A atuação do Núcleo 3 da trama golpista voltou ao centro das discussões nesta terça-feira (11/11/2025), durante julgamento na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). O procurador-geral da República, Paulo Gonet, reiterou o pedido de condenação dos dez réus do grupo, afirmando que as investigações revelam intenção homicida para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin após as eleições de 2022.
Segundo Gonet, provas obtidas pela Polícia Federal mostram que o núcleo, composto por militares e um policial federal, discutiu ações diretas para sequestrar e matar o ministro Alexandre de Moraes, além de monitorar outros alvos políticos.
Acusação detalha documentos e deslocamentos
A acusação destacou registros sobre o plano Punhal Verde e Amarelo e a operação Copa 2022, que detalhariam estratégias táticas do grupo para efetivar o golpe. Dados de deslocamento de veículos e celulares indicariam vigilância contra Moraes entre novembro e dezembro de 2022.
Gonet citou ainda que a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro — sentenciado a 27 anos e três meses por liderar o complô — consolida a materialidade dos fatos que envolvem o núcleo.
Nesta terça-feira (11/11/2025), a sessão foi dedicada às sustentações orais da PGR e das defesas. O STF reservou os dias 12, 18 e 19 de novembro para continuar o julgamento.
Réus são acusados de integrar organização criminosa armada
Os dez integrantes do Núcleo 3 respondem por organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. O grupo é conhecido como “kids-pretos”, ligado às forças especiais do Exército.
A PGR pediu desclassificação parcial das acusações apenas para o tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo Júnior, o que pode permitir a celebração de acordo e evitar condenação mais severa.
Defesa nega participação e questiona provas
Durante o julgamento, seis defesas declararam que os militares não participaram da trama. O advogado do coronel Márcio Nunes de Resende Júnior afirmou que a reunião citada pela PGR como prova de pressão ao comando do Exército seria apenas uma confraternização, sem caráter golpista.
O ministro Flávio Dino pediu esclarecimentos após o advogado omitir uma das mensagens atribuídas ao coronel, em que ele se referia a Moraes. O defensor reconheceu a autoria, alegando que não citou o conteúdo por se tratar de um ataque verbal ao ministro.
Encontros com Bolsonaro são alvo de investigação
A defesa do general Estevam Theóphilo afirmou que os encontros com o então presidente Jair Bolsonaro, no final de (2022), ocorreram com ciência do comando do Exército e sem qualquer relação com ações golpistas. A PF, porém, aponta que nessas reuniões foram discutidas alternativas como GLO e estado de sítio.
Theóphilo era responsável pelo Comando de Operações Terrestres, unidade que engloba os “kids-pretos”.
Militares não podem ser interrogados de farda, afirma Moraes
Também nesta terça-feira (11/11/2025), Moraes explicou que réus militares não serão interrogados de farda. A decisão, tomada em julho, foi questionada por advogados. O ministro afirmou que o uso do uniforme compromete o direito ao silêncio, já que o Estatuto dos Militares impõe punições caso o militar omita ou falseie informações.
Moraes reforçou que não existe autoridade militar perante tribunais civis, e que o STF julga indivíduos, não instituições.
Progresso dos julgamentos e próximos passos
Até agora, o STF condenou 15 réus ligados a outros núcleos do plano golpista — sete do Núcleo 4 e oito do Núcleo 1, liderado por Bolsonaro. O julgamento do Núcleo 2 está marcado para 9 de dezembro.
O Núcleo 5, que envolve o empresário Paulo Figueiredo, ainda não tem data definida.
Lista dos investigados do Núcleo 3
Fazem parte do grupo:
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Bernardo Romão Correa Netto
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Estevam Theóphilo
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Fabrício Moreira de Bastos
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Hélio Ferreira Lima
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Márcio Nunes de Resende Júnior
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Rafael Martins de Oliveira
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Rodrigo Bezerra de Azevedo
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Ronald Ferreira de Araújo Júnior
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Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros
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Wladimir Matos Soares
*Com informações da Agência Brasil.
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