STF promove exposição institucional enquanto ignora denúncias graves contra a liberdade de imprensa

Cerimônia conduzida por Barroso contrasta com omissão do STF e CNJ diante de violações à liberdade de expressão denunciadas por jornalista vítima de Crime de Estado.
Enquanto o Supremo projeta luzes e discursos sobre democracia, silencia diante de denúncias de perseguição a jornalistas e de autoritarismo no próprio Judiciário. A fachada brilha. A credibilidade apaga.

O Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de seu presidente, ministro Luís Roberto Barroso, inaugurou na quarta-feira (23/04/2025) a exposição “STF Iluminado – 65 anos do Tribunal da Constituição em Brasília”, como parte das comemorações do aniversário de instalação da Corte na capital federal. A mostra apresenta 12 fotografias e projeções em vídeo com registros das iluminações temáticas realizadas na fachada do edifício-sede do Tribunal.

Durante a cerimônia, Barroso destacou que as iluminações visam simbolizar o compromisso do STF com os direitos fundamentais e a democracia. Entre os temas homenageados, citou o Dia do Orgulho LGBTQIA+, o Dia da Consciência Negra e o Dia Mundial do Doador de Sangue. Segundo o ministro, a iluminação permanente com as cores da bandeira do Brasil representa o esforço para resgatar os símbolos nacionais como patrimônio de todos os cidadãos, independentemente de suas convicções ideológicas.

Apesar da retórica de defesa dos valores democráticos, a solenidade foi marcada por contradições evidentes quando observada à luz da atuação concreta do STF e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em episódios envolvendo restrições à Liberdade de Imprensa e Expressão — pilares essenciais do Estado Democrático de Direito.

Denúncia de crime de Estado contra jornalista ignora compromissos declaratórios

Enquanto o Supremo Tribunal Federal promove exposições institucionais para reafirmar seu suposto compromisso com os direitos fundamentais, permanece silente diante de denúncias gravíssimas apresentadas pelo jornalista e cientista social Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia (JGB). O profissional afirma ter sido vítima de um esquema de perseguição estruturado no interior do próprio Sistema de Justiça brasileiro, com envolvimento de promotores, procuradores, desembargadores e ministros, configurando o que qualifica como um Crime de Estado Contra a Liberdade de Imprensa.

As denúncias, devidamente protocoladas junto ao presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e ao corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell Marques, não suscitaram qualquer resposta institucional efetiva. A omissão da Corte e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) frente à gravidade das alegações fragiliza a credibilidade dos compromissos declaratórios da magistratura brasileira com a democracia, especialmente quando confrontada com práticas autoritárias atribuídas a seus próprios membros.

Carlos Augusto afirma dispor de provas documentais e testemunhais consistentes, que evidenciam a existência de uma rede de agentes públicos atuando para cercear o livre exercício do jornalismo investigativo, violando frontalmente garantias constitucionais e tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.

Diante da inércia das autoridades nacionais, o jornalista declarou que levará o caso à Organização dos Estados Americanos (OEA) e ao Tribunal Penal Internacional (TPI), com o objetivo de promover a responsabilização dos agentes envolvidos por violações sistemáticas aos direitos humanos e à liberdade de expressão.

A exposição pública promovida pelo STF, sob a liderança de Barroso, torna-se ainda mais contraditória quando observada à luz da ausência de medidas concretas para apurar denúncias que envolvem o próprio aparato institucional do Judiciário brasileiro. A insistência em encenar compromissos com a democracia, ao mesmo tempo em que se ignora a violação direta de seus princípios fundantes, revela um grave descompasso entre a forma e a substância da atuação da mais alta Corte do país.

Sistema de Justiça questionado por atuação seletiva e perseguição institucional

A ausência de ação por parte dos principais órgãos de controle e cúpula do Judiciário em relação às denúncias de Carlos Augusto fortalece a percepção de que o Sistema de Justiça decadente que atua seletivamente, protegendo membros envolvidos em práticas corruptas e perseguindo jornalistas e cidadãos que denunciam tais condutas. Em vez de adotar postura transparente e republicana, o Judiciário parece operar segundo lógicas de autopreservação, aproximando-se perigosamente de uma estrutura corporativista e opaca, quando deveria ser o bastião da legalidade.

O contraste entre o discurso institucional encenado nas cerimônias públicas — como a liderada por Barroso nesta quarta-feira — e a realidade dos bastidores da magistratura brasileira revela um abismo crescente entre a forma e o conteúdo do agir judicial no Brasil. A tolerância com abusos, o uso instrumental da lei para sufocar vozes dissidentes e a blindagem de operadores poderosos da Justiça convertem-se em ameaças reais à própria democracia, ainda que em nome dela se declare agir.

Contexto da exposição é insuficiente frente à crise de credibilidade

A exposição “STF Iluminado”, embora visualmente atrativa e estrategicamente desenhada para reafirmar a identidade simbólica da Corte, não possui força suficiente para reverter a crise de credibilidade que atinge o Judiciário brasileiro. É necessário mais que gestos estéticos: é preciso enfrentar os vícios internos, responsabilizar os agentes que operam de forma autoritária e reafirmar, com ações concretas, o compromisso com a liberdade de imprensa.

O STF inaugurou nesta quarta-feira (23/04/2025) uma exposição institucional celebrando seus 65 anos em Brasília, enquanto permanece inerte diante de denúncias graves de violações à liberdade de imprensa feitas pelo jornalista Carlos Augusto. A solenidade liderada pelo ministro Barroso, marcada por declarações sobre democracia e direitos fundamentais, contrasta com a omissão da Corte e do CNJ diante de acusações que envolvem membros do próprio Sistema de Justiça brasileiro.
STF celebra 65 anos com exposição simbólica em Brasília, mas ignora denúncias graves de crime de Estado contra jornalista. Contradição entre discurso institucional e omissão diante de violações à liberdade de imprensa expõe crise de legitimidade do Judiciário.

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Editorial: Como o STF se tornou palco de vaidades, abandonou a liturgia do cargo, revela baixa densidade intelectual e representa ameaça à Democracia e à Liberdade de Imprensa


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