 2023.

Segundo a PF, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão nos municípios de Poções, Encruzilhada, Barreiras e Vitória da Conquista, com a participação de 68 policiais federais e 13 auditores da CGU. Os alvos estão ligados a contratos de terceirização de mão de obra financiados com recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).

Irregularidades e prejuízo superior a R$ 12 milhões

As investigações apontam a ausência de estudos técnicos prévios, pesquisas de preços irregulares, majoração indevida de valores contratuais e até prestação fictícia de serviços. Segundo a CGU, o prejuízo estimado ao erário ultrapassa R$ 12 milhões.

Os investigadores descobriram um esquema de atuação articulado em vários municípios, que utilizava empresas de fachada para emitir notas frias e ocultar a origem ilícita dos recursos desviados. Também foram identificadas transferências bancárias suspeitas entre familiares e intermediários financeiros, bem como ocultação patrimonial por meio da aquisição de bens em nome de terceiros.

Organização criminosa e crimes apurados

O grupo é investigado pelos crimes de organização criminosa, peculato, fraude à licitação, lavagem de dinheiro e crimes contra a legislação trabalhista. Caso sejam confirmadas as suspeitas, as penas somadas podem ultrapassar 40 anos de prisão.

A PF informou que os materiais apreendidos serão submetidos a análise pericial e poderão revelar novos núcleos de atuação criminosa, possivelmente ligados a outras prefeituras e contratos públicos financiados com verbas federais. A operação marca mais uma fase de intensificação das ações de combate à corrupção na administração municipal baiana, com foco no uso indevido de repasses da União.

Contexto e próximos passos

A Operação Intercessor integra o esforço conjunto entre PF e CGU de fortalecer mecanismos de controle e transparência sobre recursos federais aplicados em municípios do interior da Bahia. O caso será remetido ao Ministério Público Federal (MPF), responsável por coordenar as medidas judiciais cabíveis, que podem incluir bloqueio de bens, quebra de sigilos bancários e fiscais, além de responsabilização civil e criminal dos envolvidos.

Fontes próximas à investigação indicam que o esquema seguia um padrão de contratação recorrente em diversas cidades da região sudoeste, com simulação de serviços de apoio administrativo e manutenção, geralmente sem comprovação efetiva das atividades executadas.

Fragilidade dos controles internos municipais

A Operação Intercessor evidencia um padrão estrutural de corrupção no interior baiano, onde empresas de fachada e terceirizações fraudulentas tornaram-se meios eficazes para desvio de recursos federais sob aparência de legalidade. O caso reforça a fragilidade dos controles internos municipais e a necessidade de aperfeiçoamento dos mecanismos de auditoria e transparência, sobretudo em áreas sensíveis como educação e saúde.

Embora o avanço das investigações seja positivo, permanece o desafio de responsabilizar gestores e beneficiários políticos dessas práticas, frequentemente blindados por redes de influência local. A efetividade da operação dependerá da celeridade processual e da articulação entre órgãos de controle, evitando que o caso siga o destino de tantas outras ações que se dissolvem no tempo.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.