Ministro Alexandre de Moraes proibido de viajar? | Por Luiz Holanda

Ministro Alexandre de Moraes.
Ministro Alexandre de Moraes pode ser barrado nos EUA por censura.

Pelo menos para os Estados Unidos isso pode acontecer. Dois parlamentares do Partido Republicano apresentaram um projeto de lei barrando a entrada de autoridades estrangeiras nos Estados Unidos que promovam censura contra cidadãos americanos, impedido o acesso irrestrito à liberdade de expressão enquanto eles estejam nos Estados Unidos. A proposta teria como um dos alvos o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que determinara a suspensão do X no Brasil. Para eles, a decisão do magistrado seria uma violação dos direitos do bilionário Elon Musk.

Dono do X em todo o mundo e de outras empresas, como a Starlink e a SpaceX, Musk nasceu na África do Sul, mas se tornou cidadão canadense na juventude e hoje tem cidadania americana. De acordo com um dos representantes do projeto, “os agentes da censura não são bem-vindos na terra da liberdade, os Estados Unidos”. O projeto serviria como um “aviso” para autoridades estrangeiras que tomarem decisões contra americanos. A Austrália também estaria envolvida, pois está prestes a adotar uma espécie de censura prévia como fez o Brasil por determinação do ministro Alexandre de Moraes.

Segundo o deputado Darrel Issa, “Todos nós estamos cientes do abuso de poder por parte do Supremo Tribunal Federal no Brasil, que está atacando Elon Musk e bloqueando o acesso ao X, uma empresa americana de capital fechado. Mas os direitos de liberdade de expressão dos americanos também estão sob ataque em todo o mundo, e em muitos países que talvez não esperássemos”.

A outra congressista é Maria Elvira Salazar, para quem “o juiz da Suprema Corte do Brasil, Alexandre de Moraes, é a vanguarda de um ataque internacional à liberdade de expressão contra cidadãos americanos como Elon Musk. A liberdade de expressão é um direito natural e inalienável que não conhece fronteiras. Os aplicadores da censura não são bem-vindos na terra dos livres, os Estados Unidos”.

Mesmo que o projeto não se refira, especificamente, ao ministro Alexandre de Moraes, se for aprovado vai atingi-lo, pois impede a entrada de “qualquer estrangeiro que, enquanto servindo como funcionário de governo estrangeiro, foi responsável ou executou diretamente, a qualquer momento, qualquer ato contra um cidadão dos Estados Unidos localizado nos Estados Unidos”, ou seja, em violação à Primeira Emenda da Constituição americana que trata, entre outros assuntos, do direito à liberdade de expressão:

“Estamos todos cientes do abuso de poder pelo Supremo Tribunal no Brasil que está mirando Elon Musk e bloqueando o acesso ao X, uma empresa americana privada. Mas os direitos de liberdade de expressão dos americanos também estão sob ataque em todo o mundo, e em muitas nações que não esperávamos”, disse Darrel Issa, acrescentando, em seguida, que “Com o No Censors on Our Shores Act, autoridades governamentais estrangeiras serão notificadas: neguem aos nossos cidadãos seus direitos da Primeira Emenda, e este país negará a vocês a entrada na América ou mostrará a porta”.

A Primeira Emenda da Constituição Americana surgiu com o objetivo de proteger quatro direitos considerados fundamentais: a liberdade religiosa, a liberdade de expressão e de imprensa, a livre associação pacífica e o direito de peticionar visando reparar agravos. Lá, a necessidade de se  preservar a liberdade de expressão é histórica. Nenhum juiz da Suprema Corte americana, principalmente em decisão individual, pode censurar ou impedir a liberdade de expressão. Por mais odioso que seja o pensamento expresso, o direito à liberdade de expressão é reconhecido e respeitado, e um exemplo disso é a permissão do uso de símbolos e bandeiras nazistas no país.

Em 1971, a Suprema Corte, contrariando o governo do presidente Nixon, permitiu que os jornais New York Times e Washington Post publicassem matérias contendo dados de documentos governamentais secretos. Nesse caso, a Corte protegeu a liberdade de imprensa acima do interesse da própria Administração Pública. Vários casos demonstram como o direito à liberdade de expressão é um direito preponderante nos EUA, mais do que em qualquer outro país. E esse direito, ao longo dos anos, foi reafirmado através da Declaração de Direitos Humanos em vários países, principalmente nos Estados Unidos, que, segundo os autores do projeto, é a terra dos livres.

*Luiz Holanda, advogado e professor universitário.


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