Contra o Golpe: Polícia indicia 16 detidos em protesto em São Paulo por associação criminosa; forças repressoras reacendem a memória do DOPS

Manifestantes pedem novas eleições durante ato na Avenida Paulista.
Manifestantes pedem novas eleições durante ato na Avenida Paulista.
Manifestantes pedem novas eleições durante ato na Avenida Paulista.
Manifestantes pedem novas eleições durante ato na Avenida Paulista.

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que os 16 adultos detidos em protesto realizado no domingo (04/09/2016) em São Paulo foram indiciados por associação criminosa e corrupção de menores. No total, 26 pessoas foram detidas, entre elas dez adolescentes, que também passaram a noite na carceragem. Os adolescentes responderão por ato infracional.

Os manifestantes protestaram contra o presidente Michel temer e pediam eleições diretas. De acordo com os organizadores, 100 mil pessoas participaram do ato. A PM não deu estimativas. O protesto transcorreu pacífico, porém ao final a polícia lançou bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e jatos de água.

Em nota, a secretaria informou que, no momento da prisão, os detidos estavam com “uma barra de ferro, câmeras, celulares, toucas, lenços, máscaras e diversos frascos contendo líquidos, que foram enviados à perícia para análise da substância. “Cinco dos jovens carregavam pedras e estilingues em mochilas. Um celular roubado também foi encontrado com um dos adolescentes”, diz a SSP.

Na sua página, nas redes sociais, o Movimento Passe Livre (MPL) diz que os objetos foram “plantados” pelos policiais e que os jovens não são adeptos da tática black bloc.

Famílias

Do lado de fora do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), na capital paulista, parentes aguardavam, apreensivos, por informações dos jovens detidos.

A mãe de uma das jovens, uma estudante de comunicação social de 19 anos, que preferiu não se identificar, disse que a filha foi detida de forma violenta em frente ao Centro Cultural São Paulo, na região do Paraíso, horas antes do início da manifestação. “Fiquei a noite toda aqui, pelo menos me deixaram ver a minha filha. Mas, por 8 horas, não nos davam informações, nem deixavam advogados entrarem”, disse.

A mãe da jovem disse que ouviu na delegacia que as prisões ocorreram por crimes ligados à tática black bloc, investigados pelo Deic. A secretaria informou que os detidos foram encaminhados ao Deic, uma vez que o departamento apura a conduta de organizações criminosas.

Juno Guerreiro David, advogado de um dos detidos, confirmou que há suspeita por parte da polícia de que os jovens integrem a tática black block. Juno disse que a informação é equivocada, já que seu cliente, que prefere não se identificar, tinha intenção apenas de fotografar o trabalho dos socorristas durante a manifestação. O rapaz tem aproximadamente 20 anos, estuda e trabalha, defendeu o advogado.

Audiência de custódia

Os detidos serão encaminhados, após passarem por exame de corpo de delito, para audiência de custódia, em que se apresentam ao juiz para verificar a necessidade e adequação da continuidade da prisão. “Muito provavelmente, o juiz com um certo discernimento, deve colocar todos em liberdade, uma vez que não há comprovação de que eles lesaram, agrediram alguém, não depredaram patrimônio público”, disse.

O Passe Livre convocou para as 14 horas uma manifestação em frente ao Fórum da Barra Funda, zona oeste, onde serão levados os jovens para a audiência de custódia.

DOPS

O Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), criado em 30 de Dezembro de 1924, foi o órgão do governo brasileiro, utilizado principalmente durante o Estado Novo e mais tarde na Ditadura Militar de 1964, cujo objetivo era censurar e impedir movimentos políticos e sociais contrários ao regime no poder. O órgão, que tinha a função de assegurar e disciplinar a ordem militar no país, foi instituído em 17 de abril de 1928 pela lei nº 2304 que tratava de reorganizar a polícia do Estado.

Durante a Ditadura Militar, em São Paulo, o delegado mais conhecido foi Sérgio Paranhos Fleury, devido às acusações de “linha dura” feitas pelos presos.

Os governantes de São Paulo tiveram e têm íntima relação com sistemas repressores, que violam os direitos humanos. O que ocorre nos dias atuais apenas é uma reedição do que ocorreu no passado. Golpes começam assim e, nesse sentido, a revisão histórica apenas confirma a função conservadora/reacionária do governo Geraldo Alckmin.

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