CI aprova decreto contra regras tarifárias da Aneel que afetam Nordeste

Senado aprova projeto de decreto legislativo que visa revogar resoluções da Aneel que aumentariam os custos da transmissão de energia excedente no Nordeste.
Senado aprova projeto de decreto legislativo que visa revogar resoluções da Aneel que aumentariam os custos da transmissão de energia excedente no Nordeste.

Nesta terça-feira (24/10/2023), a Comissão de Infraestrutura (CE) do Senado Brasileiro aprovou um projeto de decreto legislativo (PDL 365/2022) destinado a revogar duas regras tarifárias da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Estas regras propostas impactariam negativamente os estados do Nordeste, tornando mais onerosa a transmissão de energia excedente produzida na região a partir de 2028. Agora, o PDL segue para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

As resoluções da Aneel em questão são a 1.024 e a 1.041, ambas datadas de 2022. Elas alteraram o cálculo das tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (Tust) e de Uso do Sistema de Distribuição (Tusd), estabelecendo um período de transição até 2028, durante o qual os geradores de energia pagariam mais para utilizar as linhas de transmissão para escoar a energia que produzem. Essas resoluções aumentam o que é chamado de “sinal locacional”, um componente das tarifas que considera a distância entre os geradores de energia e os centros de consumo.

Segundo o senador Otto Alencar (PSD-BA), relator do PDL, essas regras afetam principalmente os geradores de energia eólica localizados no Norte e no Nordeste, que exportam a energia excedente para o Sul e o Sudeste. Otto alerta que isso poderia resultar na migração de projetos e investimentos de uma região para outra.

“O objetivo do sinal locacional é incentivar novos consumidores a se instalarem próximos às fontes de geração de energia, e as novas instalações de geração de energia a se aproximarem dos centros de consumo, a fim de minimizar a necessidade de investimentos em transmissão. No entanto, o sinal locacional não deve ser aplicado para promover a realocação de geradores e consumidores já estabelecidos, pois isso acarretaria a perda de investimentos já realizados tanto na geração e consumo quanto na transmissão, prejudicando a modicidade tarifária”, explica o senador no parecer.

Durante a votação, o senador Cid Gomes (PDT-CE) expressou sua preocupação de que a medida da Aneel favorece a concentração de renda ao retirar dos estados mais pobres uma fonte de desenvolvimento.

— Isso estabelece a pior lógica do mundo: o incentivo à concentração de renda. Faz com que a geração de energia seja mais barata nos lugares que já têm a indústria, a atividade econômica concentrada, os empregos. Nos lugares mais pobres do Brasil a geração de energia vai ser mais cara. Atenta contra qualquer programa de desenvolvimento regional, de fomento às energias sustentáveis.

Por outro lado, o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) se mostrou contrário ao PDL, argumentando que a revogação das resoluções beneficiaria apenas o Nordeste, enquanto estados das regiões Norte e Centro-Oeste também usam energia transmitida e poderiam se beneficiar do novo arranjo. Além disso, ele alega que essas regiões têm potencial para explorar a geração de energia própria.

— Para nós, é mais caro trazer [energia] do Nordeste do que fazer as usinas eólicas. Ali se gera a energia, se produz e se consome. É uma vantagem fazer nas outras regiões, não apenas no Nordeste, e [continuar] pagando um pedágio.

Senadores das regiões Norte e Centro-Oeste concordaram com essa visão, mas votaram a favor do PDL por diferentes razões. Marcos Rogério (PL-RO) e Alan Rick (União-AC) preferiram levar o debate para a CCJ, etapa seguinte do projeto. Jayme Campos (União-MT) criticou as práticas da Aneel e argumentou que é necessário impor um “freio de arrumação” na agência.

*Com informações da Agência Senado.

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