
Reportagem da Folha de S.Paulo revela que, em um movimento estratégico visando as eleições municipais de 2024, o Partido dos Trabalhadores (PT) abriu as portas da legenda para novos filiados, impulsionado pelo favorável efeito do Governo Lula. O partido registrou crescimento significativo, atraindo inclusive prefeitos de legendas adversárias, como o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em Feira de Santana, o deputado federal José Cerqueira Neto (Zé Neto), pré-candidato a prefeito, aderiu ao movimento e passou a convidar eleitores a se filiarem a legenda trabalhista. O convite foi postado nas redes sociais da internet e o político agrega a imagem dele ao do presidente Lula e do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, expoentes lideranças do trabalhismo nacional e estadual.
Prefeitos aderem ao PT
Impulsionado pela vitória de Lula nas eleições presidenciais do ano passado, o PT ganhou 51 novos prefeitos por meio de migração partidária, de acordo com dados dos 26 diretórios estaduais. Esse crescimento levou a legenda de 183 prefeitos eleitos em 2020 para os atuais 234 gestores municipais.
O ressurgimento do PT contrasta com o cenário adverso de 2020, quando o partido teve seu pior desempenho desde 1996, saindo das urnas com apenas 183 prefeitos. O ápice do partido em eleições municipais ocorreu em 2012, sob a presidência de Dilma Rousseff, quando conquistou 644 prefeituras.
O avanço recente do PT foi especialmente notável nos estados de Piauí, Ceará e Bahia, todos sob comando de governadores petistas. No entanto, houve também filiações pontuais em outros estados, como Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Maranhão e Mato Grosso do Sul.
A tendência é que o número de prefeitos petistas continue a crescer até abril de 2024, prazo máximo para novas filiações dos políticos que concorrerão às eleições. O cientista político Vitor Sandes, professor da Universidade Federal do Piauí, destaca que, ao contrário dos cargos proporcionais, os prefeitos têm a liberdade de migrar a qualquer momento, sem punições, o que tem facilitado o movimento.
O maior salto em número de prefeituras ocorreu no Piauí, estado governado pelo PT pela quinta vez, mas que estava na oposição ao governo Bolsonaro. João de Deus Sousa, presidente estadual da legenda, destaca a disputa pela marca do PT, especialmente em municípios onde dois grupos antagônicos solicitaram filiação ao partido.
Bahia apresenta crescimento
Na Bahia, maior estado comandado pelo PT, a legenda filiou 10 novos prefeitos desde a vitória do governador Jerônimo Rodrigues no ano passado, aumentando de 32 para 42 gestores municipais. O presidente estadual do PT, Éden Valadares, afirma que a procura aumentou após as vitórias de Jerônimo e Lula, mas ressalta que a filiação segue critérios específicos, incluindo o apoio a candidatos do partido em 2026 e a rejeição a nomes que apoiaram Bolsonaro nas eleições passadas.
Mesmo em redutos bolsonaristas, como Santa Catarina, o PT vislumbra um cenário otimista, mantendo os 12 prefeitos, ampliando diretórios e planejando multiplicar as candidaturas para o próximo ano.
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