Presidente eleito Donald Trump retoma comando dos EUA com estilo direto e sem filtros; Apoio de Elon Musk foi fundamental 

Instintos políticos e foco em temas econômicos foram centrais para retorno de Donald Trump, que derrotou Kamala Harris com estratégia calcada na insatisfação dos eleitores com a economia.
Instintos políticos e foco em temas econômicos foram centrais para retorno de Donald Trump, que derrotou Kamala Harris com estratégia calcada na insatisfação dos eleitores com a economia.

Donald Trump, em sua terceira campanha presidencial, demonstrou novamente um estilo de campanha que desafiou tanto as normas políticas quanto os conselhos de seus aliados. Durante os meses finais da corrida à Casa Branca, Trump ignorou repetidamente sugestões para que se mantivesse focado em temas econômicos e na imigração, temas em que ele superava a candidata democrata Kamala Harris, que ascendeu à liderança democrata após a renúncia do presidente Biden. No entanto, ao vencer nesta quarta-feira (06/11/2024) com 279 votos no colégio eleitoral, Trump reafirmou a validade de sua abordagem imprevisível, marcando seu retorno como o primeiro ex-presidente em mais de um século a retomar o cargo após deixar a presidência.

A campanha, marcada por discursos que misturavam retórica anti-imigrante e ataques pessoais, desafiou as expectativas. Segundo relatos de mais de 20 conselheiros e doadores republicanos ouvidos pela Reuters, a estratégia foi deliberadamente menos caótica do que em campanhas anteriores, mas preservou o estilo direto e instintivo de Trump, elemento que foi fundamental para captar o descontentamento popular. Scott Bessent, doador e conselheiro econômico de Trump, relatou que o ex-presidente frequentemente abandonava roteiros preparados para mergulhar em temas de imigração e segurança, menosprezando sugestões de moderação. “Eu tenho que fazer do meu jeito”, afirmou Trump, após um comício no estado da Carolina do Norte.

Apoio estratégico e uso da plataforma X impulsionaram a candidatura

Uma das alianças de peso foi com o bilionário Elon Musk, que destinou US$ 119 milhões à campanha de Trump nos sete estados decisivos. A propriedade da plataforma X (antigo Twitter) por Musk ofereceu um canal de comunicação poderoso, permitindo que informações direcionadas e, muitas vezes, mensagens falsas sobre crimes de migrantes fossem amplamente difundidas. Essa comunicação direta e rápida reforçou o apelo de Trump, especialmente entre eleitores com preocupações sobre segurança pública e imigração, temas nos quais a confiança do eleitorado em Harris era menor.

A redução do tempo de campanha de Harris, resultante da ascensão inesperada na chapa democrata, foi outro fator que beneficiou Trump. A estratégia de marketing reduzida limitou o espaço para ataques diretos contra o ex-presidente, e o clima econômico adverso do país, com inflação alta, favoreceu o candidato republicano. Embora a inflação tenha começado a cair em 2024, o impacto não foi suficientemente rápido para acalmar o descontentamento popular. Comparativamente, os preços cresceram 17,6% durante os 35 primeiros meses de Biden, quase o triplo do aumento de 6,2% durante o mesmo período do primeiro governo Trump, segundo dados do Bureau of Labor Statistics.

Perspectivas e implicações para o cenário político dos EUA

O retorno de Trump à Casa Branca marca a consolidação de sua estratégia política centrada no carisma pessoal e em temas de grande apelo popular. Ele manteve foco em temas econômicos e questões de segurança, ampliando sua influência sobre eleitores insatisfeitos com a gestão democrata. A operação coesa, apoiada por profissionais experientes, e a cooperação com figuras influentes, como Musk, foram fatores que contribuíram para reestruturar a campanha, focando em evitar os excessos que marcaram as campanhas anteriores. No entanto, as declarações polarizadoras e o estilo assertivo continuam sendo componentes essenciais de seu modelo de comunicação com o eleitorado.

Com essa vitória, a trajetória política de Trump sugere um caminho de maior polarização na política norte-americana, onde o estilo confrontador e a atenção a temas populistas tendem a fortalecer a base republicana. Sua gestão e abordagem na política de agora em diante serão observadas com atenção, pois podem redefinir não apenas a liderança republicana, mas também a abordagem da oposição no cenário político nacional.


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