OAB reconhece importância do plano da Bahia para reduzir a letalidade policial, diz secretário Felipe Freitas

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA) manifestou publicamente reconhecimento à importância do Plano de Atuação Qualificada de Agentes do Estado (PQuali 2025–2027), apresentado pelo Governo da Bahia. A iniciativa, publicada no Diário Oficial na terça-feira (21/10/2025), propõe metas e ações concretas para reduzir mortes violentas decorrentes da ação policial, inserindo os direitos humanos como eixo estruturante da política de segurança pública no estado.

O encontro entre SJDH e OAB reforça compromisso institucional com os direitos humanos

O reconhecimento ocorreu durante reunião entre o secretário de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), Felipe Freitas, e a presidenta da OAB Bahia, Daniela Borges, realizada nesta sexta-feira (24), em Salvador. O encontro teve como pauta central os avanços e desafios na gestão da segurança pública, com destaque para a necessidade de aprimorar a formação policial e o controle de abusos de poder.

Segundo Daniela Borges, o plano representa um marco inédito na política de segurança baiana, ao reconhecer oficialmente a letalidade policial como um problema público.

“Reconhecer a letalidade policial como um problema a ser enfrentado é um passo essencial. Que bom poder conhecer detalhadamente o Plano de Redução da Letalidade Policial na Bahia, que busca enfrentar um tema muito sensível e que preocupa toda a sociedade baiana. De imediato, merece todos os elogios por ser uma iniciativa concreta, com ações que realmente podem contribuir, e muito, tanto na qualificação e capacitação dos profissionais quanto na construção de uma estrutura policial que compreenda a importância dos direitos humanos”, afirmou Borges.

Metas e fundamentos do PQuali 2025–2027

O PQuali estabelece diretrizes e metas distribuídas em cinco grandes eixos estratégicos:

  1. Monitoramento das investigações de mortes por intervenção legal de agentes do Estado (MILAEs).

  2. Aprimoramento das perícias e das investigações relacionadas a confrontos com resultado morte.

  3. Aperfeiçoamento da atuação policial, com protocolos padronizados e treinamento permanente.

  4. Intensificação de operações baseadas em inteligência e prevenção estratégica da violência.

  5. Enfrentamento do poder econômico do crime organizado, com foco em desarticulação financeira.

Entre os objetivos mensuráveis, o plano pretende capacitar 30% dos profissionais em uso diferenciado da força, ampliar em 30% o uso de câmeras corporais até 2026, garantir apoio psicológico integral a servidores envolvidos em ocorrências letais e elevar a resolutividade dos inquéritos sobre MILAEs para 50% até 2026 e 70% até 2027.

Integração com o programa Bahia pela Paz

O plano está alinhado ao programa Bahia pela Paz, coordenado pela SJDH, que busca prevenir a violência estrutural, fortalecer os direitos humanos e promover o acolhimento de jovens em situação de vulnerabilidade.
Durante a reunião, o secretário Felipe Freitas destacou que a política marca uma nova etapa na integração entre segurança pública e direitos humanos.

“Anunciamos um plano que tem como objetivo reduzir a letalidade policial e enfrentar os desafios dos profissionais de segurança pública, oferecendo instrumentos para uma atuação mais qualificada e com maior respeito à população. As medidas incluem o aperfeiçoamento da formação e dos protocolos policiais, o fortalecimento das corregedorias e a ampliação do acompanhamento das atividades por parte do Ministério Público”, explicou Freitas.

O secretário também anunciou o compromisso de apresentar o plano ao Conselho Estadual da OAB, ampliando o diálogo institucional com a advocacia baiana.

Avanço institucional e diálogo com a sociedade civil

O reconhecimento da OAB ao PQuali é considerado um passo estratégico para consolidar a cooperação entre governo, advocacia e sociedade civil. A entidade, tradicionalmente crítica a práticas abusivas e à ausência de transparência em ações policiais, vê na iniciativa um modelo de política pública orientada pela responsabilidade e pela preservação da vida.

Segundo Freitas, o apoio institucional da OAB confere legitimidade social e jurídica ao plano.

“Com o apoio da OAB Bahia, o Plano consolida-se como uma ação inédita e estratégica para promover uma segurança pública mais humana, transparente e comprometida com a preservação da vida”, concluiu.

Pressão crescente por respostas

O PQuali 2025–2027 surge em um contexto de pressão crescente por respostas à violência policial e à baixa resolutividade dos inquéritos. A adoção de metas públicas e a participação da OAB representam avanços concretos na governança da segurança pública, embora sua efetividade dependa de execução orçamentária estável, engajamento das corporações e transparência nos resultados.

O desafio será equilibrar a proteção de direitos e a eficiência policial, sem permitir que o discurso humanista seja reduzido a mera retórica administrativa.

A participação contínua da OAB, do Ministério Público e da sociedade civil pode determinar se o plano se tornará um modelo replicável ou mais um documento simbólico no acervo burocrático do Estado.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.