O Estado Brasileiro é grande e ineficiente: Como mudar essa realidade; Confira o que diz o economista Paulo Casaca

O Estado Brasileiro é grande e ineficiente.

O Brasil enfrenta um desafio persistente e estrutural: um Estado grande, ineficiente e que não oferece serviços públicos à altura das expectativas dos cidadãos. Com uma carga tributária que consome cerca de 33% do Produto Interno Bruto (PIB), equivalente à de países desenvolvidos como Alemanha, Inglaterra e Austrália, o retorno em termos de serviços públicos é alarmantemente inferior. Enquanto essas nações estão no topo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Brasil se encontra na 79ª posição, demonstrando a disparidade entre a arrecadação e a qualidade dos serviços oferecidos.

Essa questão é analisada em profundidade por Paulo Casaca, economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em seu artigo intitulado O Estado Brasileiro é Grande e Ineficiente. Como Mudar Essa Realidade?, publicado em 23 de junho de 2023 no site do Governo Federal do Brasil. Casaca argumenta que a ineficiência não é apenas uma questão de gestão, mas também de uma estrutura que precisa de reformas urgentes e profundas.

Um Cenário Preocupante

Casaca destaca que, além da má gestão dos recursos públicos, o governo tem gasto mais do que arrecada nos últimos anos, levando a um aumento preocupante da Dívida Pública Federal no Brasil.

“Se nada for feito, a situação fiscal do país pode se deteriorar ainda mais. A partir de 2021, sem uma reforma da Previdência, os gastos obrigatórios do governo consumirão todo o orçamento público, deixando pouco ou nenhum espaço para investimentos em áreas essenciais como educação, saúde e infraestrutura”, alerta o economista.

A necessidade de reformar a Previdência é, segundo Casaca, “prioridade zero”. Ele propõe que se eleve a idade mínima para aposentadoria e que se unifiquem as regras entre trabalhadores dos setores privado e público. Essa medida é vista como fundamental para garantir a sustentabilidade das contas públicas e permitir que o Estado volte a ter capacidade de investimento em áreas essenciais para o desenvolvimento do país.

Simplificação Tributária como Caminho para a Eficiência

Outro ponto crucial abordado por Casaca é a complexidade do sistema tributário brasileiro. O economista aponta que, em média, são necessárias 2.600 horas para que as empresas no Brasil apurem e paguem seus impostos, um número que contrasta fortemente com a média mundial de 267 horas.

“A criação de um Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) com alíquota única, sem cumulatividade, isentando exportações e bens de investimento, simplificaria substancialmente o sistema tributário, unificando diversos tributos como PIS, Cofins, IPI, ISS e ICMS”, defende Casaca.

A simplificação tributária não apenas facilitaria o cumprimento das obrigações fiscais pelas empresas, mas também aumentaria a transparência e a previsibilidade do sistema, elementos essenciais para a melhoria do ambiente de negócios no país.

“Menos tempo gasto com burocracia significa mais tempo e recursos para as empresas investirem em inovação e crescimento, impulsionando a economia como um todo”, argumenta o economista.

A Urgência das Reformas

Para Casaca, o momento de agir é agora. O Brasil precisa enfrentar suas ineficiências estruturais e construir um novo caminho rumo ao desenvolvimento e à prosperidade.

“Temos um Estado grande, ineficiente e que privilegia determinados segmentos da sociedade em detrimento de outros. A desigualdade e a injustiça são enormes. As regras que regem esse Estado precisam ser reformadas agora para que possamos trilhar um caminho de desenvolvimento e prosperidade”, conclui.

A análise de Casaca traz à tona questões fundamentais sobre a estrutura e o funcionamento do Estado brasileiro, enfatizando que mudanças profundas são necessárias para transformar o cenário atual. Com uma abordagem técnica e pragmática, ele oferece uma visão de como o Brasil pode, finalmente, alinhar a arrecadação tributária com um retorno eficiente e justo para toda a população.

O IDH indica ineficiência do Estado brasileiro, segundo Jornal Folha de S.Paulo

O editorial da Folha de S.Paulo, publicado em 25 de maio de 2024, destaca a ineficiência do Estado brasileiro, evidenciada pelo contraste entre a alta carga tributária e o baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. Em 2022, o Brasil arrecadou 32,4% do PIB em impostos, um valor elevado comparado a economias ricas, mas o IDH brasileiro, de 0,76, é o mais baixo entre os 30 países com maior carga tributária.

O editorial aponta que a alta carga tributária é acompanhada por uma administração pública ineficaz, com gastos elevados e mal distribuídos. Benefícios sociais consomem 16,5% do PIB, mas a Previdência não atende adequadamente os mais necessitados. Outros 10,8% do PIB são destinados a remunerações de servidores públicos, com parte significativa para a elite, e 5,5% vão para despesas de custeio, limitando investimentos em infraestrutura.

A crítica se concentra na regressividade do sistema tributário, que onera desproporcionalmente os mais pobres e favorece setores influentes com regras especiais. Apesar da elevada carga de impostos, o impacto no bem-estar social é baixo, em parte devido à estagnação da produtividade. A reforma tributária nacional, que começou recentemente, precisa ser acompanhada de uma revisão contínua das despesas para melhorar a eficiência e a justiça social.

Projeção para o Orçamento 2025 da União

O Governo Lula apresentou em agosto de 2029 ao Congresso Nacional a proposta orçamentária para 2025 (PLN 26/24), que prevê um salário mínimo de R$ 1.509, representando um aumento de 6,87% em relação ao atual valor de R$ 1.412. Esse aumento ainda depende da variação anual do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) até novembro e do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023, que foi de 2,91%.

orçamento total estimado para 2025 é de R$ 5,87 trilhões, com despesas previstas de R$ 2,93 trilhões e meta de déficit fiscal zero, igual à meta deste ano. O projeto considera um aumento real de receitas de 5,78% e limita o crescimento real das despesas em 2,50%, usando uma variação anualizada do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,23% até junho como base para calcular o limite de despesas, conforme o novo arcabouço fiscal.

Principais despesas previstas para 2025:

  • Ministério da Saúde: R$ 241,6 bilhões
  • Ministério da Educação: R$ 200,5 bilhões
  • Piso de investimento: R$ 74,3 bilhões
  • Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC): R$ 60,9 bilhões
  • Despesas obrigatórias: R$ 2,71 trilhões
  • Benefícios da Previdência: R$ 1,01 trilhão
  • Pessoal e encargos: R$ 416,2 bilhões
  • Bolsa Família: R$ 167,2 bilhões
  • Transferências por Repartição de Receita: R$ 558,7 bilhões
  • Despesas discricionárias: R$ 229,9 bilhões
  • Reserva para emendas parlamentares impositivas: R$ 38,9 bilhões

Cenário econômico para 2025:

  • Crescimento econômico: 2,64%
  • Inflação: 3,3%
  • Taxa de juros básica: Redução do atual patamar de 10,50% ao ano para 9,61%
  • Cotação do dólar: Estimativa de R$ 5,19 como média anual

A proposta orçamentária será analisada pela Comissão Mista de Orçamento e, em seguida, votada no Plenário do Congresso Nacional.

Os dados da análise

1. Carga Tributária e Desenvolvimento Humano

  • Carga Tributária Elevada: Em 2022, a arrecadação tributária brasileira atingiu 32,4% do PIB, colocando o país na 24ª posição entre os países com maior carga de impostos. A lista é liderada pela Noruega, com 44,3%.
  • IDH Baixo: O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil é de 0,76, o menor entre os 30 países com maior carga tributária. O IDH é uma medida que leva em conta a renda per capita, educação e longevidade. O Brasil é o único país dessa lista com um IDH abaixo do patamar de “alto desenvolvimento” (0,80).

2. Discrepância entre Carga Tributária e Bem-Estar

  • Ineficiência do Poder Público: A diferença entre a alta carga tributária e o baixo IDH indica ineficiência na utilização dos recursos públicos no Brasil. Embora os impostos sejam altos, o retorno em termos de bem-estar e desenvolvimento é baixo, evidenciando falhas na gestão pública.
  • Tributação Regressiva e Mal Distribuída: A estrutura tributária brasileira é regressiva, penalizando o consumo, o que afeta principalmente os mais pobres. Enquanto isso, setores influentes da sociedade desfrutam de benefícios fiscais e regras especiais, contribuindo para a desigualdade social.

3. Gastos Públicos

  • Alto Nível de Gastos: Os gastos públicos no Brasil são elevados em comparação com padrões internacionais, representando um total de 32,8% do PIB. No entanto, esses gastos não se traduzem em melhorias significativas no bem-estar da população, especialmente em um contexto de baixa produtividade.
  • Distribuição dos Gastos:
    • Benefícios Sociais: Representam 16,5% do PIB, abrangendo aposentadorias, Bolsa Família, abono salarial, seguro-desemprego, entre outros. A maior parte desses recursos é destinada à Previdência, que, no entanto, não foca nos mais necessitados.
    • Remunerações de Servidores Públicos: Consomem 10,8% do PIB, com uma parte significativa destinada a setores da elite do funcionalismo.
    • Despesas de Custeio: Somam 5,5% do PIB, deixando pouco espaço para investimentos em infraestrutura e outros setores que poderiam aumentar o potencial econômico do país.

4. Necessidade de Reformas

  • Reforma Tributária e Revisão de Despesas: O artigo aponta que a reforma da tributação nacional finalmente começou, mas destaca a necessidade de um trabalho contínuo de revisão das despesas para melhorar a eficiência do gasto público e alinhar a carga tributária com os resultados em termos de desenvolvimento humano.

A análise revela uma crítica incisiva à gestão pública brasileira, destacando a necessidade de reformas estruturais para melhorar a eficiência dos gastos e combater as desigualdades no sistema tributário.

Leia +

O conceito sobre a Dívida Pública Federal no Brasil

Orçamento 2024 da União é estimado R$ 5,5 trilhões e maior parte será destinado ao refinanciamento da dívida pública

Estado Brasileiro concentra Renda e amplia a desigualdade; Mais ricos se apropriam de parte significativa do crescimento econômico do país 

O papel do Estado na desigualdade social brasileira; Análise profunda é apresentada pelos sociólogos Marcelo Medeiros e Pedro Souza

Pobreza intertemporal no Brasil representa fator expressivo na desigualdade social, revela estudo do IPEA

Editorial: Banco Central independente favorece rentismo e contribui para a Desigualdade Estrutural do país, ao promover uma das maiores taxas de juros do mundo


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.