PF prende dois por obstrução de Justiça na 6ª Fase da Operação Sisamnes sobre venda de sentenças no STJ

Nova fase da Operação Sisamnes investiga esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e venda de decisões judiciais envolvendo lobistas, advogados e servidores ligados ao STJ.
Polícia Federal deflagra sexta fase da Operação Sisamnes e cumpre mandados autorizados pelo ministro Cristiano Zanin, do STF, em apuração sobre comércio ilícito de decisões judiciais no STJ.

A Polícia Federal (PF) realizou nesta quarta-feira (14/05/2025) a 6ª Fase da Operação Sisamnes, voltada à investigação de um esquema de venda de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A ação teve como foco o cumprimento de dois mandados de prisão preventiva e um de busca e apreensão, todos expedidos pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os dois alvos das prisões estão foragidos, segundo informações divulgadas pela corporação. Um dos investigados é Diego Cavalcante, apontado como operador financeiro do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, acusado de atuar em articulações dentro do STJ. Na terça-feira (13), automóveis vinculados a Cavalcante foram apreendidos em Brasília. Apurações da PF indicam que ele recebeu R$ 6,5 milhões em transferências bancárias de uma empresa ligada a Gonçalves e, em seguida, sacou parte do valor em espécie.

Mandados atingem esquema mais amplo de corrupção e lavagem de dinheiro

A ofensiva desta quarta-feira teve como objetivo coibir atos de obstrução de Justiça cometidos por investigados que, segundo a PF, tentaram embaraçar a execução das medidas judiciais determinadas na terça-feira, durante a quinta fase da operação.

Na ocasião, a PF cumpriu 11 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Mato Grosso e no Distrito Federal, com foco na apuração de crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, evasão de divisas e operação de câmbio clandestino.

O ministro Zanin também determinou o sequestro de bens e valores no total de R$ 20 milhões e a apreensão de passaportes, proibindo os investigados de deixar o país. De acordo com o despacho, há indícios de operações comerciais fictícias e empréstimos simulados utilizados para mascarar a devolução de valores, configurando lavagem de dinheiro.

Rede clandestina monitorava e influenciava decisões no STJ

As investigações revelaram uma rede empresarial e financeira montada para ocultar ligações entre agentes corruptores e servidores públicos corrompidos. As estruturas envolviam empresas de fachada, operadores financeiros e casas de câmbio.

Entre os alvos da ação está Ussiel Tavares, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Mato Grosso. Endereços vinculados a ele foram alvos de buscas. Em nota, Tavares informou que não teve acesso à decisão judicial que fundamentou a medida e que desconhece os motivos da diligência. O advogado declarou ainda seu compromisso com a verdade e disse estar à disposição das autoridades.

STF mantém prisão de lobista apontado como líder do esquema

Na segunda-feira (12), a Primeira Turma do STF decidiu manter a prisão de Andreson Gonçalves, considerado o principal articulador do suposto esquema. Segundo o ministro Zanin, há elementos que indicam que Gonçalves comandava e interferia diretamente na estrutura de venda de decisões judiciais e informações sigilosas. As atividades ilícitas teriam envolvido intermediários, advogados e servidores públicos.

Em março, uma fase anterior da Operação Sisamnes já havia revelado a existência de uma rede clandestina voltada ao vazamento de informações sensíveis do STJ, com o objetivo de favorecer investigados e comprometer operações policiais.

*Com informações dos jornais O Globo e Folha de S.Paulo.

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