O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou nesta terça-feira (19/11/2024), por unanimidade, a aposentadoria compulsória da desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) Lígia Maria Ramos Cunha Lima. A decisão, tomada na 15ª Sessão Ordinária de 2024, presidida pelo ministro Luís Roberto Barroso ocorreu no julgamento do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) 005357-19.2022.2.00.0000, relatado pelo conselheiro João Paulo Schoucair, promotor de Justiça do Ministério Público da Bahia (MPBA) e diz respeito as investigações do Caso Faroeste.
A pena de aposentadoria compulsória é a sanção administrativa mais grave prevista para magistrados. Embora a decisão os remova de suas funções, mantém-se o recebimento proporcional de seus proventos, conforme a legislação vigente.
Durante o julgamento administrativo no CNJ, o conselheiro José Edivaldo Rocha Rotondano, que também exerce o cargo de desembargador no TJBA, declarou-se impedido de participar da apreciação do Processo Administrativo Disciplinar contra a desembargadora Lígia Maria Ramos Cunha Lima.
Acusações e Contexto
A magistrada é investigada no âmbito da 6ª e 7ª Fases da Operação Faroeste, deflagrada em 14 de dezembro de 2020 pela Polícia Federal (PF) para apurar esquemas de venda de sentenças relacionadas à grilagem de terras no oeste da Bahia. As acusações incluem participação em uma organização criminosa estruturada para prática de corrupção, lavagem de dinheiro e favorecimento de interesses pessoais.
De acordo com o conselheiro João Paulo Schoucair, Lígia Maria teria interferido no curso de processos judiciais, utilizando sua posição para atender interesses econômicos de seus filhos. Além disso, as investigações apontam para tentativas de obstruir apurações, manipulando informações e direcionando a atuação de sua assessoria para alterar fatos em benefício próprio.
Análise das Provas e Defesa da Magistrada
Durante o julgamento, a defesa da desembargadora questionou a existência de justa causa para o andamento do processo e alegou violação do devido processo legal. O relator refutou as argumentações, apontando que o conjunto probatório era robusto e suficiente para comprovar as graves faltas funcionais.
Schoucair destacou que as ações da desembargadora violaram a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman) e o Código de Ética dos Magistrados, evidenciando desrespeito às obrigações da função pública. “O conjunto probatório demonstra que ela atuou diretamente em sua assessoria para tentar alterar a realidade dos fatos”, declarou o relator.
Implicações e Próximos Passos
A aposentadoria compulsória não encerra os desdobramentos legais para a magistrada. Os elementos reunidos no processo administrativo podem subsidiar investigações criminais conduzidas pelo Ministério Público. Caso as denúncias sejam confirmadas judicialmente, novas sanções poderão ser aplicadas, incluindo penas de natureza penal.
A Operação Faroeste continua investigando outros agentes públicos e privados envolvidos nos mesmos esquemas ilícitos, reforçando o compromisso das autoridades com o combate à corrupção no Judiciário.
Do que se tratou a 6ª e 7ª fases da Operação Faroeste
A Polícia Federal deflagrou em 14 de dezembro de 2020 as 6ª e 7ª fases da Operação Faroeste, com base em decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Og Fernandes, para desarticular um esquema de venda de decisões judiciais envolvendo juízes, desembargadores do TJBA e membros de outros poderes. São investigados crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Foram cumpridos 36 mandados de busca e apreensão nas cidades Salvador, Barreiras, Catu, Uibaí e em Brasília, além de prisões e afastamentos de servidores públicos.
Em 22 de março de 2021, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou ao STJ um pedido para manter as prisões preventivas das desembargadoras Ilona Márcia Reis e Lígia Maria Ramos Cunha Lima. Conforme a Petição do MPF de nº 13.972/DF, referente ao inquérito nº 1258/DF, que tem como requeridas as desembargadoras do TJBA Ilona Márcia Reis e Lígia Ramos Cunha Lima, as investigações que tem como alvo a desembargadora do TJBA Lígia Ramos Cunha apontam para uma possível gestão financeira do esquema criminoso realizada por seu filho Rui Barata. Análises bancárias e fiscais conduzidas pela Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise da Procuradoria-Geral da República (Sppea/PGR) indicam um aumento patrimonial significativo após a nomeação de Lígia Ramos Cunha como desembargadora, em 2015.
Além disso, documentos apreendidos mostram anotações financeiras vinculadas a seus filhos e operadores do esquema. Informações oriundas de uma colaboração premiada indicam que a magistrada teria orientado assessores a alterar posicionamentos processuais, demonstrando tentativa de interferência nas provas.
A desembargadora ficou detida no Núcleo de Custódia do 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal. Posteriormente, as medidas de prisão preventiva foram modificadas para restrição de direitos. Os processos administrativo e criminal continuam a tramitar no CNJ e STJ.
Principais Dados da Decisão do CNJ no PAD
Decisão do CNJ
- Pena aplicada: aposentadoria compulsória.
- Sessão: 15ª Sessão Ordinária de 2024.
- Processo: PAD 005357-19.2022.2.00.0000.
- Relator: conselheiro João Paulo Schoucair.
Acusações
- Esquemas ilícitos: venda de sentenças, grilagem de terras, corrupção e lavagem de dinheiro.
- Obstrução de investigações: tentativa de alterar fatos e influenciar apurações.
- Violações: Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman) e Código de Ética dos Magistrados.
Contexto Jurídico
- Operação: Faroeste, investiga corrupção no TJBA.
- Próximos passos: possibilidade de desdobramentos criminais.
- Implicados: agentes públicos e privados investigados.
Consequências
- Manutenção de proventos proporcionais, conforme a lei.
- Investigações podem levar a penas adicionais em âmbito criminal.

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