Discurso de posse de Alberto Peixoto na Academia de Letras do Recôncavo da Bahia

Sempre escrevo, neste meu espaço, sobre diversos assuntos do cotidiano: política, educação, religião, todo tipo de variedades. Hoje resolvi diversificar. Vou colocar o meu discurso de posse na Academia de Letras do Recôncavo, ato que ocorreu no último dia 10.05.2008, no Clube dos 100, na simpática cidade de Santo Antonio de Jesus.
A seguir, o discurso.

Senhoras e senhores, boa noite.

Senhor Presidente da Academia de Letras do Recôncavo, Almir Oliveira, Ilustres membros da mesa, Senhoras Acadêmicas, Senhores Acadêmicos, digníssimo público aqui presente.

Segundo José Luis de Araújo Lira, membro da Academia de Letras do estado do Ceará, alguns povos, principalmente os africanos, quando iam fazer ou assumir algo muito importante, recorriam às suas divindades e antepassados. É por isso que neste momento, faço primeiro meu agradecimento e peço ajuda à Força Superior do universo, Deus supremo, autor da vida e de todos os entes queridos que já estão na dimensão superior, especialmente o meu querido pai, Alberto Correia de Araújo Peixoto, que sempre torceu por mim. Muito obrigado, meu bom Deus, por este momento ímpar, muito obrigado, meu Pai Eterno, pela família que a mim confiaste para capitaneá-la, nesta travessia evolucionária, pela esposa que me deste – Wanuzia Peixoto – companheira melhor não existiria, pois além de espiritualmente bela é portadora dos olhos verdes mais bonitos do universo! Wanuzia, eu sou apaixonado por você!

Agradeço a todos os membros da Academia de Letras do Recôncavo que me honram com a sua presença, possibilitando que eu aceda a esta casa para nela ocupar a cadeira de numero 26, e tendo como patronesse, Maria Augusta Bittencourt, um ícone da cultura do Recôncavo e da Bahia.

Nascida em Nazaré a 23 de novembro de 1885, filha de Alexandre Barros de Bittencourt e Maria Gabriela Pimentel, Maria Augusta Bittencourt foi professora, poetisa e escritora. Desde muito jovem começou a publicar poesias em revistas e jornais com o pseudônimo de Ana Lucia. Escreveu o seu primeiro livro, em versos, intitulado “Asas” e em 1972, publicou um novo trabalho sob o titulo de: “Tempo, Água do Rio”, prefaciado pelo escritor e acadêmico Pedro Calmon. Como toda mulher nazarena, era dinâmica, brilhante e sempre preocupada com os problemas sociais da sua comunidade, lutando em prol do bem estar dos menos favorecidos e pela cultura do seu município e do estado da Bahia.

A cadeira número 26 da Academia de Letras do Recôncavo, a partir de hoje por mim ocupada, figurará entre as poucas, preponderantemente, voltadas à ficção, à comicidade e ao cotidiano dos que habitam o interior do estado da Bahia, com suas dificuldades, suas religiosidades e seu estilo próprio de vida, pintando assim, o quadro da realidade de um povo com sua difícil verdade. Quadro esse que levo – com muito humor – aos meus leitores através da literatura, que é a arte que nos liberta das trevas da ignorância e nos transporta para os quatro cantos do planeta e, até mesmo, do universo, recheando-nos de informações, notícias, experiências, do saber, inclusive do amor e da paixão.

Como citou a competentíssima psicopedagoga e defensora do direito à vida, Andréia do Vale Reis, ao prefaciar um dos meus livros: “a literatura torna possível nos comunicarmos estreitando laços, extrapolando fronteiras do tempo e do espaço, unindo pessoas e, quando isso ocorre, representamos a nossa compreensão de mundo, conjunto de certezas, dúvidas, crenças, desejos e valores que compõem a nossa história, a nossa vida, o nosso ser”.

Estimados confrades e demais presentes. A vida me reservou a extraordinária felicidade de ter a oportunidade de fazer parte deste conceituado e seleto grupo de pessoas fora de serie das quais farei tudo, o possível e, até mesmo, o impossível, para fazer jus ao título de Membro da Academia de Letras do Recôncavo, o que, com certeza, carregarei dentro do meu coração como – depois do nascimento dos meus filhos e netos – o acontecimento mais importante da minha vida. Estou extremamente feliz por também poder contar com a presença, na cerimônia de hoje, da minha família, dos meus amigos e desse público maravilhoso que se faz presente para me homenagear, que até poderia dizer: homenagear um estranho, mas que, com o consentimento da população desta acolhedora cidade, me autodenomino: Cidadão Santo Antoniense.

Enfim, eu tive a grata oportunidade de vir trabalhar e viver em Santo Antonio de Jesus e, coberto pelo seu céu, pisando o solo querido, meu coração envaidecido, bate mais forte. São raras as palavras que podem sintetizar a emoção de um homem que durante treze longos anos trabalhou sob o árduo sol da Chapada Diamantina e por desígnio do destino teve a sorte, a felicidade, de ser transferido para a acolhedora Santo Antonio de Jesus, a que tenho o prazer de dizer a todos os meus amigos dos demais municípios, que ela é a capital do Recôncavo: a cidade que mais cresce na região.

Considero-me um privilegiado por receber do destino, como prêmio, a oportunidade de trabalhar em uma cidade onde a grande maioria da sua população é formada por homens e mulheres, extremamente vencedores. O que mais poderia querer eu da vida? Eu e esta belíssima cidade, cidade das flores, das palmeiras, do sorriso, temos muito em comum, ou seja, Antonio que também compõe o meu nome e Jesus que é o meu mestre, meu orientador.

Os grandes amigos, figuras populares e inesquecíveis que aqui conheci, jamais esquecerei. Terei sempre em minha memória a imagem amiga daquele que até já chamei de meu painho; Magno da Cruz, mui digníssimo Secretário da Fazenda, Administração e Planejamento do município; Winston Pacheco, meu irmão e colega; Helio Valadão, com quem eu costumo dar muitas risadas – como dizem os mais jovens Helio é o cara, bicho – Professora Andréia Reis, minha grande orientadora; Silvania Machado, sem ela eu nunca consigo fazer um bom trabalho; Manoela Alves, que dispensa comentários; o incomensurável Antonio Dantas Ribeiro – com ele aprendi muito e pretendo aprender muito mais – este é “all concour” e a minha turma do barulho – barulho no bom sentido – composta pelos insuperáveis: Geraldo Barros, futuro edil da cidade; Ricardo Jorge, uma das pessoas mais agradáveis que encontrei por estas plagas; Valdemir Miranda, o homem mais paciente que eu já conheci; e o quarteto dinâmico formado por Cleonice, Zete, Edizio Teles e Roberto Doria.

Ingresso na Academia de Letras do Recôncavo, entendendo-a como fronteira franqueada ao livre trânsito de todas as temporalidades. De um lado, receptáculo de nossas mais profundas heranças culturais; de outro, passagem para a paisagem do novo.

Para concluir, rendo minha especial homenagem ao grande irmão e colega Winston Pacheco.

Muito Obrigado.

Alberto Peixoto

Membro da Academia de Letras do Recôncavo
http://www.albertopeixoto.com.br
reyapeixoto@yahoo.com.bra

Banner da Prefeitura de Santo Estêvão: Campanha do São João 2024.
Banner da Campanha ‘Bahia Contra a Dengue’ com o tema ‘Dengue mata, proteja sua família’.
Sobre Alberto Peixoto 478 artigos
Antonio Alberto de Oliveira Peixoto, nasceu em Feira de Santana, em 3 de setembro de 1950, é Bacharel em Administração de Empresas pela UNIFACS, e funcionário público lotado na Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, atua como articulista do Jornal Grande Bahia, escrevendo semanalmente, é escritor e tem entre as obras publicadas os livros de contos: 'Estórias que Deus Dúvida', 'O Enterro da Sogra, 'Único Espermatozóide', 'Dasdores a Difícil Vida Fácil', participou da coletânea 'Bahia de Todos em Contos', Vol. III, através da editora Òmnira. Também atua como incentivador da cultura nordestina, sendo conselheiro da Fundação Òmnira de Assistência Cultural e Comunitária, realizando atividades em favor de comunidades carentes de Salvador, Feira de Santana e Santo Antônio de Jesus. É Membro da Academia de Letras do Recôncavo (ALER), ocupando a cadeira de número 26. E-mail para contato: reyapeixoto@yahoo.com.br.

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