A eleição para presidência da Câmara dos Deputados e do Senado é o assunto do momento em Brasília, enquanto os partidos negociam apoio e cargos. Para analista político, há um fator que pode enfraquecer as ambições do Partido Liberal (PL), dono da maior bancada no Congresso: o radicalismo herdado de Jair Bolsonaro.
O efeito político de Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, pode ser descrito como uma faca de dois gumes. Por um lado, ele é o responsável pela eleição da maior bancada da história do PL, que chegou a 98 deputados e 14 senadores, precipitando-se ao posto de principal partido de oposição ao PT.
Entretanto, a severa cartilha ideológica do capitão pode se tornar um problema para parlamentares que buscam apoio político em seus projetos e até cargos dentro do Congresso. Essa é avaliação de Leonardo Puglia, sociólogo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
O analista político falou sobre as eleições para presidente do Senado e da Câmara, e enfatizou que a aposta do PL em Rogério Marinho (PL) para a presidência do Senado, para fazer frente a Rodrigo Pacheco (PSD), apoiado por Lula, pode enfraquecer a sigla e, consequentemente, a oposição ao PT.
O Partido Liberal, diz ele, é uma das legendas com mais poder na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Coordenada por Valdemar Costa Neto, a sigla busca se “consolidar como o principal partido de oposição ao Palácio do Planalto”, amparada na figura do ex-presidente.
Mas há um problema, conforme explicou Leonardo Puglia.
“O PL é um partido tradicional do centrão, com uma base bastante fisiológica, que tem políticos bolsonaristas mais radicalizados, e outros menos”.
Essa questão ficou exposta recentemente com a saída da deputada Flávia Arruda. Candidata mais votada na capital do país em 2018 e ex-chefe da Secretaria Geral de Governo na gestão Bolsonaro, ela pediu desfiliação do PL um dia após a posse de Lula.
Para o analista político, o episódio revela que “haverá bolsonaristas mais radicais buscando protagonismo, e isso deve enfraquecer o PL na busca por espaços, porque essa tensão dentro do bolsonarismo tende a dividir o partido coordenado por Valdemar Costa”.
O fisiologismo do PL, na opinião dele, embora seja um partido conservador, abriga correntes e parlamentares que devem apoiar alguns projetos de Lula, principalmente se o presidente brasileiro mantiver as negociações com outras siglas do centrão, como o União Brasil e o PSD.
“O centrão do PL e os radicais eleitos na esteira do bolsonarismo vão rachar no futuro. Isso será uma situação muito difícil para o Valdemar contornar”, disse ele.
Para Leonardo Puglia, “Arthur Lira (PP) e Rodrigo Pacheco saem na frente na disputa pelas presidências da Câmara dos Deputados e do Senado. Ambos tentam a reeleição e são considerados favoritos. Minha expectativa é que os dois sejam eleitos sem maiores dificuldades”.
O analista explica que, no caso do Senado, “existe uma aliança entre PT e os partidos que apoiam Lula, como MDB, PSD e União Brasil”. Recentemente, o senador Randolfe Rodrigues (Rede) disse que o União Brasil poderia entregar “no mínimo 60% dos votos da legenda no Congresso em troca de ministérios no governo Lula”.
A costura de alianças, como essa, foi ressaltada pelo analista;
“Lula está fazendo a distribuição dos últimos cargos, ele está em uma fase de negociação. O Renan Calheiros (MDB) faz essa costura política para o Lula, sendo que o seu partido também deve apoiar as candidaturas de Rodrigo Pacheco e Arthur Lira”
A reeleição de Arthur Lira, diz ele, é ainda mais esperada, “porque ele está muto forte na Câmara, e o Lula e o PT não pretendem fazer oposição ao seu nome, que deve ganhar essa eleição com mais folga do que quando enfrentou Baleia Rossi (MDB), no último pleito dentro do Congresso”.
*Com informações de João Werneck, da Sputnik Brasil.
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