A Arquidiocese de Salvador anunciou nesta quinta-feira (04/08/2023) a intervenção na Devoção do Senhor do Bonfim (Irmandade do Bonfim)’. Segundo a decisão do cardeal Dom Sérgio da Rocha, a medida foi tomada após meses de tentativas de mediação entre os membros da mesa diretora da devoção, que estavam em desacordo sobre questões administrativas e financeiras conduzidas pelo padre Edson Menezes, pároco da Basílica Santuário Senhor do Bonfim. Ele deixa o cargo de capelão da Devoção, mas segue como reitor da Basílica e pode celebrar missas.
Na decisão proclamada pelo cardeal ficou estabelecido que o interventor nomeado é o cônego José Abel Carvalho Pinheiro, ex-pároco da Catedral Metropolitana de Sant’Ana (Igreja Matriz de Feira de Santana). Ele contará com o apoio de uma equipe.
O objetivo da intervenção é promover a unidade e a paz, gerir a Irmandade e o Projeto Bom Samaritano, que atende pessoas em situação de vulnerabilidade social, e criar comissões para a reforma do estatuto e do regimento interno e para as eleições da nova mesa administrativa da devoção.
A Arquidiocese afirmou que o caminho do diálogo respeitoso e fraterno continuará a ser percorrido durante o período de intervenção, assim como ocorreu com a comissão de mediação, em vista do bem da devoção e da missão evangelizadora da Basílica Santuário, iluminada sempre pela fé no Senhor do Bonfim.
Reportagem revela crise
Segundo reportagem do Jornal A Tarde publicada na sexta-feira (04/08):
— Por decisão do juiz Jorge Nunes Contreiras, da Irmandade da Basílica, o padre Edson Menezes seria registrado como empregado da Irmandade, devendo entregar a carteira de trabalho para as devidas anotações. O valor relacionado com o seu trabalho foi calculado em quatro salários-mínimos, R$ 5.280.
— O padre Edson Menezes ainda ficaria proibido de tomar posse de valores relacionados com as coletas diárias feitas pela igreja, em especial da sexta-feira, que também consideraria os cofres laterais da Basílica usados para a coleta de dinheiro dos fiéis. O pároco ainda teria que colocar um fim no comércio de itens como a água benta, nas dependências do lugar religioso.
— As cobranças de valores relacionados com serviços de casamento, batizados e outras ações relacionadas com as atividades litúrgicas. O recolhimento dos valores seria feito apenas pela Irmandade.
— O padre Edson Menezes não concordou com as exigências feitas e reuniões geraram a ser feitas na tentativa de uma conciliação entre os envolvidos, que não chegaram a gerar resultado para o fim do ‘embate’ na Basílica do Senhor do Bonfim.
No contexto da crise entre membro do clero e os fiéis devotos, fonte do Jornal Grande Bahia (JGB) revelou que a intenção da mesa-diretora da fraternidade era melhorar as finanças da entidade, trazendo equilíbrio financeiro e ampliando as ações sociais da Igreja através do Projeto Bom Samaritano.
Sobre a entidade mantedora
A Devoção do Senhor do Bonfim foi introduzida no Brasil no século XVIII pelo capitão português Theodósio Rodrigues de Faria, que trouxe uma réplica da imagem do Senhor do Bonfim de Setúbal, em Portugal, para Salvador.
Por regência estatutária, administrativamente a Devoção é formada por Devotos que ingressam na Irmandade através de uma proposta, avaliada por uma comissão que os torna participativos de todos os eventos. Trienalmente são realizadas eleições entre os devotos estatutários para formação da Mesa Administrativa, colégio composto por trinta e três membros responsáveis pela administração e fiscalização da instituição. Para realização da Assembleia Geral é feita uma convocação através de jornal de grande circulação.
Constituída a Mesa Administrativa, pelos pares são eleitos os “Dignitários”: Juiz, Tesoureiro, Escrivão e Procurador responsáveis pela execução administrativa da entidade. São também escolhidos três membros do Conselho econômico e três para a Comissão de sindicância. As reuniões da Mesa são realizadas periodicamente, e convocadas pelo Juiz; delas faz parte o representante do senhor Arcebispo, o Reitor da Basílica e Capelão da Devoção.
A Basílica
A Basílica Santuário Senhor do Bonfim (Igreja do Bonfim) foi construída no século XVIII para abrigar a imagem, que é devotada por meio da representação de Jesus Cristo crucificado. A devoção é conhecida pelas tradições da lavagem da escadaria da igreja e pelas fitas do Senhor do Bonfim, que são usadas como amuletos.
A festa do Senhor do Bonfim é realizada anualmente na segunda quinta-feira após o dia de Reis (6 de janeiro), reunindo milhares de fiéis e turistas na Colina Sagrada. A festa é considerada um símbolo da mistura cultural e religiosa da Bahia, pois envolve elementos do catolicismo e das religiões afro-brasileiras.
Leia +
Perfil de padre Abel Pinheiro, pároco da Igreja do Santíssimo Sacramento e Sant’Ana, em Salvador
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