A relegação da religião à esfera privada tem sido um tema recorrente na ciência política, mas vivenciamos um ressurgimento global dessa influência. Teorias antigas, como a de Marx e Freud, previam o declínio da religião com a modernização, mas o cenário atual contraria essa perspectiva. A religião, outrora considerada secundária nas relações internacionais, ressurge como elemento crucial.
A visão predominante nas abordagens liberais, que minimizavam a importância da religião em comparação com fatores econômicos e militares, começou a ser desafiada nos anos 80. Um renascimento global da religião trouxe-a de volta à esfera pública, desafiando a premissa de Nietzsche sobre a “morte de Deus”. Exemplos como a Revolução Iraniana e o fortalecimento da “direita cristã” nos EUA e Brasil evidenciam essa mudança.
No Oriente Médio, o Islã substituiu gradualmente o nacionalismo como principal ideologia, enquanto no sul da Ásia, líderes como Narendra Modi mobilizam a religião para consolidar identidades nacionais. O caso do Hindutva na Índia ilustra a fusão de nacionalismo e religião. O ressurgimento religioso, entretanto, não é exclusivamente conservador, como visto na Teologia da Libertação na América Latina.
A relevância da religião na política e no debate público está em ascensão, e sua influência nas relações internacionais é cada vez mais evidente. Se, por um lado, a religião pode ser usada para promover justiça social, por outro, é manipulada para justificar violência política. O século XXI continuará sendo palco de uma “divina política”.
*Com informações da Sputnik News.
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