Descoberta inédita: Estudo identifica região árida no Norte da Bahia relacionada ao aquecimento global

Pesquisadores do Inpe e Cemaden revelam características de clima árido no norte da Bahia pela primeira vez, apontando para a influência do aquecimento global.
Pesquisadores do Inpe e Cemaden revelam características de clima árido no norte da Bahia pela primeira vez, apontando para a influência do aquecimento global.

Um estudo inovador desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) identificou, pela primeira vez no Brasil, características de clima árido na região norte da Bahia. Os pesquisadores, vinculados ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), também observaram um aumento na área com clima semiárido.

A pesquisa revela que, com exceção do Sul e do litoral de Rio de Janeiro e São Paulo, há uma tendência de aumento da aridez em todo o país, relacionada ao aquecimento global. A evapotranspiração, resultante do clima mais quente, é apontada como um fator significativo. A região Sul, no entanto, apresenta uma tendência inversa associada ao aumento das chuvas.

Os resultados, apresentados em uma nota técnica divulgada na terça-feira (14/11/2023), utilizaram uma metodologia internacionalmente reconhecida para calcular o índice de aridez. Esse índice, obtido pela relação entre a precipitação e a evapotranspiração potencial, revelou áreas semiáridas e, pela primeira vez, uma área árida no norte da Bahia. A falta de água nessas regiões críticas pode favorecer queimadas e afetar severamente a agricultura e a pecuária, levando a processos de desertificação a longo prazo.

O diagnóstico realizado pelo Inpe e Cemaden fornecerá subsídios para a Política Nacional de Combate à Desertificação, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente. A análise abrange dados de 1960 a 2020, divididos em períodos de 30 anos, e destaca o aumento de áreas semiáridas, principalmente no Nordeste e norte de Minas Gerais. O último período revelou o surgimento de uma área árida de 5,7 mil quilômetros quadrados no norte da Bahia.

Como se define uma Região Árida

Uma região árida é uma área geográfica caracterizada pela escassez extrema de água, geralmente marcada por condições climáticas áridas ou semiáridas, onde as taxas de evaporação excedem significativamente as precipitações. Nessas regiões, o déficit hídrico é um desafio constante, resultando em solos secos e paisagens muitas vezes desprovidas de vegetação exuberante. O clima árido é frequentemente associado a altas temperaturas diurnas, baixa umidade e uma variabilidade nas chuvas.

Os impactos de uma região árida vão além das questões climáticas, afetando ecossistemas, biodiversidade, atividades agrícolas e, consequentemente, a vida humana. A escassez de água nessas áreas pode levar à desertificação, um processo no qual a degradação do solo e a perda de vegetação transformam a terra em um ambiente semelhante a um deserto.

Adaptar-se a uma região árida exige estratégias específicas, como o uso eficiente da água, práticas agrícolas sustentáveis, e a implementação de tecnologias que minimizem o impacto da escassez hídrica. As regiões áridas, muitas vezes, apresentam paisagens únicas e desafiadoras, destacando a importância do entendimento e manejo cuidadoso desses ambientes para garantir a sustentabilidade e a resiliência diante das mudanças climáticas globais.

Quais as características de uma Região Árida

Uma região árida é caracterizada por uma série de condições climáticas e ambientais específicas, que contribuem para a escassez de água e a dificuldade de manter ecossistemas diversificados. Aqui estão algumas características típicas de uma região árida:

  1. Baixa Precipitação Pluviométrica: Regiões áridas recebem uma quantidade limitada de chuvas ao longo do ano, muitas vezes menos de 250 milímetros anualmente.
  2. Alta Taxa de Evaporação: As altas temperaturas frequentes nessas regiões levam a uma rápida evaporação da água do solo, contribuindo para a escassez hídrica.
  3. Amplitude Térmica Elevada: Variações extremas de temperatura entre o dia e a noite são comuns, com dias quentes e noites frias.
  4. Solo Seco e Pobre em Nutrientes: A evaporação intensa pode deixar o solo seco e carente de nutrientes, dificultando o cultivo de plantas.
  5. Vegetação Esparsa: A falta de água limita o crescimento de vegetação, resultando em paisagens áridas e muitas vezes desérticas.
  6. Pouca Biodiversidade: Devido às condições adversas, a diversidade de espécies é geralmente limitada, com adaptações especializadas à escassez de água.
  7. Desafios para a Agricultura: A agricultura nessas regiões é desafiadora devido à falta de água, exigindo práticas agrícolas adaptadas à escassez hídrica, como a irrigação eficiente.
  8. Presença de Dunas de Areia: Em algumas regiões áridas, dunas de areia podem ser comuns, formadas pela ação do vento sobre solos secos.
  9. Rios Temporários: Muitas vezes, os rios nessas áreas são sazonais, fluindo apenas durante períodos de chuva intensa.
  10. Desafios para a Vida Humana: A escassez de água torna a vida humana difícil, requerendo estratégias de gestão de recursos hídricos e adaptações específicas.

Compreender essas características é crucial para desenvolver estratégias de conservação e uso sustentável em regiões áridas, especialmente em face das mudanças climáticas e do aumento da pressão sobre os recursos hídricos.

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Sobre Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia 10244 artigos
Carlos Augusto é Mestre em Ciências Sociais, na área de concentração da cultura, desigualdades e desenvolvimento, através do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Ensino Superior da Cidade de Feira de Santana (FAESF/UNEF) e Ex-aluno Especial do Programa de Doutorado em Sociologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atua como jornalista e cientista social, é filiado à Federação Internacional de Jornalistas (FIJ, Reg. Nº 14.405), Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ, Reg. Nº 4.518) e a Associação Bahiana de Imprensa (ABI Bahia), dirige e edita o Jornal Grande Bahia (JGB), além de atuar como venerável mestre da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Maçônica ∴ Cavaleiros de York.

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