Presidente do TJBA promove juíza de Formosa do Rio Preto para Comarca de Salvador; CNJ determinou apuração da atuação da magistrada

Juíza Tônia Barouche deixa Formosa do Rio Preto para assumir funções na capital. A promoção ocorre em meio a investigações do CNJ sobre disputas fundiárias no Oeste baiano.
Juíza Tônia Barouche deixa Formosa do Rio Preto para assumir funções na capital. A promoção ocorre em meio a investigações do CNJ sobre disputas fundiárias no Oeste baiano.

A desembargadora Cynthia Maria Pina Resende, presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), promoveu a juíza Tônia de Oliveira Barouche, da Comarca de Formosa do Rio Preto, para atuar na capital. O decreto judiciário nº 921, publicado em 2 de dezembro de 2024, determinou sua transferência para a 10ª Vara da Família, em Salvador. A magistrada assumirá, posteriormente, o cargo de Juíza Auxiliar do TJBA, com efeitos a partir de 15 de dezembro, até nova decisão administrativa.

A promoção ocorre após a magistrada Tônia Barouche, de Formosa do Rio Preto, decidir não cumprir ordem do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que determinava a reintegração de posse de parte das terras da antiga Fazenda São José em 24 horas, reivindicadas por Dirceu Di Domenico. O imóvel está localizado em uma região marcada por disputas fundiárias relacionadas ao Caso Faroeste.

Baseando-se no Código de Ética da Magistratura e na independência funcional, a juíza suspendeu o processo, argumentando cautela diante de possíveis conflitos judiciais e a necessidade de decisões consistentes.

Ocorre que, após Reclamação Disciplinar, o corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Luiz Campbell Marques, arquivou no CNJ a reclamação disciplinar contra a juíza Tônia de Oliveira Barouche, determinando a continuidade da apuração pela Corregedoria-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA). A magistrada, que atuou em casos ligados à Operação Faroeste, é acusada de decidir com base em documentos ausentes nos autos e de não investigar o desaparecimento de processos judiciais. A denúncia foi feita pelo advogado Domingos Bispo, envolvendo disputas fundiárias na Fazenda São José. O corregedor ressaltou que as corregedorias locais possuem maior proximidade para conduzir investigações e que o resultado deverá ser informado ao CNJ.

A determinação original do CNJ está ligada a disputas fundiárias no Caso Faroeste e visa garantir conformidade processual em área sensível a conflitos agrários.

Trajetória em Formosa do Rio Preto

A juíza Tônia Barouche iniciou sua atuação na Comarca de Formosa do Rio Preto em 8 de janeiro de 2024. Designada para a Vara de Jurisdição Plena, desempenhou suas funções ao lado da juíza substituta Lóren Teresinha Campezatto.

A passagem da magistrada pela região é considerada breve, porém marcada por dedicação que foram constatas, inclusive no CNJ. A partir de dezembro de 2024, o município passa por novas mudanças no quadro de juízes, com a chegada de magistrados transferidos da Comarca de Barreiras.

Breve atuação de Lóren Campezatto

A juíza Lóren Campezatto, que compartilhou a jurisdição com Tônia, teve sua designação revogada em junho de 2024, conforme o decreto nº 480, publicado em 11 de junho. A magistrada retornou à sua comarca de origem após poucos meses de atuação em Formosa do Rio Preto, deixando a responsabilidade da Vara de Jurisdição Plena exclusivamente para sua colega até então.

Novas designações na Comarca

O decreto nº 921 também definiu mudanças nos magistrados que assumirão a Comarca de Formosa do Rio Preto. Ricardo Costa e Silva, atualmente na Vara da Infância e Juventude da Comarca de Barreiras, terá exercício na comarca a partir de 4 de dezembro de 2024. Outros magistrados, como Oclei Alves da Silva e Maurício Álvares Barra, também foram designados para funções específicas no município, refletindo o contínuo rodízio promovido pelo TJBA, em situações onde o pleno conhecimento do magistrado sobre os processos e a continuidade da prestação jurisdicional é constantemente interrompida, face as designações precárias de magistrados.

CNJ determina investigação da corregedoria do TJBA

O CNJ determinou que o TJBA investigue procedimentos judiciais e cartoriais em Formosa do Rio Preto e Santa Rita de Cássia, no contexto do Caso Faroeste. A decisão, publicada em 24 de outubro de 2024 no Diário Oficial de Justiça, foi fundamentada em um Pedido de Providências motivado por denúncias de irregularidades nos cartórios dessas localidades. A reclamação disciplinar, apresentada por Domingos Bispo, aponta alegações de corrupção, usucapião e violação de normas judiciais relacionadas à Fazenda São José, localizada no Oeste baiano. O documento acusa delegatários e conselheiros de comprometerem a legalidade dos atos judiciais e administrativos, com suposta interferência de grupos interessados na área em disputa.

As denúncias incluem tentativas de compra de decisões judiciais, desaparecimento de processos físicos e anulações questionáveis de matrículas cartoriais. O reclamante aponta também ingerências anteriores da ex-conselheira do CNJ, Maria Tereza Uille, e a defesa de interesses privados por serventuários. Apesar de o CNJ ter legitimidade para rever atos administrativos, a complexidade do caso levou à judicialização em busca de anulação de inventários considerados fraudulentos. O Caso Faroeste continua a evidenciar um cenário de possíveis delitos penais e irregularidades no Judiciário baiano, reforçando a necessidade de uma apuração rigorosa e transparente.

A reclamação disciplinar de Domingos Bispo, registrada sob o número 0005377-39.2024.2.00.0000, foi analisada pelo ministro Mauro Luiz Campbell Marques, corregedor nacional de Justiça.

Leia +

O que decidiu o corregedor nacional de Justiça ao analisar PAD contra a juíza Tônia de Oliveira Barouche; Magistrada atuou em casos de conflito fundiário da Operação Faroeste

O que diz o corregedor nacional de Justiça ao determinar que TJBA apure denúncia de Domingos Bispo sobre registro imobiliário em conflito fundiário do Caso Faroeste

Exclusiva: Juíza de Formosa do Rio Preto justifica independência e não cumpre decisão de conselheiro do CNJ e do corregedor nacional de Justiça do CNJ

Exclusivo: CNJ determina que TJBA apure procedimentos judiciais e cartoriais em Formosa do Rio Preto e Santa Rita de Cássia; Investigação da Corregedoria ocorre no contexto do Caso Faroeste

Corregedor Nacional de Justiça determina investigação interna no CNJ sobre desaparecimento do LIODS, documento que analisa matrículas cartoriais em Formosa do Rio Preto e Santa Rita de Cássia


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.