Presidente Lula faz balanço de quase três anos de governo e afirma que “a arte de governar é cuidar do país e do povo”

Em entrevista no Palácio do Planalto, Lula apresentou balanço de quase três anos de governo, destacando crescimento econômico acima de 3%, recordes de emprego, redução histórica da pobreza, avanço do Novo PAC, articulação com o Congresso e retomada do protagonismo internacional. O presidente defendeu políticas de redistribuição de renda, reforma tributária, liderança ambiental e abriu debate sobre a redução da jornada de trabalho.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva concede entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília, em 18 de dezembro de 2025, ao apresentar balanço político, econômico e social de quase três anos de governo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (18/12/2025), que o Governo do Brasil alcançou resultados acima das projeções iniciais em áreas estratégicas como economia, políticas sociais, infraestrutura e política externa. A declaração foi feita durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, na qual o chefe do Executivo apresentou um balanço das ações desenvolvidas ao longo de quase três anos de mandato e defendeu a concepção de que governar é, essencialmente, cuidar do país e da população.

Segundo Lula, o desempenho do governo reflete uma estratégia centrada na retomada do crescimento econômico, no combate à pobreza e na reconstrução da capacidade institucional do Estado brasileiro. “Nós ganhamos as eleições para governar o Brasil. E para governar o Brasil, a gente tinha que ter em mente que a arte de governar é cuidar desse país e cuidar do povo brasileiro”, afirmou o presidente, ao avaliar os resultados alcançados desde o início da gestão.

Avanços econômicos e indicadores de emprego

No campo econômico, o presidente destacou que o país voltou a crescer acima de 3% ao ano, registrou a menor inflação acumulada dos últimos quatro anos e alcançou indicadores históricos no mercado de trabalho. Desde 2023, foram gerados 4,9 milhões de empregos formais, levando o desemprego ao menor nível dos últimos 13 anos, além de um recorde na massa salarial, o que, segundo o governo, fortaleceu o consumo interno.

Lula afirmou que esses resultados contribuíram diretamente para a melhoria das condições sociais. De acordo com o presidente, o Brasil atingiu o menor nível de pobreza de sua história e saiu, pela segunda vez, do Mapa da Fome. Ele também ressaltou a aposta em inovação como vetor de desenvolvimento econômico.

“Estamos, pela primeira vez, fazendo com que um processo de inovação crie uma nova indústria nesse país”, declarou.

Redução da pobreza e estímulo à economia real

Ao abordar as políticas sociais, Lula defendeu a ampliação da circulação de renda como elemento central para a construção de um país mais justo. Para o presidente, o fortalecimento da economia real ocorre a partir do estímulo ao consumo, da geração de empregos e da redistribuição de renda.

“O dinheiro circulando vai para o comércio, do comércio ele vai para a indústria, da indústria ele gera um emprego, o emprego gera um salário, o salário gera mais um consumidor”, afirmou.

Na avaliação do chefe do Executivo, a concentração excessiva de renda compromete o desenvolvimento social.

“Muito dinheiro na mão de poucos significa miséria, pobreza e exclusão. Pouco dinheiro na mão de muitos significa exatamente o contrário”, disse, ao reiterar a defesa de políticas públicas voltadas à inclusão econômica e social.

Articulação política e agenda econômica no Congresso

No campo institucional, Lula destacou a capacidade de articulação do Executivo com o Congresso Nacional, ressaltando que cerca de 99% da agenda econômica enviada ao Legislativo foi aprovada. Entre os principais marcos, o presidente citou a reforma tributária, classificada por ele como histórica.

Segundo Lula, o diálogo permanente com parlamentares foi decisivo para os avanços legislativos. Ele enfatizou a atuação do Ministério da Fazenda nesse processo.

“Tudo é feito à luz do dia e conversado com o Congresso Nacional. Nunca houve tantas reuniões entre ministros e parlamentares para aprovar medidas estruturantes”, afirmou.

Novo PAC e investimentos em infraestrutura

O presidente também apresentou dados sobre o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), apontando a execução acelerada dos investimentos previstos. De acordo com Lula, em pouco mais de dois anos desde o lançamento do programa, 79% dos R$ 1,8 trilhão previstos já foram transformados em obras concluídas, em andamento ou contratadas.

Atualmente, o Novo PAC reúne 34,8 mil empreendimentos, com investimentos previstos até 2030 nas áreas de saúde, educação, cultura, sustentabilidade, transporte e infraestrutura. Para o presidente, os números demonstram eficiência administrativa e capacidade de execução do Estado brasileiro.

Política tributária e isenção do Imposto de Renda

Outro ponto destacado foi a política tributária, especialmente a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil. Lula afirmou que a medida busca tornar o sistema mais equilibrado, reduzindo a carga sobre trabalhadores e a classe média.

“O Brasil precisa de uma política tributária mais justa, em que o peso dos impostos não recaia apenas sobre quem ganha menos”, afirmou o presidente, ao defender uma redistribuição mais equitativa da carga tributária no país.

Política externa e protagonismo internacional

Na agenda internacional, Lula celebrou o retorno do Brasil ao protagonismo global, com atuação ativa em fóruns multilaterais e fortalecimento das relações diplomáticas. Ele também citou o recorde nas exportações brasileiras e o desempenho do país na atração de investimentos estrangeiros diretos.

“O Brasil voltou a ser respeitado em todos os fóruns internacionais”, afirmou o presidente, acrescentando que o país ocupa atualmente a segunda posição mundial em recebimento de investimento direto. Lula destacou ainda o recorde de produção agrícola e o crescimento do comércio exterior como pilares da inserção internacional brasileira.

COP30, transição energética e Amazônia

O presidente mencionou a realização da COP30, em Belém, como marco da liderança brasileira na agenda ambiental. Segundo Lula, o evento projetou a Amazônia no cenário internacional e reforçou o papel do Brasil na transição energética, apoiada por uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo.

“A Amazônia ganhou centralidade no debate global, e o povo do Norte mostrou ao mundo a riqueza ambiental e cultural da região”, afirmou o presidente, ao destacar a capacidade de articulação internacional do país.

Debate sobre a jornada de trabalho 6×1

Ao final da entrevista, Lula abordou o debate sobre a redução da jornada de trabalho no regime 6×1. Para o presidente, o Brasil reúne atualmente condições econômicas, sociais e tecnológicas para avançar na discussão.

“Por que não reduzir a jornada para que o trabalhador tenha mais tempo para a família, para estudar e para viver melhor?”, questionou.

Segundo Lula, o comércio e a indústria estariam preparados para esse avanço, considerando os ganhos de produtividade proporcionados pela tecnologia.

Balanço positivo e desafios estruturais

O balanço apresentado pelo presidente Lula enfatiza indicadores positivos e reforça a narrativa de reconstrução econômica, social e institucional do país após períodos de instabilidade. O destaque para crescimento, emprego, redução da pobreza e retomada do protagonismo internacional aponta para uma estratégia governamental centrada no fortalecimento do Estado e na ampliação das políticas sociais.

Ao mesmo tempo, o discurso evidencia desafios implícitos, como a sustentabilidade fiscal de programas de grande escala, a consolidação da reforma tributária e a necessidade de manter o diálogo político em um Congresso fragmentado. A execução acelerada do Novo PAC e a ampliação de benefícios sociais exigem acompanhamento rigoroso para garantir eficiência e equilíbrio das contas públicas.

No plano internacional, o protagonismo brasileiro e a liderança ambiental ampliam a visibilidade do país, mas também aumentam responsabilidades e expectativas. O debate sobre a jornada de trabalho, por sua vez, sinaliza uma agenda social que tende a gerar controvérsias entre setores econômicos, exigindo negociação e gradualismo institucional.


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