Jornalistas da Argentina reagem a anúncio de fim da agência pública

Decisão de encerrar as atividades da Télam, agência de notícias pública argentina, gera preocupações quanto ao acesso à informação no país.
Decisão de encerrar as atividades da Télam, agência de notícias pública argentina, gera preocupações quanto ao acesso à informação no país.

A decisão do presidente da Argentina, Javier Milei, de encerrar a Télam, agência pública de notícias do país, desencadeou uma série de reações por parte dos trabalhadores da imprensa. O Sindicato de Imprensa de Buenos Aires (SiPreBA) e a Federação Argentina de Trabalhadores de Imprensa (Fatpren) anunciaram uma resposta conjunta, prometendo empreender ações jurídicas, sindicais e políticas contra a intenção do governo.

O anúncio de Milei foi feito durante o discurso de abertura das sessões ordinárias do Congresso argentino na noite de sexta-feira (01/03/2024). O presidente argumentou que a Télam tem sido utilizada como “meio de propaganda kirchnerista”, justificando assim sua decisão. O kirchnerismo é o principal movimento de oposição a Milei na Argentina, associado aos ex-presidentes Néstor (2003-2007) e Cristina Kirchner (2007-2015).

Diversas personalidades reagiram imediatamente ao anúncio, expressando sua oposição. A secretária-geral da Fatpren, Carla Gaudensi, defendeu a continuidade da Télam, afirmando que “a Télam não fecha” e convocando para sua defesa não apenas os trabalhadores da agência, mas todo o povo argentino. A deputada de oposição Myriam Bregman denunciou o anúncio como mais um ataque aos trabalhadores e chamou à ação, propondo um “plano de luta e greve nacional”. A Comisión Gremial Interna (CGI) da Télam convocou uma assembleia geral para traçar estratégias de enfrentamento à decisão de Milei e defender a agência nacional.

Em um comunicado conjunto, o SiPreBA e a Fatpren destacaram a importância da Télam na mídia argentina, enfatizando que seu fechamento representaria não apenas uma ação ilegal, mas também ilegítima. Ressaltaram ainda que o material produzido pela Télam é utilizado por todos os meios de comunicação privados do país, e que seu encerramento seria um ataque ao sistema midiático como um todo.

A Télam, com seus 78 anos de existência, é a única agência de notícias com correspondentes em todas as províncias argentinas, produzindo uma média de 500 matérias e 200 fotografias por dia. Além disso, mantém um ecossistema de mídia diversificado, incluindo vídeo, rádio, website e redes sociais, e estabelece parcerias internacionais com instituições de imprensa como a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que inclui a Agência Brasil.

Fechamento da agência de notícias Télam ameaça o direito dos argentinos à informação

A decisão do presidente argentino, Javier Milei, de encerrar as atividades da Agência de Notícias pública Télam, que tem quase 80 anos de história, desperta preocupações sobre o direito à informação da população argentina. Especialistas e entidades ligadas à comunicação alertam para os possíveis impactos dessa medida, que ocorreu durante o discurso de abertura das sessões do Congresso Nacional.

O diretor do escritório da Repórteres Sem Fronteiras para a América Latina, Artur Romeu, classifica o fechamento da Télam como lamentável e um desrespeito à sociedade argentina. Destaca que a comunicação pública é fundamental para fortalecer o pluralismo midiático, especialmente em um país historicamente marcado pela alta concentração de mídia. Romeu ressalta que a Télam é essencial para dar voz às diferentes regiões do país, sendo a única agência com correspondentes em todas as províncias argentinas.

Samira de Castro Cunha, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas brasileiros (Fenaj), considera a decisão de Milei preocupante, afirmando que viola o direito de acesso à informação da população. Para ela, o fechamento da Télam reflete uma estratégia política para promover sistemas de comunicação desinformativos, visando impor uma narrativa de extrema direita ultraliberal. Castro Cunha ressalta que governos ultraliberais tendem a tratar os serviços públicos como gastos dispensáveis do Estado, em detrimento das áreas sociais.

Artur Romeu destaca a importância de fortalecer medidas que garantam a autonomia editorial das agências de comunicação pública em relação ao Poder Executivo, além de ampliar o orçamento para modernização de equipamentos. Enquanto isso, o Sindicato de Imprensa de Buenos Aires (SiPreBA) repudia o encerramento da Télam, destacando a qualidade e profissionalismo do serviço prestado aos argentinos, e reitera o compromisso de defender o papel social da agência e seus trabalhadores.

*Com informações da Agência Brasil.

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