Senador Walter Pinheiro comenta em entrevista exclusiva: eleições em Salvador e Feira de Santana, dificuldade em liberar recursos federais, CPMI do Cachoeira, baixo crescimento do PIB e sobre um novo shopping para Feira

Walter Pinheiro : "O caso de Demostenes é de completa relação com a estrutura criminosa Carlinhos Cachoeira, se ele pegou alguém difícil ou não eu não sei, mas ele utilizou da estrutura e se permitiu ser usado pela estrutura criminosa Carlinhos Cachoeira." (Foto: Carlos Augusto (Guto Jads) - Jornal Grande Bahia)
Walter Pinheiro : "O caso de Demostenes é de completa relação com a estrutura criminosa Carlinhos Cachoeira, se ele pegou alguém difícil ou não eu não sei, mas ele utilizou da estrutura e se permitiu ser usado pela estrutura criminosa Carlinhos Cachoeira." (Foto: Carlos Augusto (Guto Jads) - Jornal Grande Bahia)
Walter Pinheiro: "As eleições de Salvador, hoje, carregam em si um gravíssimo problema, que é o acumular de má gestão, você tem em Salvador. Uma cidade que sofreu muito ao longo das gestões, tanto no aspecto administrativo, como no aspecto de intervenção na cidade." (Foto: Carlos Augusto (Guto Jads) - Jornal Grande Bahia)
Walter Pinheiro: "As eleições de Salvador, hoje, carregam em si um gravíssimo problema, que é o acumular de má gestão, você tem em Salvador. Uma cidade que sofreu muito ao longo das gestões, tanto no aspecto administrativo, como no aspecto de intervenção na cidade." (Foto: Carlos Augusto (Guto Jads) - Jornal Grande Bahia)

Senador Walter Pinheiro (PT-BA), em entrevista exclusiva ao jornalista Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia, afirma que as eleições em Salvador são difíceis, e que em Feira de Santana, Zé Neto tem chances de vitória. Pinheiro comenta sobre a dificuldade em liberar recursos federais para a Bahia, e sobre a CPMI do Cachoeira, que atinge deputados federais. Pinheiro finaliza a entrevista comentando sobre o baixo crescimento do PIB e sobre a possibilidade de um grupo nacional investir na construção de um novo shopping em Feira de Santana.

Jornal Grande Bahia – Como o senhor avalia as eleições municipais em Salvador?

Walter Pinheiro – A Eleição municipal é uma das mais duras, onde você expõe as feridas locais, tem um maior nível de interação da sociedade, onde você tem também o afloramento das questões, porque é no município que você aplica que você investe. As eleições de Salvador, hoje, carregam em si um gravíssimo problema, que é o acumular de má gestão, você tem em Salvador. Uma cidade que sofreu muito ao longo das gestões, tanto no aspecto administrativo, como no aspecto de intervenção na cidade.

Então isso traz um debate fundamental na questão da relação com o governo federal, com o governo do estado e as disputas políticas. Portanto vai ser uma eleição dificílima, mas, onde a gente precisa fazer com que o cidadão metropolitano volte a ter esperança e que com essa esperança ele consiga depositar confiança e efetivamente consiga depositar um projeto que se proponha a fazer grandes transformações em Salvador.

É nesse desafio que estamos envolvidos, não é fácil, vai ser uma eleição muito difícil. Nosso candidato, Nelson Pellegrino, vai enfrentar uma pedreira, porque você tem que apresentar isso, e ao mesmo tempo fazer todo um debate da própria questão da vinculação da política estadual com a política nacional.

JGB – Em Feira de Santana seu amigo, compadre, correligionário, com quem o senhor dividiu diversas campanhas, hoje é candidato a prefeito, deputado Zé Neto. Como o senhor avalia as possibilidades de vitória do PT em Feira de Santana?

Walter Pinheiro: "A Bahia tem agora diante de si um desafio fundamental nessa relação com o governo federal, que é um investimento para infraestrutura rodoviária, ferroviária, os portos, na área de educação." (Foto: Carlos Augusto (Guto Jads) - Jornal Grande Bahia
Walter Pinheiro: "A Bahia tem agora diante de si um desafio fundamental nessa relação com o governo federal, que é um investimento para infraestrutura rodoviária, ferroviária, os portos, na área de educação." (Foto: Carlos Augusto (Guto Jads) - Jornal Grande Bahia)

Walter Pinheiro – Eu avalio com grandes possibilidades, até porque Feira de Santana passa hoje uma reestruturação profunda e é fundamental até para o cidadão de Feira que tem a disposição de nos dar essa oportunidade. Oportunidade que foi tentada diversas vezes, para gente mostrar um trabalho, continuar implementando um programa, que a gente já discutiu em nível nacional, programa que nós implementamos com Lula e continuamos com Dilma e com o próprio governo do Estado.

É um desafio muito grande, e este Zé Neto, hoje, é um sujeito muito mais preparado, que acumulou uma experiência, não só o seu amor, a sua garra, a sua obstinação, o seu desejo, mas eu diria com a sua capacitação. Junto com Eliana Boaventura [candidata a vice-prefeita] e formando um a grande dupla.  Para tentar fazer uma gestão em Feira de Santana, e que venha ao encontro dessa necessidade do povo baiano de voltar Feira a ser a grande cidade da Bahia e não uma cidade do interior da Bahia.

Feira de Santana tem um papel fundamental, de integrador econômico, integrador social, integrador das distâncias, portanto, eu acredito que Zé Neto tem uma grande oportunidade de debater esse programa com o povo de Feira de Santana e ganhar do povo essa confiança para gerir a cidade nos próximos quatro anos.

JGB – Eu acompanho o seu mandato e sei que o senhor é um dos principais articuladores do governo, nessa relação com o Congresso e na relação com a sociedade. Eu fico me perguntando, porque mesmo com essa posição privilegiada, com inúmeras gestões do senhor, os recursos federais para Bahia parecem vir sempre tão lentamente?

Walter Pinheiro – Eles estão vindo à proporção da própria disposição de liberação do governo federal. A Bahia, esse ano, por exemplo, recebeu inúmeros investimentos, mas também deu um desacerto brutal. Nós enfrentamos uma crise que começou em 2008, o governo Wagner terminou assumindo quase que no olho da crise, em 2009 nós conseguimos um volume expressivo de recursos para investimento, algo na ordem de R$ 1 bilhão de reais através de operações.

A Bahia tem agora diante de si um desafio fundamental nessa relação com o governo federal, que é um investimento para infraestrutura rodoviária, ferroviária, os portos, na área de educação. A Bahia recebeu do governo federal, por exemplo, na gestão de Wagner, mais quatro universidades federais, vamos completar agora cinco e aumentamos consideravelmente o número de IFETs, interiorizando o ensino técnico.

Portanto, fizemos um nível de ampliação dessa capacitação de recursos a nível federal, de investimentos também na área social, na agricultura, grandes investimentos. A Bahia é o estado que receberá o maior volume de crédito para agricultura, tanto o agronegócio, quanto a agricultura familiar. Eu diria a você que na história do Brasil a Bahia nunca recebeu tantos recursos como nesse atual estágio.

JGB – Com relação a CPMI do Cachoeira. O senhor teve uma postura muito dura com relação à condução ética do processo, se posicionando no sentido de que o senador teria que sair dos quadros do Senado da República por não mais representar valores éticos e morais do povo brasileiro naquela casa. Essa CPMI agora atinge nomes na Câmara Federal, como o senhor avalia esse quadro?

Walter Pinheiro : "A expectativa do povo brasileiro foi revista agora pela equipe econômica, a expectativa é que ele não atinja as cifras que haviam sido anunciadas anteriormente. Há uma expectativa de que ela fique na casa de no máximo 3% esse ano." (Foto: Carlos Augusto (Guto Jads) - Jornal Grande Bahia
Walter Pinheiro : "O caso de Demostenes é de completa relação com a estrutura criminosa Carlinhos Cachoeira, se ele pegou alguém difícil ou não eu não sei, mas ele utilizou da estrutura e se permitiu ser usado pela estrutura criminosa Carlinhos Cachoeira." (Foto: Carlos Augusto (Guto Jads) - Jornal Grande Bahia)

Walter Pinheiro – O caso de Demostenes é de completa relação com a estrutura criminosa Carlinhos Cachoeira, se ele pegou alguém difícil ou não eu não sei, mas ele utilizou da estrutura e se permitiu ser usado pela estrutura criminosa Carlinhos Cachoeira. Portanto, o motivo dele ter pedido o mandato foi exatamente isso, esse equivoco cometido por ele ou até essa disposição dele de se permitir servir a uma organização criminosa.

Quanto aos deputados eu diria que o processo deveria passar pelo menos por uma avaliação por parte do conselho de ética da Câmara, para ver se os deputados foram ou não parte desse esquema. Eu não quero dar lição aos deputados, mas eu não sei se poderia se decidir tão de imediato, liminarmente que não deveria continuar o processo com os deputados. O correto era fazer as oitivas, ouvir os depoimentos e se efetivamente os deputados não tivessem envolvimento eles seriam inocentados. Mas, o correto era promover, inclusive, até juntando com as informações que se tem da polícia federal, fazer uma apuração fidedigna como nós fizemos no caso Demostenes.

JGB – A crítica especializada fala no baixo crescimento do PIB. O que você tem a dizer sobre isso?

Walter Pinheiro – A expectativa do povo brasileiro foi revista agora pela equipe econômica, a expectativa é que ele não atinja as cifras que haviam sido anunciadas anteriormente. Há uma expectativa de que ela fique na casa de no máximo 3% esse ano. Isso foi o principal instrumento dessa questão, óbvio que a crise internacional teve um grande peso, nós paramos de nos relacionar com grandes mercados, ou diminuímos consideravelmente o número de transações, de movimentações da balança comercial com dois grandes mercados, o americano e o europeu.

Também o próprio fato de você ter que refazer todo um caminho de infraestrutura, começou com Lula essa história da gente tentar retomar a infraestrutura no Brasil, portos, aeroportos, voltar as nossas ferrovias, que foram sucateadas, em alguns casos, privatizadas. Esse momento da economia nacional é um momento muito difícil para nós, mas é um momento muito em sintonia com a crise internacional. O esforço está sendo feito pela presidenta Dilma, no sentido de exonerar a folha, de ajudar a indústria para permitir inclusive um maior nível de investimento por parte do empresariado, principalmente com recursos públicos, para você ter uma ideia a nossa PETROBRAS, por exemplo, deve investir mais de 70 bilhões esse ano para tentar estimular.

A Bahia, por exemplo, recebeu aqui agora contratação da construção de seis plataformas para com isso a gente tentar reestimular a indústria naval na Bahia, fazer investimento local, articular com isso também outros setores da indústria para você ir criando primeiro a geração de postos de trabalho local e no segundo passo a questão do consumo para permitir que essa retomada interna do crescimento supere a própria questão da crise que a gente está enfrentando a partir das relações externas.

JGB – Para finalizar a nossa entrevista eu volto para Feira de Santana. Eu sei que o senhor tem relação com grupos empresariais que lhe visitam para falar de projetos. Existe um comentário de que existe um grupo empresarial querendo investir na área de shopping center em Feira de Santana. O senhor tem algo a falar sobre isto?

Walter Pinheiro – Feira está recebendo vários empreendimentos. Nós estamos em um esforço enorme para resolver a questão do aeroporto, já fizemos o processo licitatório e agora aguardamos a concessão definitiva por parte da Secretária Nacional de Aviação e da ANAC para começar as obras do aeroporto de Feira, além da questão do centro de logística. Portanto dois grandes equipamentos nessa área que servirão para atrair mais empresas, até porque por Feira à movimentação de carga e nós precisamos agora transformar Feira na grande processadora dessa carga que por aqui passa e isso vai criando interesses.

Um dos interesses, Feira é uma cidade hoje já beirando seus 600 mil habitantes, mas é uma cidade caráter regional então consequentemente quem tem uma atividade comercial se interessa por uma cidade desse porte. Nós recebemos de um grande grupo que opera shoppings no Brasil a demanda para instalar a sua atividade comercial na cidade de Feira de Santana, então estamos nessa tratativa, colocando esse grupo em contato com o governo do Estado para ver quais são as condições e ajuda que podemos oferecer, para que esse grupo possa construir mais um equipamento, outro shopping center na cidade de Feira de Santana. Espero que até o final do ano isto seja consolidado e agente tenha ainda esse ano o início das obras de mais um shopping center na cidade de Feira de Santana.

Confira o áudio da entrevista

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Sobre Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia 10838 artigos
Carlos Augusto é Mestre em Ciências Sociais, na área de concentração da cultura, desigualdades e desenvolvimento, através do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Ensino Superior da Cidade de Feira de Santana (FAESF/UNEF) e Ex-aluno Especial do Programa de Doutorado em Sociologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atua como jornalista e cientista social, é filiado à Federação Internacional de Jornalistas (FIJ, Reg. Nº 14.405), Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ, Reg. Nº 4.518) e a Associação Bahiana de Imprensa (ABI Bahia), dirige e edita o Jornal Grande Bahia (JGB), além de atuar como venerável mestre da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Maçônica ∴ Cavaleiros de York.

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