Abdias Nascimento, 110 anos: A luta para unir africanos e descendentes

Intelectual, ativista e político, Abdias Nascimento dedicou sua vida à promoção do pan-africanismo e à defesa dos direitos dos negros no Brasil e no mundo.
Intelectual, ativista e político, Abdias Nascimento dedicou sua vida à promoção do pan-africanismo e à defesa dos direitos dos negros no Brasil e no mundo.

Abdias Nascimento, figura multifacetada e incansável na luta pelos direitos dos negros, completaria 110 anos. Nascido em Franca, interior de São Paulo, em 1914, Abdias foi muito mais do que um ativista político ou intelectual renomado; ele personificou a busca pela união dos povos africanos e seus descendentes ao redor do globo. Sua trajetória marcada por intercâmbios culturais, exílios políticos e uma intensa produção intelectual é um legado vivo que inspira gerações até os dias de hoje.

A jornada de Abdias rumo à consciência pan-africana teve um ponto de inflexão emblemático durante o 6º Congresso Pan-Africano em Dar-es-Salaam, Tanzânia, em 1974. Como único representante da América do Sul, teve a oportunidade de banhar-se nas águas do Rio Nilo, experiência que descreveu como um renascimento espiritual. Esse batismo simbólico não apenas reforçou sua conexão com a África como berço de sua identidade, mas também moldou sua missão de difundir o pan-africanismo como uma resposta às injustiças raciais enfrentadas pelos povos africanos e seus descendentes ao redor do mundo.

Durante seu exílio nos Estados Unidos e na Nigéria, Abdias mergulhou em um ambiente intelectual e político vibrante, onde ampliou sua compreensão do pan-africanismo e estabeleceu conexões com líderes e intelectuais africanos. Sua atuação como professor universitário e participante ativo em eventos internacionais permitiu-lhe desenvolver críticas contundentes à ideia de uma democracia racial no Brasil e fortalecer laços com movimentos antirracistas em todo o mundo. Seu discurso no 6º Congresso Pan-Africano de 1974 refletiu não apenas sua convicção pessoal, mas também sua visão de uma identidade negra global, enraizada na história e nas lutas dos povos africanos e da diáspora.

Ao retornar ao Brasil em 1981, Abdias fundou o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro) ao lado de Elisa Larkin, sua companheira e parceira intelectual. Juntos, promoveram o 3º Congresso de Cultura Negra das Américas em 1982, reafirmando o compromisso de fortalecer a identidade negra e combater o racismo estrutural. Sua atuação política como deputado federal pelo PDT-RJ também foi marcada por propostas de solidariedade internacional, como o apoio ao movimento anti-apartheid na África do Sul.

O legado de Abdias Nascimento transcende sua própria vida e permanece como um farol de esperança e inspiração para as lutas antirracistas no Brasil e além. Seu incansável ativismo, sua produção intelectual prolífica e sua visão de um mundo onde todos os povos africanos são unidos em sua diversidade cultural e histórica continuam a ecoar nas vozes daqueles que lutam por justiça e igualdade em todo o mundo.

*Com informações da Agência Brasil.

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