EUA sancionam Alexandre de Moraes com base na Lei Global Magnitsky e desmoralizam STF no cenário internacional; Crise diplomática é intensificada

Washington aplica sanções inéditas contra autoridade do STF.
Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é o primeiro brasileiro alvo de sanções sob a Lei Global Magnitsky, em decisão anunciada nesta quarta-feira (30/07/2025) pelo governo dos Estados Unidos.

Os Estados Unidos anunciaram, na quarta-feira (30/07/2025), a imposição de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com base na Lei Global Magnitsky — um dos instrumentos mais severos do arcabouço jurídico norte-americano para punir estrangeiros envolvidos em corrupção ou violações graves de direitos humanos.

A medida foi formalizada pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), do Departamento do Tesouro, e configura um fato inédito: é a primeira vez que um integrante do STF — e, por extensão, uma autoridade brasileira — é submetido às sanções previstas por essa legislação, até então aplicada sobretudo contra magistrados de países com sistemas judiciais subordinados a regimes autoritários.

A decisão gerou ampla repercussão institucional e foi interpretada por analistas internacionais como uma desmoralização simbólica do Supremo Tribunal Federal no cenário global, com efeitos diretos sobre a credibilidade externa da Justiça brasileira.

Especialistas em relações internacionais avaliam que, ao sancionar formalmente um ministro da Suprema Corte, o governo dos Estados Unidos fragiliza a autoridade do STF no plano diplomático, impondo um constrangimento inédito à imagem da instituição e agravando a tensão entre os poderes no Brasil e os interesses estratégicos norte-americanos.

Justificativas e repercussão nos EUA

Em publicação na rede social X (antigo Twitter), o secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que Moraes utilizou seu cargo para “autorizar prisões preventivas arbitrárias e suprimir a liberdade de expressão”. Segundo ele, o ministro lidera uma “campanha opressiva de censura” e atua de forma a “violar direitos humanos”.

Ainda de acordo com o Tesouro americano, Moraes teria atuado politicamente ao conduzir processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, em especial no contexto da tentativa de golpe denunciada pela Procuradoria-Geral da República após as eleições de 2022.

Conexões com Eduardo Bolsonaro e articulações anteriores

A possibilidade de sanções a Moraes foi antecipada em maio pelo secretário de Estado Marco Rubio, atendendo a pedidos do deputado republicano Cory Mills e do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente reside nos Estados Unidos.

Pouco após a sanção ser confirmada, Eduardo publicou um vídeo agradecendo a Trump, a Rubio e demais autoridades americanas pela decisão. Em sua fala, Eduardo afirmou ter a “sensação de missão cumprida”, reiterando sua crítica ao que considera ser uma “tirania judicial” conduzida por Moraes no Brasil.

Contexto de confrontos anteriores e medidas correlatas

A sanção imposta nesta quarta-feira é a quarta medida punitiva adotada por Washington contra o Brasil desde julho de 2025, no contexto do endurecimento do governo Trump contra o tratamento dado a Bolsonaro. Entre os episódios mais recentes:

  • 09/07: Anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.

  • 15/07: Início de investigação sobre práticas comerciais “desleais”.

  • 18/07: Revogação do visto americano de Moraes, seus familiares e aliados.

Além disso, parlamentares brasileiros que estão em missão diplomática nos EUA alertaram para a possibilidade de novas sanções, desta vez com base em uma proposta legislativa que mira países com laços comerciais com a Rússia — o que poderia incluir o Brasil.

Reações internas: solidariedade e polarização

A decisão de sancionar Moraes provocou reações imediatas no Brasil. O ministro do STF Flávio Dino manifestou solidariedade ao colega, enfatizando que ele atua “de forma honesta e conforme a Constituição”. Dino destacou que todas as decisões judiciais do ministro são submetidas ao colegiado da Corte.

Entenda a Lei Global Magnitsky

Criada em 2012 e expandida em 2016, a Lei Global Magnitsky autoriza os EUA a impor sanções unilaterais contra indivíduos estrangeiros envolvidos em corrupção ou graves violações de direitos humanos. As punições incluem:

  • Congelamento de ativos nos EUA

  • Proibição de entrada em território norte-americano

  • Bloqueio de contas bancárias

  • Ato administrativo sem necessidade de processo judicial

As sanções podem ser baseadas em relatórios de ONGs, imprensa internacional e testemunhos públicos. Segundo a legislação, são passíveis de punição autoridades envolvidas em prisões arbitrárias, tortura, execuções extrajudiciais, ou que impeçam o trabalho de jornalistas e defensores de direitos humanos.

A Lei Global Magnitsky já foi utilizada contra autoridades da Rússia, China, Turquia e Nicarágua, mas nunca contra uma autoridade de um país com Judiciário considerado autônomo. A sanção contra Moraes rompe esse padrão histórico, provocando questionamentos sobre a integridade e imparcialidade da atuação judicial do STF. Organizações como a Human Rights First consideraram o ato sem precedentes.

Histórico de aplicação da Magnitsky em países latino-americanos

Antes de Moraes, a lei havia sido usada na América Latina contra:

  • Roberto José Rivas Reyes, da Nicarágua

  • Julio Antonio Juárez Ramírez, da Guatemala

  • Ángel Rondón Rijo, da República Dominicana

Todos foram acusados de corrupção ou repressão a opositores. O uso contra juízes, no entanto, sempre se deu em contextos de Judiciário controlado por regimes autoritários, o que não é o caso brasileiro, segundo especialistas como Adam Keith, da organização Human Rights First.

Ofensiva contra o STF e tentativas de internacionalização do embate político

A iniciativa integra uma ofensiva mais ampla de setores bolsonaristas para internacionalizar o embate com o Judiciário brasileiro. Além das articulações políticas nos EUA, parlamentares republicanos apresentaram um projeto chamado “No Censors on our Shores Act”, que pretende proibir a entrada de autoridades estrangeiras que tenham violado a Primeira Emenda da Constituição dos EUA, relacionada à liberdade de expressão.

Moraes foi também alvo de ação judicial nos EUA, movida pela empresa Trump Media & Technology Group, em conjunto com a plataforma Rumble, bloqueada no Brasil por ordem do ministro. A ação questiona a autoridade do STF sobre conteúdos publicados por plataformas digitais estrangeiras.

O Supremo Tribunal Federal, nesse contexto, passa a ser visto por parte da direita internacional como símbolo de autoritarismo judicial, consolidando uma narrativa que fragiliza sua imagem perante a opinião pública externa e interna.

Tensão institucional e riscos para a diplomacia brasileira

A ampliação das sanções, tanto contra indivíduos quanto contra o país, pode comprometer as relações diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos. A possibilidade de o Brasil ser incluído em uma futura legislação punitiva por suas relações com a Rússia agrava ainda mais o cenário.

Senadores brasileiros alertaram que, caso confirmadas, novas medidas punitivas poderão afetar setores estratégicos do comércio exterior brasileiro, ampliando o impacto econômico já provocado pelo tarifaço de Trump.

Leia +

Decreto assinado pelo presidente Donald Trump eleva tarifas brasileiras a 50% e setores do Brasil projetam demissões; Crise diplomática é intensificada

EUA sancionam ministro Alexandre de Moraes por violações de direitos humanos, censura e abusos judiciais; STF é deslegitimado


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.