Quinta-feira, 24/04/2025 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou a nomeação de Frederico de Siqueira Filho para o comando do Ministério das Comunicações, em substituição a Juscelino Filho, exonerado após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por supostos desvios em emendas parlamentares.
A escolha de Siqueira Filho — então presidente da Telebras — representa uma saída técnica e negociada, mediada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), diante do impasse com a bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados.
Impasse político e recusa de Pedro Lucas antecederam a nomeação
A nomeação de Frederico Siqueira ocorreu após a recusa do deputado Pedro Lucas Fernandes (União-MA), que alegou que contribuiria mais como líder do partido na Câmara. O recuo de Pedro Lucas foi interpretado pelo Planalto como um gesto de autonomia da bancada da Câmara frente às articulações conduzidas por Alcolumbre, o que gerou tensão interna na legenda.
Aliados de Lula entenderam o gesto como um enfraquecimento da interlocução do governo com o União Brasil na Câmara, o que levou o presidente a consolidar seu apoio no Senado por meio de Alcolumbre, fortalecendo a indicação de um nome técnico e externo às disputas parlamentares diretas.
Perfil técnico e trajetória de Frederico de Siqueira Filho
Frederico de Siqueira Filho é engenheiro civil pela Universidade de Pernambuco e acumula mais de 26 anos de experiência no setor de telecomunicações, com passagens de liderança em áreas operacionais, regulatórias e comerciais na empresa Oi, além de seu papel como presidente da Telebras desde maio de 2023. Sua indicação foi sugerida ao presidente do Senado pelo líder do União no Senado, Efraim Filho (PB).
A opção por um nome técnico foi vista como uma forma de preservar a pasta de disputas políticas, além de atender à demanda do governo por eficiência operacional no setor de conectividade e infraestrutura digital.
Divisões no União Brasil e desgaste no modelo de coalizão
A crise interna no União Brasil ficou evidenciada durante a disputa pela sucessão de Juscelino Filho. Deputados da legenda criticaram publicamente a atuação de Alcolumbre, qualificando sua tentativa de emplacar Pedro Lucas como uma “intromissão” que feriu a autonomia da bancada da Câmara.
A legenda, formada pela fusão do DEM com o PSL, vive um processo de reacomodação entre os grupos que a compõem. De um lado, está a direção nacional, liderada por Antonio Rueda e alinhada a figuras como ACM Neto; de outro, os parlamentares que se mostram cada vez mais distantes do Executivo e discutem o lançamento de candidatura própria em 2026.
Aposta de Lula em Alcolumbre para garantir governabilidade
A nomeação de Frederico sela uma nova etapa da relação do Planalto com o Congresso. Lula busca fortalecer laços com o Senado, diante das dificuldades em garantir fidelidade da base na Câmara. Segundo fontes do governo, a influência de Alcolumbre na distribuição de cargos estratégicos — como o Ministério da Integração e órgãos como Sudam, Sebrae-AP e Codevasf — consolidaria uma base de sustentação alternativa no Legislativo.
Auxiliares do Planalto indicam que a nomeação representa um reforço da linha de interlocução com o Senado, mesmo diante da percepção de que o apoio na Câmara segue fragmentado.
Críticas à estratégia de governabilidade baseada em cargos
Integrantes do União Brasil e parlamentares de outras siglas do centro criticaram o modelo de coalizão vigente, baseado na ocupação de ministérios. O entendimento crescente é de que a governabilidade depende cada vez mais da liberação de emendas parlamentares, sobretudo impositivas, cuja execução depende do calendário e da vontade do Executivo.
Deputados como Pauderney Avelino (AM) e Alfredo Gaspar (AL) veem o episódio como reflexo de uma desorganização tanto do governo quanto do partido. Para Gaspar, “o clima é de fim de festa, sem rumo”.
Áreas sob influência de Alcolumbre no governo federal
Alcolumbre ampliou sua influência em diferentes órgãos e pastas, conforme demonstram as seguintes nomeações:
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Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional: Waldez Góes, aliado de Alcolumbre, ocupa o posto;
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Sudam: Aharon Alcolumbre, primo do senador, é diretor;
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Sebrae-AP: comandado por Josiel Alcolumbre, irmão do parlamentar;
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Codevasf/AP: sob controle de Rogério Maia Cardoso, aliado político;
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Ebserh/AP: Max Alcolumbre Pinto, outro primo do senador, chefia a divisão regional.
Além disso, Alcolumbre tenta indicar nomes para agências reguladoras estratégicas, como ANP, Anac e Aneel, embora enfrente resistência do Ministério de Minas e Energia.
Dados Gerais da Nomeação
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Nomeado: Frederico de Siqueira Filho
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Cargo: Ministro das Comunicações
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Data da posse: Quinta-feira, 24/04/2025
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Indicação: Articulada por Davi Alcolumbre, com apoio do líder do União no Senado, Efraim Filho
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Substitui: Juscelino Filho (exonerado após denúncia da PGR)
Perfil do Novo Ministro
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Formação: Engenheiro civil pela Universidade de Pernambuco
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Experiência profissional:
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Mais de 26 anos no setor de telecomunicações
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21 anos na empresa Oi, em áreas de planejamento, operações e regulação
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Presidente da Telebras desde maio de 2023
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Perfil político: Técnico, sem filiação partidária
Cenário Político e Articulação
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Impasse anterior:
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Pedro Lucas Fernandes (União-MA) recusou convite para o ministério
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Recusa gerou desgaste entre União Brasil e Planalto
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Conflito interno no União Brasil:
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Deputados criticam centralização de decisões nas mãos de Alcolumbre
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Denúncias de “intromissão” na autonomia da bancada da Câmara
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Objetivo de Lula: Fortalecer base no Senado diante da instabilidade na Câmara
Influência de Davi Alcolumbre
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Pessoas próximas em cargos federais:
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Waldez Góes: Ministro da Integração (indicado por Alcolumbre, filiado ao PDT)
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Aharon Alcolumbre: Diretor na Sudam
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Josiel Alcolumbre: Presidente do Sebrae-AP
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Max Alcolumbre Pinto: Chefe da Ebserh no Amapá
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Rogério Maia Cardoso: Superintendente da Codevasf no Amapá
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Outras áreas de interesse:
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Agências reguladoras como ANP, Anac e Aneel
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Infraestrutura e energia
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Críticas e Diagnósticos Políticos
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Modelo de governabilidade criticado:
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Enfraquecimento do sistema de troca de cargos por apoio
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Demandas parlamentares giram em torno da liberação de emendas
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Posicionamentos relevantes:
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Pauderney Avelino (AM): “Governo e partido estão desorientados”
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Alfredo Gaspar (AL): “Clima de fim de festa, sem rumo”
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Tendência no União Brasil:
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Distanciamento progressivo do Executivo
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Possibilidade de candidatura própria ou aliança com a oposição em 2026
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Desempenho legislativo
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Apoio do União ao Planalto nas votações na Câmara:
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1º ano de governo: 71%
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2º ano de governo: 67%
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Cenário: Redução da fidelidade, mesmo com presença no ministério
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