O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) aprovou neste sábado (23/08/2025 ), em reunião em Brasília, a nova composição da Comissão Executiva Nacional (CEN), instância central responsável pela condução política da legenda e pela estratégia eleitoral rumo a 2026. Sob a presidência de Edinho Silva, a Executiva ganha nova configuração, com reforço da pluralidade interna, redistribuição de áreas estratégicas e foco na comunicação. Além da escolha da nova direção, o partido aprovou uma resolução política que alerta para uma ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com uso de redes sociais e inteligência artificial em uma “guerra híbrida” contra a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição.
A reconfiguração da Executiva Nacional
A eleição da nova Executiva Nacional decorre da vitória da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) no Processo de Eleição Direta (PED) de 2025, que consolidou Edinho Silva como presidente nacional. O grupo reúne nomes históricos, lideranças estaduais e representantes de movimentos sociais.
A nova composição trouxe oito vice-presidências, ocupadas por Jilmar Tatto, Joaquim Soriano, José Guimarães, Rubens Júnior e Washington Quaquá, entre outros. Também foram formalizadas as lideranças parlamentares: Lindbergh Farias, na Câmara dos Deputados, e Rogério Carvalho, no Senado. A diversidade da Executiva busca equilibrar correntes internas e fortalecer a unidade em torno de Lula.
Éden Valadares assume a comunicação
Entre os destaques está a nomeação do baiano Éden Valadares como secretário nacional de Comunicação. Ex-presidente do PT Bahia e aliado de Edinho Silva, Valadares enfatizou a necessidade de modernizar a comunicação da legenda.
Segundo ele, é preciso ousadia para inovar e aproximar o partido da base social e das novas gerações. Sua estratégia prevê maior presença nas plataformas digitais e redes sociais, além do fortalecimento da atuação comunitária. “É fundamental adaptar a linguagem, sem perder a identidade histórica, para dialogar com todos os segmentos da sociedade”, declarou.
Estrutura financeira e mobilização
A secretária de Finanças e Planejamento, Gleide Andrade, foi reconduzida ao cargo e defendeu maior transparência e engajamento da militância na arrecadação. O PT seguirá incentivando contribuições voluntárias, tradição que reforça a identidade histórica da sigla.
Na área de mobilização, a responsabilidade ficou com Luiz Felipe (Hadesh). Já a recém-criada Secretaria Nacional de Nucleação, sob comando de Maria de Jesus (Claudinha), terá o papel de reorganizar os núcleos de base, resgatando práticas da fundação do partido.
Representação social e movimentos populares
O partido manteve Lucinha (Vera Lúcia Barbosa, do MST) na Secretaria de Movimentos Populares, ampliando o diálogo com organizações sociais. A Secretaria de Relações Internacionais ficou com o senador Humberto Costa, que terá como missão defender a imagem do PT no exterior, em meio às críticas à política externa brasileira.
Outras funções estratégicas também foram distribuídas: Laércio Ribeiro (Organização), Tássia Rabelo (Formação), Vitória Fortuna (Políticas Públicas) e Romenio Pereira (Assuntos Institucionais).
Resolução política: alerta sobre Trump
Na mesma reunião, a nova Executiva aprovou a primeira resolução política de seu mandato. O documento alerta que o presidente norte-americano Donald Trump intensificará sanções contra o Brasil e lançará mão de uma “guerra híbrida” baseada em redes sociais e inteligência artificial, visando desestabilizar a eleição de 2026.
O texto associa a estratégia de Trump a práticas de desinformação, discurso de ódio e teorias da conspiração, mecanismos que, segundo o PT, buscam corroer instituições democráticas e fomentar violência política.
Impacto das tarifas e pressões externas
A resolução também menciona o tarifaço de 50% imposto por Trump às exportações brasileiras em julho, vinculado ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Trump chegou a exigir a paralisação do processo e, em retaliação, o ministro Alexandre de Moraes foi alvo de sanções pela Lei Magnitsky.
Para o PT, tais iniciativas configuram um ataque direto à soberania nacional, indicando que os EUA não limitarão sua ofensiva ao campo econômico, mas atuarão também na política e na comunicação digital.
Estratégia do PT para 2026
A resolução estabelece como prioridade central a reeleição de Lula. Para isso, o PT pretende investir em duas frentes:
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Mobilização popular em ruas e redes sociais.
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Articulação diplomática e institucional em defesa da democracia e da soberania brasileira.
Edinho Silva destacou que o partido buscará liderar uma frente democrática ampla, unindo partidos de esquerda e centro-esquerda, e ampliando o diálogo internacional.
“Defender a democracia brasileira é prioridade, mas precisamos também construir alianças no exterior”, afirmou.
Trump caracterizado como líder fascista
Em declarações à imprensa, Edinho Silva classificou Trump como “o maior líder fascista do século 21”, citando episódios como a repressão a movimentos sociais, a deportação de imigrantes venezuelanos e a ordem para apagar a inscrição “Black Lives Matter” em Washington. Segundo o dirigente, tais medidas refletem práticas autoritárias e racistas que devem ser denunciadas no plano internacional.
Lista completa da nova Comissão Executiva Nacional do PT
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Edinho Silva – Presidente Nacional
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Lindbergh Farias – Líder da Bancada na Câmara
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Rogério Carvalho – Líder da Bancada no Senado
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Jilmar Tatto – Vice-presidente
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Joaquim Soriano – Vice-presidente
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José Guimarães – Vice-presidente
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Rubens Júnior – Vice-presidente
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Washington Quaquá – Vice-presidente
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Éden Valadares – Secretário Nacional de Comunicação
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Gleide Andrade – Secretária de Finanças e Planejamento
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Henrique Fontana – Secretário-Geral
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Humberto Costa – Secretário Nacional de Relações Internacionais
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Laércio Ribeiro – Secretário Nacional de Organização
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Lucinha (Vera Lúcia Barbosa) – Secretária Nacional de Movimentos Populares e Política Setorial
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Luiz Felipe (Hadesh) – Secretário Nacional de Mobilização
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Maria de Jesus (Claudinha) – Secretária Nacional de Nucleação
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Romenio Pereira – Secretário Nacional de Assuntos Institucionais
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Tássia Rabelo – Secretária Nacional de Formação
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Vitória Fortuna – Secretária Nacional de Articulação de Políticas Públicas
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Ana Júlia – Vogal
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Anne Moura – Vogal
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Camila Moreno – Vogal
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Cristiano Silveira – Vogal
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João Maurício – Vogal
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Lizandra Dawany – Vogal
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Maristella Matos – Vogal
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Milena Conceição Farias – Vogal
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Misiara Oliveira – Vogal
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Natália de Sena – Vogal
Discurso de vitimização
A recomposição da Executiva Nacional do PT evidencia a estratégia de centralização em torno de Lula e a tentativa de modernizar a comunicação partidária. Ao mesmo tempo, a resolução que denuncia Donald Trump como ameaça direta à democracia brasileira mostra o esforço do PT em enquadrar o embate eleitoral de 2026 em termos de soberania nacional e luta contra o imperialismo. A leitura, porém, reforça a polarização internacional e pode ser interpretada como antecipação de um discurso de vitimização externa, a ser explorado caso o cenário eleitoral se torne adverso.
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