A Polícia Federal (PF), em cooperação com a Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrou nesta quinta-feira, (23/10/2025) a Operação Intercessor, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa responsável por desviar e lavar recursos públicos federais destinados à Prefeitura de Poções (BA) entre os anos de 2021 e 2023.
Segundo a PF, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão nos municípios de Poções, Encruzilhada, Barreiras e Vitória da Conquista, com a participação de 68 policiais federais e 13 auditores da CGU. Os alvos estão ligados a contratos de terceirização de mão de obra financiados com recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).
Irregularidades e prejuízo superior a R$ 12 milhões
As investigações apontam a ausência de estudos técnicos prévios, pesquisas de preços irregulares, majoração indevida de valores contratuais e até prestação fictícia de serviços. Segundo a CGU, o prejuízo estimado ao erário ultrapassa R$ 12 milhões.
Os investigadores descobriram um esquema de atuação articulado em vários municípios, que utilizava empresas de fachada para emitir notas frias e ocultar a origem ilícita dos recursos desviados. Também foram identificadas transferências bancárias suspeitas entre familiares e intermediários financeiros, bem como ocultação patrimonial por meio da aquisição de bens em nome de terceiros.
Organização criminosa e crimes apurados
O grupo é investigado pelos crimes de organização criminosa, peculato, fraude à licitação, lavagem de dinheiro e crimes contra a legislação trabalhista. Caso sejam confirmadas as suspeitas, as penas somadas podem ultrapassar 40 anos de prisão.
A PF informou que os materiais apreendidos serão submetidos a análise pericial e poderão revelar novos núcleos de atuação criminosa, possivelmente ligados a outras prefeituras e contratos públicos financiados com verbas federais. A operação marca mais uma fase de intensificação das ações de combate à corrupção na administração municipal baiana, com foco no uso indevido de repasses da União.
Contexto e próximos passos
A Operação Intercessor integra o esforço conjunto entre PF e CGU de fortalecer mecanismos de controle e transparência sobre recursos federais aplicados em municípios do interior da Bahia. O caso será remetido ao Ministério Público Federal (MPF), responsável por coordenar as medidas judiciais cabíveis, que podem incluir bloqueio de bens, quebra de sigilos bancários e fiscais, além de responsabilização civil e criminal dos envolvidos.
Fontes próximas à investigação indicam que o esquema seguia um padrão de contratação recorrente em diversas cidades da região sudoeste, com simulação de serviços de apoio administrativo e manutenção, geralmente sem comprovação efetiva das atividades executadas.
Fragilidade dos controles internos municipais
A Operação Intercessor evidencia um padrão estrutural de corrupção no interior baiano, onde empresas de fachada e terceirizações fraudulentas tornaram-se meios eficazes para desvio de recursos federais sob aparência de legalidade. O caso reforça a fragilidade dos controles internos municipais e a necessidade de aperfeiçoamento dos mecanismos de auditoria e transparência, sobretudo em áreas sensíveis como educação e saúde.
Embora o avanço das investigações seja positivo, permanece o desafio de responsabilizar gestores e beneficiários políticos dessas práticas, frequentemente blindados por redes de influência local. A efetividade da operação dependerá da celeridade processual e da articulação entre órgãos de controle, evitando que o caso siga o destino de tantas outras ações que se dissolvem no tempo.
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