Brasil e Alemanha têm novos Patrimônios Mundiais: Cais do Valongo e Caverna de Hohle Fels

Cais do Valongo é testemunho da escravidão negra nas Américas.
Sítio histórico do Cais do Valongo, Rio de Janeiro.
Cais do Valongo é testemunho da escravidão negra nas Américas.
Sítio histórico do Cais do Valongo, Rio de Janeiro.
Os arqueólogos encontraram a figura feminina nesta caverna. A maioria dos artefatos encontrados representa animais e remonta ao período aurignaciano (início do paleolítico superior) um tempo em que o neandertal e o homo sapiens viveram, em parte, lado a lado, e procuravam abrigo em cavernas. Já naquela época havia inúmeras grutas na região de Schwäbische Alb (montanhas da Suábia).
Os arqueólogos encontraram a figura feminina nesta caverna. A maioria dos artefatos encontrados representa animais e remonta ao período aurignaciano (início do paleolítico superior) um tempo em que o neandertal e o homo sapiens viveram, em parte, lado a lado, e procuravam abrigo em cavernas. Já naquela época havia inúmeras grutas na região de Schwäbische Alb (montanhas da Suábia).

O comitê da Unesco declarou quatro novos sítios Patrimônio Mundial da Humanidade no domingo (09/07/2017). Entre eles estão seis cavernas da Era do Gelo no sul da Alemanha e um sítio arqueológico no Brasil.

Cavernas suábias contendo arte figurativa de 40 mil anos e cais no Rio de Janeiro onde escravos africanos chegavam ao continente americano são escolhidos pela Unesco como novos Patrimônios da Humanidade.

Cais do Valongo

O comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, reunido em Cracóvia, evocou na ocasião a memória do afluxo de cerca de 900 mil escravos africanos que desembarcaram no cais de pedra de Valongo, construído em 1811, no centro da capital carioca.

O Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, foi porto de desembarque de escravos trazidos da África. Os vestígios arqueológicos ali encontrados constituem importante evidência material da chegada dos africanos escravizados ao continente americano. A área em que se situa chegou a ser conhecida como Pequena África na virada para o século 20, devido à grande concentração de afrodescendentes.

Este é o 21º sítio brasileiro incluído na Lista do Patrimônio da Humanidade. A Unesco recomenda que o país adote ações especificas para a gestão do Cais do Valongo, com projetos paisagísticos, oferecendo aos visitantes uma visão holística sobre os vestígios arqueológicos.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores em Brasília, tais medidas “deverão ser implementadas pelos governos federal, estadual e municipal, em coordenação com a sociedade civil e as comunidades envolvidas”.

Para a historiadora Katia Bogea, presidente do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Valongo merece figurar entre “outros lugares relevantes de memória, como Hiroshima ou Auschwitz.” “A proteção do patrimônio”, acrescentou Bogea perante a Comissão, “nos obriga a lembrar estas partes da história da humanidade que são proibidos de cair no esquecimento.”

Valongo é a evidência física e a pista histórica mais importantes associadas à chegada de escravos africanos nas Américas. As pedras em que quase um milhão de escravos provenientes da África deram seus primeiros passos no Brasil haviam sido deixadas sob os escombros da metrópole que se desenvolveu.

O cais desapareceu gradualmente no subterrâneo, sob várias camadas de revestimentos, de acordo com as renovações do bairro carioca.

Protegido por uma simples barreira e sem presença policial, o sítio arqueológico continua sendo particularmente vulnerável. Ele foi localizado sob uma espessa camada de cimento em 2011, quando se faziam escavações para reabilitar nas obras da zona portuária, um dos projetos emblemáticos ligados aos Jogos Olímpicos de 2016.

Contrapartida histórica

Esta estação é a contrapartida brasileira da Ilha de Gorée, no Senegal: classificada como Patrimônio Histórico Mundial em 1978, a ilha senegalesa é reconhecida como o ponto de partida simbólico dos escravos africanos em direção ao continente americano.

Os escravos não permaneceram durante muito tempo no Rio. Uma vez vendidos, eles foram rapidamente transportados para as usinas de açúcar do Nordeste, as minas de ouro de Minas Gerais e as plantações de café na região de São Paulo.

Os números exatos são difíceis de determinar com precisão, mas a maioria dos historiadores concorda que o Brasil recebeu em seu litoral mais de quatro milhões de escravos vindos da África, cerca de 40% das vítimas do tráfico que partiu em direção às Américas, um legado que se tornou um fardo para o Brasil, país que foi um dos últimos a abolir a escravidão, em 1888.

Cavernas de Schwäbische Alb

As seis cavernas nos vales dos rios Ach e Lone, na região montanhosa de Schwäbische Alb, contam entre os sítios arqueológicos mais importantes existentes. Numa delas foi encontrada em 2008 a mais antiga representação conhecida da figura humana: a escultura “Vênus de Hohle Fels”, com cerca de 40 mil anos de idade.

Escavações nos vales do Ach e Lone também revelaram artefatos como esta flauta de marfim

Iniciadas em 1860, as escavações nessas cavernas já revelaram numerosas representações figurativas, datando de até 43 mil atrás. Entre os motivos artísticos encontram-se mamutes, leões das cavernas, cavalos e instrumentos musicais, mas também corpos femininos e seres híbridos de homem e animal.

Segundo a Unesco, o sítio da Era do Gelo em torno da cidade de Blaubeuren, no estado de Baden-Württemberg, testemunha as mais antigas manifestações de arte figurativa em todo o mundo, fornecendo, assim, conhecimentos cruciais sobre a evolução da arte.

Na atual sessão, que vai de 2 a 12 de julho, em Cracóvia, o Comitê da Unesco também nomeou Patrimônio da Humanidade o sítio de Aphrodisias, na Turquia, e o English Lake District, no noroeste da Inglaterra.

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Sobre Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia 10926 artigos
Carlos Augusto é Mestre em Ciências Sociais, na área de concentração da cultura, desigualdades e desenvolvimento, através do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Ensino Superior da Cidade de Feira de Santana (FAESF/UNEF) e Ex-aluno Especial do Programa de Doutorado em Sociologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atua como jornalista e cientista social, é filiado à Federação Internacional de Jornalistas (FIJ, Reg. Nº 14.405), Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ, Reg. Nº 4.518) e a Associação Bahiana de Imprensa (ABI Bahia), dirige e edita o Jornal Grande Bahia (JGB), além de atuar como venerável mestre da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Maçônica ∴ Cavaleiros de York.