Escritor Fernando Morais comenta sobre a prisão de Lula, Governo Bolsonaro, futuro da economia e o lançamento de livros biográficos sobre ACM e Lula; Confira entrevista exclusiva

Carlos Augusto entrevista o escritor e jornalista Fernando Morais.
Carlos Augusto entrevista o escritor e jornalista Fernando Morais.

Fernando Morais, reconhecido como destacado intelectual do país, concedeu entrevista exclusiva, nesta segunda-feira (18/02/2019), ao jornalista e cientista social Carlos Augusto, direto do Jornal Grande Bahia, em que aborda o Governo Bolsonaro, avalia a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comenta sobre os livros biográficos que esta redigindo sobre o líder trabalhista Lula e o falecido senador Antônio Carlos Magalhães (ACM). Ele conclui a entrevista avaliado o desenvolvimento da economia do país.

A entrevista do concedida pelo escritor, político e jornalista Fernando Morais pouco antes do início da palestra proferida no auditório da Secretaria de Infraestrutura da Bahia (SEINFRA), em Salvador, oportunidade em que abordou o tema ‘uso da internet na comunicação’.

Confira a entrevista

Jornal Grande Bahia: Como avalia a atual conjuntura política do Governo Bolsonaro?

Fernando Morais: A imprensa crítica é sempre boa, em qualquer lugar do planeta. O governo eu vejo com péssimos olhos, é um governo que chega odiando toda a imprensa, salvo uma ou outra exceção. Acho que ele vai dar muito trabalho se ele sobreviver, a gente não sabe. Sobreviver, que eu falo, não é um problema de saúde, se sobreviver politicamente vai dar muito trabalho para nós, porque é uma gente, que tem ele e os filhos com ódio da imprensa e tudo aquilo que saia lá e que possa desgostar a eles é considerado ofensa, agressão.

Eu sou muito pessimista. Enfrentei a censura, cerca de oito anos de censura, metade no Jornal da Tarde, metade na Revista Veja. Nos oito anos em que durou a censura formal à imprensa no Brasil, eu vivi na própria pele o que é trabalhar com censor a meio metro da minha mesa lendo. Antes de publicar, ele lia o que eu escrevia. Então, censura é ruim, e não é ruim para o jornalista não, não é um problema de corporativismo, é ruim para a sociedade, porque é a sociedade que fica sem saber o que está acontecendo.

JGB: Em síntese, como avalia a situação do ex-presidente Lula?

Fernando Morais – Eu acho que se alguém no Brasil disser que sabe o que vai acontecer com o presidente Lula está mentindo, porque ninguém sabe, a gente não sabe. Sabe que houve um Golpe e que o alvo do Golpe era ele. Para impedir que ele fosse candidato a presidente da República, as pesquisas deixaram isso muito claro. Então, a primeira parte do Golpe político foi concebido.

Agora, a grande dificuldade que a prisão do Lula traz para os adversários, seus inimigos, é que não conseguiram provar nada. Não conseguiram provar. O que aconteceu? As denúncias foram feitas em troca de redução de pena. Teve gente que falou isso para mim, gente que teve preso 12, 13 meses, eu perguntei: mas, por que você esteve preso por tanto tempo? Você não é ladrão, você é empresário. Ele disse: porque eu não falei do Lula, porque eu não tinha nada do Lula para falar. Se ele falasse teria ficado dois dias, três dias preso. Então, não acho que a luta pela libertação do Lula é justa, e não é porque é o Lula, porque fez um governo popular, por isso, por aquilo, é porque ele é inocente.

JGB: Existe uma expectativa sobre o lançamento da obra biográfica de sua autoria que aborde a vida do ex-governador e senador Antônio Carlos Magalhães, como está o projeto?

Fernando Morais: O projeto está de pé. Era para eu estar fazendo, até ter publicado o livro, se não fosse o problema de o Lula ter tido câncer. Quando o Lula teve câncer na garganta, a gente nunca sabe, isso é uma doença maldita, eu tive que furar a fila, acelerar o projeto da biografia sobre o ex-presidente. Mas, de qualquer maneira, eu não me preocupo muito com prazo, porque o que eu tenho do ACM ninguém tem, que são 7 anos de gravações e os arquivos pessoais que ele deu para mim.

Sabe, generosamente, o senador, quando vivo, me entregou um acervo pessoal dele. Eu devo ter feito umas dez viagens Salvador-São Paulo, levando uma malinha na mão, na qual guardava os arquivos para que fossem digitalizados. Fiz isso porque eu não queria despachar a documentação, com medo perde-la. Então, como eu tenho material que ninguém tem eu não tenho com o que me preocupar.

Outro dia um amigo falou: estou pensando em fazer um livro sobre ACM, o que você acha. Eu falei: eu acho bom, quanto mais livros sobre ACM houverem, tanto melhor, agora, igual ao meu não vai ter não, porque eu sou melhor que você, porque eu tenho dados que você não tem.

JGB: Tem ideia do prazo de lançamento?

Fernando Morais: Eu espero terminar a biografia de Lula esse ano, em 2019. Já era para ter terminado. Aliás, era para ter publicado, se não fosse a crise política. Então, eu estou trabalhando na biografia do ACM e, paralelamente, na biografia do ex-presidente Lula.

JGB – A biografia sobre o ex-presidente Lula seria uma obra mais extensa?

Fernando Morais: Mas uma coisa não atrapalha a outra, é até bom, porque às vezes pega um personagem, mergulha, mergulha, mergulha e chega um momento que você satura e perde um pouco o senso crítico. É bom você se distanciar um pouco do personagem biografado e pegar outro para refrescar a cabeça.

No caso específico do ex-senador ACM, uma grande produtora paulista está querendo fazer um filme, querendo que eu faça o roteiro de um filme, independentemente do livro. O livro vai sair de qualquer maneira. Os produtores estiveram aqui, em Salvador, consultando a família para ver sobre a possibilidade de objeção a que se fizesse o filme. Aparentemente não tem. Então, há a possibilidade também de que saia um longa-metragem. Não é um documentário, seria um filme dramatizado com atores, atrizes, mas sai.

JGB: Em uma perspectiva sobre a economia, como avalia o atual cenário, que me parece ser de uma paralisação em termos de investimento estatal e dinâmica macro e microeconômica?

Fernando Morais: Vai ser bom para rico, ruim para pobre e péssimo para a nação. Não tenha dúvida do que eu estou falando. Ele vai acabar décimo terceiro salário, vai acabar o mês de férias, vai acabar justiça do trabalho. Se o seu patrão te demitir, você vai ter que se queixar com o bispo. Então, é muito ruim, muito, muito ruim. E para a economia nacional é um horror, porque estão vendendo o Brasil a preço de banana na bacia das almas, para o capital internacional.

Confira áudio da entrevista

Fernando Morais: O Governo Bolsonaro vai ser bom para rico, ruim para pobre e péssimo para a nação. Não tenha dúvida do que eu estou falando. Ele vai acabar décimo terceiro salário, vai acabar o mês de férias, vai acabar justiça do trabalho. Se o seu patrão te demitir, você vai ter que se queixar com o bispo.
Fernando Morais: O Governo Bolsonaro vai ser bom para rico, ruim para pobre e péssimo para a nação. Não tenha dúvida do que eu estou falando. Ele vai acabar décimo terceiro salário, vai acabar o mês de férias, vai acabar justiça do trabalho. Se o seu patrão te demitir, você vai ter que se queixar com o bispo.
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Sobre Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia 11046 artigos
Carlos Augusto é Mestre em Ciências Sociais, na área de concentração da cultura, desigualdades e desenvolvimento, através do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Ensino Superior da Cidade de Feira de Santana (FAESF/UNEF) e Ex-aluno Especial do Programa de Doutorado em Sociologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atua como jornalista e cientista social, é filiado à Federação Internacional de Jornalistas (FIJ, Reg. Nº 14.405), Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ, Reg. Nº 4.518) e a Associação Bahiana de Imprensa (ABI Bahia), dirige e edita o Jornal Grande Bahia (JGB), além de atuar como venerável mestre da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Maçônica ∴ Cavaleiros de York.