ALBA aprova urgência para empréstimo de R$ 720 milhões após sessão marcada por obstrução e embates entre governo e oposição

A ALBA aprovou, em sessão que avançou pela madrugada de quarta-feira (17/12/2025), quatro projetos do Executivo, incluindo a urgência para um empréstimo de R$ 720 milhões. O debate foi marcado por obstrução da oposição, críticas à falta de detalhamento dos recursos e defesa governista da saúde fiscal do Estado. Também foram aprovadas matérias sobre tetos salariais, atuação da CTB e alterações em taxas estaduais.
Presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Ivana Bastos, conduz sessão plenária que avançou pela madrugada durante votação de projetos do Executivo estadual, em Salvador, em 17 de dezembro de 2025.

A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) aprovou, na madrugada desta quarta-feira (17/12/2025), quatro proposições de autoria do Poder Executivo, incluindo dois requerimentos de urgência para a tramitação dos projetos de lei nº 26.083 e nº 26.097. A sessão foi prolongada em razão de forte obstrução da oposição, que concentrou críticas especialmente no projeto que autoriza a contratação de empréstimo de R$ 720 milhões pelo governo estadual.

O debate em plenário expôs divergências profundas entre as bancadas governista e oposicionista. Enquanto deputados da base do governador Jerônimo Rodrigues defenderam a capacidade de endividamento do Estado e os investimentos em curso, parlamentares da oposição questionaram a falta de detalhamento sobre a destinação dos recursos e o volume total de operações de crédito já contratadas pela atual gestão.

A condução dos trabalhos ficou a cargo da presidente da Casa, Ivana Bastos, que precisou submeter ao plenário requerimentos de prorrogação da sessão e de convocação de sessão extraordinária para garantir a apreciação das matérias incluídas na pauta.

Debate sobre o empréstimo de R$ 720 milhões domina sessão

O PL nº 26.097, que autoriza o Executivo a contratar empréstimo junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi o principal foco de tensão. De acordo com a mensagem encaminhada pelo governador, os R$ 720 milhões são oriundos do Fundo Nacional de Investimento em Infraestrutura Social (FIIS) e destinam-se a investimentos em infraestrutura física nas áreas de educação e saúde, distribuídos por diversos municípios baianos.

Em defesa da proposta, o deputado Marcelino Galo (PT) afirmou que os financiamentos visam garantir “dignidade de vida ao povo”, sustentando que os recursos viabilizam obras estruturantes em todo o Estado. Na mesma linha, Zé Raimundo Fontes (PT) classificou como injusta a postura da oposição e destacou indicadores fiscais favoráveis da Bahia.

Segundo o parlamentar, o Estado compromete apenas 0,3% da Receita Corrente Líquida com endividamento, o que, em sua avaliação, demonstra solidez fiscal. Ele citou obras em Salvador, como o VLT, a ampliação do metrô, o novo terminal rodoviário e intervenções de contenção de encostas, além de afirmar que a Bahia ainda teria margem legal para contratar valores significativamente superiores em operações de crédito.

Oposição critica falta de transparência e volume de endividamento

Deputados da oposição mantiveram discurso crítico ao longo de toda a sessão. Pedro Tavares (UB) classificou o dia como “triste para a Casa” e acusou a maioria governista de utilizar um “rolo compressor” para ampliar o endividamento do Estado sem indicar, de forma clara, a aplicação dos recursos. Segundo ele, já seriam 23 empréstimos autorizados durante a atual gestão.

Sandro Régis (UB) chamou a proposta de “cheque em branco” e questionou a execução dos cerca de R$ 27 bilhões já contratados. Penalva (PDT) afirmou não ser contrário a operações de crédito, mas condicionou seu apoio à existência de informações detalhadas sobre a destinação dos valores.

As críticas foram reforçadas por Samuel Júnior (Republicanos), que indagou diretamente a finalidade do novo empréstimo, e por Alan Sanches (UB), que levantou dúvidas sobre a situação financeira do Estado, mencionando dificuldades no pagamento de profissionais da saúde e problemas persistentes na malha viária.

Votação de requerimentos e estratégia regimental

Os trabalhos se intensificaram a partir das 16h50, quando Ivana Bastos colocou em votação um requerimento de prorrogação da sessão por 600 minutos. Em seguida, foi apreciado o pedido para a realização de sessão extraordinária, com pauta específica para a votação do PL nº 26.097 e de outros projetos que já tramitavam em regime de urgência.

Embora incomum, a oposição decidiu obstruir a votação dos requerimentos, registrando voto contrário, acompanhada pelo deputado Hilton Coelho (PSOL). Ainda assim, a maioria governista garantiu a continuidade da sessão e a apreciação das matérias previstas.

Outros projetos aprovados na sessão

Após a aprovação do regime de urgência do empréstimo, o plenário analisou o PL nº 26.083, que promove a adequação dos tetos salariais dos servidores estaduais aos limites estabelecidos pela Constituição Federal, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF). A matéria não sofreu obstrução e foi aprovada por unanimidade.

Na sequência, foi apreciado o PL nº 26.061, que autoriza a Companhia de Trens da Bahia (CTB) a explorar oportunidades de negócios, inclusive por meio de participação societária, parcerias com empresas públicas e privadas e operações no mercado de capitais. O parecer oral foi proferido pelo deputado Vitor Bonfim (PV).

O líder do governo, Rosemberg Pinto (PT), afirmou que a proposta amplia a capacidade de atuação da CTB, a exemplo do modelo já adotado pela Embasa. Já o líder da oposição, Tiago Correia (PSDB), relembrou a paralisação do trem do subúrbio em 2021 e criticou falhas no planejamento do VLT, incluindo a aquisição de trens usados provenientes do Mato Grosso.

Apesar das críticas, o projeto recebeu encaminhamento favorável de parlamentares como Penalva e acabou aprovado.

Alterações em taxas estaduais e segurança contra incêndio

Por volta da 1h da manhã, os deputados analisaram o PL nº 26.063/2025, que propõe alterações na Lei nº 11.631/2009, sobre taxas estaduais, e na Lei nº 12.929/2013, que trata da segurança contra incêndio e pânico em edificações e áreas de risco.

Relatada por Robinson Almeida (PT), a matéria, segundo o parlamentar, busca fortalecer a infraestrutura da segurança pública e aprimorar os serviços prestados à população. O relator apresentou ajustes técnicos ao texto original, com o objetivo de aperfeiçoar a redação final do projeto.


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