O Pelourinho se prepara para a folia e para ambientar o espaço com o tema 60 anos de Trio Elétrico. Euro Pires e André Cruz foram os artistas plásticos selecionados através de concurso público do Pelourinho Cultural/IPAC, para executarem o projeto de decoração do Circuito Batatinha.
Os projetos do Concurso Público para a decoração do Carnaval do Pelourinho, sob coordenação geral da Secretaria de Cultura do Estado (Secult-Ba), foram selecionados através de comissão julgadora que avaliou a parte técnica, estética e harmônica adequando à coerência do tema proposto e aos espaços do Circuito Batatinha, tendo em vista que o Centro Histórico de Salvador (CHS) é área de Tombamento Federal, através do IPHAN, chancelada pela UNESCO como ‘Patrimônio da Humanidade’.
Nas oficinas dos artistas, a produção não pára. São mais de mil metros de tábuas cultivadas ecologicamente, mais de 600 folhas de compensado, 800 metros de ferro, 200 metros de barra de ferro, 123 metros de espuma, 200 metros de tecido e 1.500 metros de papel. A decoração mistura papéis usados nas antigas decorações como madeira, pintura à mão com plotagem em lona retro-iluminadas e lonas foscas. A montagem começa na primeira semana de fevereiro.
“Trabalho há alguns anos com decoração para Carnaval, mas hoje em dia, apenas o Pelourinho faz a decoração específica. A ausência de decoração nos outros circuitos contribuiu um pouco com a falta de beleza nesses locais”, afirma Euro Pires, cenógrafo, figurinista e um dos artistas mais atuantes das artes cênicas de Salvador. “Nós vamos fazer pequenas réplicas de trios históricos, como o Tupinambá, Paturi, Caetanave, o Saborosa e o Fobica, antigo trio de Dodô e Osmar”, diz o artista plástico.
O CHS com o Circuito Batatinha é o único espaço que ainda preserva a tendência das antigas festas carnavalescas. Através do concurso público, a SecultBA viabiliza a decoração temática e a programação artística de largos e praças. É no Circuito Batatinha que o público familiar se concentra, podendo brincar o carnaval com mais tranqüilidade.
“O Carnaval transporta este espaço para a magia, para o sonho. Os elementos simbólicos da decoração ambientam este desejo, atrai as crianças, e conta a história da nossa cidade. Seria muito bom que além do Pelourinho, outros circuitos ganhassem este tratamento estético apresentado por Euro Pires”, afirma Ivanna Soutto diretora do Pelourinho Cultural.
A decoração do Carnaval do Pelourinho vai da Catedral da Sé ao cume da Ladeira do Carmo, abrangendo várias ruas e largos internos como os Largos Tereza Batista, Pedro Arcanjo, Largo Quincas Berro D’água, Praça do Reggae e Escadaria do Paço, além das grandes praças como Terreiro de Jesus, Cruzeiro de São Francisco e Largo do Pelourinho.
“Buscamos fugir das tradicionais peças dupla-face optando por peças com quatro faces, com muitas lâmpadas – normalmente, usadas por grande parte dos trios – e de expressão plástica, que foi uma característica predominante nos trios elétricos dos anos 70 e 80 quando não havia ainda a plotagem. Antes os trios eram decorados com pinturas aerografadas diretamente na estrutura”, explica Euro.
60 Anos do Trio Elétrico – A Fobica (antigo Ford ’29), que entrou no circuito pela primeira vez no Carnaval em Salvador (1951) com Dodô e Osmar, foi substituída por uma pick-up Chysler Fargo no ano seguinte. Junto com o novo carro, a dupla chamou Temístocles Aragão para integrar o grupo, que passou a se chamar Trio Elétrico. Sessenta anos depois, o trio elétrico é um dos principais símbolos do Carnaval, podendo carregar bandas com mais de 25 integrantes, alto-falantes em todos os lados e muitas evoluções tecnológicas, a exemplos de palcos externos e super camarins para as estrelas do carnaval baiano.
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