
Em meio a uma aguda crise econômica, os eleitores argentinos escolheram a ruptura neste domingo (19/11/2023), optando por uma figura com pouca experiência política que se apresentou como um outsider. O ultraliberal populista Javier Milei, líder da coalizão A Liberdade Avança, conquistou a Presidência na disputa do segundo turno, marcando uma reviravolta profunda no cenário político do país.
O Cenário da Vitória
Com 98,93% das urnas apuradas, Milei obteve 55,72% dos votos, enquanto o candidato governista Sergio Massa alcançou 44,27%. A expressiva diferença contrariou as pesquisas anteriores e reflete o descontentamento da população com a crise e a inflação fora de controle.
Discurso da Mudança
“Hoje começa a reconstrução da Argentina”, afirmou Milei em seu primeiro discurso após o resultado. O presidente eleito prometeu o fim do modelo empobrecedor do Estado onipresente. No entanto, Milei enfrentará desafios significativos, incluindo uma economia combalida e a falta de maioria no Congresso.
Desafios e Incertezas
A Argentina, terceira maior economia da América Latina, encontra-se em uma crise econômica de longa data, com inflação anual de 142%. A falta de consenso no Congresso pode dificultar a aprovação de medidas do programa “anarcocapitalista” de Milei, lançando dúvidas sobre o futuro dos subsídios sociais e as relações com o Brasil e o Mercosul.
O Caminho de Milei
Em sua campanha, Milei adotou um discurso antissistema, atacando a classe política tradicional, especialmente o peronismo. Suas propostas incluíam a redução drástica do Estado e a dolarização total da economia. No segundo turno, moderou seu tom e obteve apoio de conservadores tradicionais.
Sombras sobre a Democracia
Entretanto, Milei despertou preocupações não apenas por suas propostas econômicas radicais, mas também por associações a apologistas da última ditadura militar. Críticos alertam para riscos à democracia argentina e questionam seu comprometimento com o sistema.
Repercussão no Brasil
A vitória de Milei gera reações diversas no Brasil. Enquanto Lula parabeniza as instituições argentinas, membros da extrema-direita, incluindo Bolsonaro, celebram. As relações entre os dois países e o futuro do Mercosul permanecem incertos diante da mudança política.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, enviou votos de “boa sorte” e “êxito” ao novo governo argentino em uma mensagem divulgada neste domingo (19/11). No entanto, notavelmente, Lula optou por não mencionar diretamente o presidente eleito, Javier Milei, conhecido por suas posições ultraliberais. A eleição de Milei, que derrotou o governista Sergio Massa, provocou diversas reações, com Bolsonaristas celebrando a vitória, enquanto líderes de outros países latino-americanos expressaram preocupações e, em alguns casos, manifestaram disposição para colaborar.
Na mensagem compartilhada na rede social X, Lula desejou sucesso ao novo governo argentino, enfatizando o respeito do Brasil pelo país vizinho. No entanto, evitou fazer referências diretas a Javier Milei, cuja campanha incluiu críticas à agenda do Mercosul, gerando apreensão no governo brasileiro.
Enquanto isso, Bolsonaristas comemoraram a vitória de Milei, e o ex-presidente Jair Bolsonaro expressou a esperança de que “bons ventos alcancem os Estados Unidos e o Brasil”.
Repercussão na América Latina
A vitória de Milei também reverberou na América Latina. O presidente colombiano, Gustavo Petro, lamentou a vitória da “extrema-direita” na Argentina, enquanto o presidente chileno, Gabriel Boric, manifestou disposição para colaborar com o novo governo. O governo peruano enviou calorosas felicitações a Milei, destacando a “vocação democrática” do povo argentino. O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, também felicitou Milei e expressou o desejo de fortalecer as relações bilaterais.
Conclusão: Desafios e Expectativas
Milei assume a Presidência em um momento crucial, enfrentando desafios econômicos e políticos. A incerteza paira sobre o futuro da Argentina, enquanto o novo líder busca implementar suas propostas em um cenário de divisões políticas e expectativas divergentes.
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