Enquanto a fanfarra se anunciava subindo a ladeira da 2ª travessa 22 de março, o cortejo percussivo da Associação Pracatum, na esquina da Rua da Paz, em Vista Alegre, rufava os tambores em boas-vindas. Logo à frente, um casal de pernas de pau abria alas convocando o público a seguir em caminhada para primeira edição do Festival Boca de Brasa, que aconteceu neste último sábado, no Espaço Boca de Brasa Subúrbio 360.
Juntos, fanfarra, cortejo e pernas de pau subiram ao palco, se juntando ao canto e a ginga do grupo de capoeira de Valéria, e logo abriram os caminhos para os mestres de cerimônia: o cantor e compositor Dão e a atriz e cantora Denise Correia; uma dupla que intercalou sua participação com números poéticos e musicais, sob a direção geral de Zeca de Abreu e a direção musical de Luciano Salvador Bahia.
Nesse molejo entraram em cena ‘As Mães de Vista Alegre’, acompanhadas dos seus filhos e filhas, para falar de racismo, desigualdade social, discriminação e preconceito, rimando protesto e com a força da comunidade.
Nessa perspectiva, Fernando Guerreiro – atual presidente da Fundação Gregório de Mattos – deu a letra: “Saímos do Centro e ocupamos as artérias do Subúrbio. Essa é a gestão do prefeito ACM Neto, a quem eu quero agradecer muito, por ter me dado carta branca para tocar esse projeto”, reconheceu Guerreiro.
A Orquestra de Xequerê, conduzida pelo percussionista Sidney Argolo, encheu o palco de exuberância e ancestralidade. Já o hit “Pesadão” de Iza deu o tom da apresentação das jovens participantes da Oficina de Dança.
Os versos de ‘O Canto das 3 Raças’, popular na voz de Clara Nunes, emocionou o público, intercalando versos como “Ninguém ouviu um soluçar de dor/ no canto do Brasil” com os anseios dos jovens do Boca de Brasa Programa Avançar (Bairro da Paz). O vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis, entrou em sintonia com essas questões trazidas em diversas temáticas das apresentações.
“A arte, o esporte, a cultura… A Prefeitura trabalha isso como ferramentas de inclusão social”. Para que jovens, por exemplo, não entrem no mundo das drogas. E esse festival é a prova viva disso. Confesso que fiquei muito emocionado. Relembrei minha época de juventude. E saio daqui ainda mais apaixonado por esta cidade”, comentou o vice-prefeito.
O rap e o samba do Boca de Brasa JACA (Juventude Ativista de Cajazeiras) reforçou o elenco, fazendo jus às temáticas sociais, que permearam todo o evento.
Teve Exibição do videoclipe da música “Um Download para Babá”, interpretada ao vivo por Dão, resultado de um trabalho desenvolvido a partir da oficina de Gestão de Mídias Sociais, do Boca de Brasa Pracatum.
E muitos encontros se deram: a dança clássica do Ballet Esperança com a arte transformista da drag queen Sasha Heels; da dança com teatro; um grande coral de todos os artistas e participantes das oficinas no palco; e a ainda a presença de Bruno Barral (Secretário de Educação de Salvador), de Chicco Assis (Gerente de Espaços Culturais da FGM) e Selma (gestora do Espaço Cultural Boca de Brasa Subúrbio 360).
Por fim, Margareth Menezes fez o público levantar e dançar ao som de clássicos da música baiana, como ‘Alegria da Cidade’, ‘Faraó Divindade do Egito’, ‘Elegibô’, ‘Nossa Gente (Avisa lá) ’ e ‘Eu sou Negão’.
A artista ainda relembrou a época em que Fernando Guerreiro a dirigiu no início da carreira, elogiou sua gestão e ressaltou a importância dos Espaços Boca de Brasa como oportunidade para artistas da comunidade.
E na próxima quinta, dia 20/12, às 14 horas, tem bis de toda essa programação no Espaço Boca de Brasa CEU de Valeria, no Caminho 13, Conjunto Lagoa da Paixão, em Nova Brasília de Valéria. E Margareth Menezes novamente fazendo participação especial.