Em ato pró-governo Bolsonaro no Rio de Janeiro, pautas vão desde a nova Previdência até o fechamento do STF

Ministro Sérgio Moro apresenta declaração controversa.
Ministro Sérgio Moro apresenta declaração controversa.
Ministro Sérgio Moro apresenta declaração controversa.
Ministro Sérgio Moro apresenta declaração controversa.

Tradicionalmente bloqueada aos domingos pela prefeitura do Rio, a avenida Atlântica em Copacabana teve hoje movimento atípico: apoiadores do governo Jair Bolsonaro saíram às ruas para manifestar posição favorável à reforma da Previdência e “contra a corrupção no Congresso e STF”. Atos em apoio ao presidente aconteceram em outras 80 cidades.

A concentração pelo ato iniciou-se às 10h da manhã e no ápice, a manifestação chegou a ocupar as duas pistas da avenida, ao longo de sete quarteirões do bairro na zona sul carioca. Manifestantes se agrupavam sobretudo em torno de carros de som nos postos 4 e 5 e de lá gritavam palavras de ordem a favor do presidente e contra congressistas e ministros do Supremo.

Manifestação de caminhoneiros no Rio de Janeiro como parte de mobilização nacional da categoria contra os preços altos dos combustíveis no Brasil.

Enquanto em um posto, a ativista e autodeclarada “ex-feminista” Sara Winter fazia um discurso contrário ao aborto e às “atrizes globais que saíram peladas em manifestações do ‘Ele Não'”, em outro um grupo levantava bandeiras das mais diversas: do fechamento do Supremo Tribunal Federal, passando por críticas ao Movimento Brasil Livre (que rompeu com o governo nesta última semana), o preço da anualidade da OAB e comparações do cenário nacional com países tão distintos quanto a Síria, o Líbano e a Turquia.

Em frente a este último carro, a aposentada Regina Helena de Melo, 60 anos, cuidava de uma mesa com dois livros. Assinaturas, RGs e CPFs eram coletados. A pauta: o fechamento do Supremo Tribunal Federal e a prisão de “bandidos como Toffoli”, a quem atribui “proteção à corrupção no país”. “Por mim, fechava e prendia tudo”, afirmou a aposentada, antes de ser alertada por uma colega a não falar com a imprensa porque havia “petistas infiltrados” no ato.

Na praia desde as 9h, quando esticou uma bandeira do Brasil no asfalto e começou a vender faixas e camisetas verde e amarelo por preços a partir de R$30, a ambulante Monique da Conceição Santos, 30 anos, disse que tinha se deslocado a Copacabana tanto para trabalhar quanto para protestar. Ela, que conta ter votado em Jair Bolsonaro apenas no 2º turno, afirma ter ouvido “que o povo tá revoltado mesmo com esse negócio de Supremo”, mas não sabia exatamente pelo quê. Monique, porém, é rápida ao dar sua opinião sobre outro tema: a reforma da previdência.

 “Votei no Bolsonaro por um país melhor, mas sou contra a reforma da previdência. É mais tempo [trabalhando] né? Se aprovar, fica horrível pra gente, meu apoio [ao presidente Jair Bolsonaro] vai a zero”, dispara.

A estilista Diana de Paula, 49 anos, mora em Copacabana e cuida da mãe idosa e de uma irmã com deficiência. No domingo, usando uma camisa preta com a estampa “Bolsonaro Presidente”, ela comercializava modelos semelhantes por R$30, enquanto posava para fotos e gritava palavras de ordem.

Diana diz ser firme apoiadora do presidente e afirma ter feito campanha ativa em 2018. Ela desconversa sobre o apoio ao fechamento do Supremo e do Congresso, mas diz que o pesselista “só fala verdades” e por isso “incomoda quem sempre comeu uma beiradinha e não deixa ele governar”.

“A gente precisa de crianças que saibam a matemática, que saibam ler e escrever. Se a gente ficar nesse papinho de homofobia, de racismo, a gente não anda. Para mim isso é coisa do governo anterior, muito mais preocupado em fazer novela mexicana que governar este país”, diz ela, que é descendente de alemães e casada com um eslovaco.

O aposentado Ananias de Souza se fantasia de presidente. Ele diz ter votado em Jair Bolsonaro porque espera ver “o povo feliz de novo”.

A estilista Diana de Paula diz ter feito campanha para Bolsonaro durante as eleições no ano passado. Responsável pela mãe já debilitada e por uma irmã com deficiência, ela chama o presidente de mito e diz que o PSLista só fala verdades.

A ambulante Diana de Paula organiza camisetas, bandeiras e faixas que comercializava na manifestação. Eleitora do presidente, ela se diz firmemente contra a reforma da previdência e acredita que a vida vai piorar caso a emenda seja aprovada em Brasília.

Marcos Antônio foi com toda a família participar do ato em Copacabana. Firme apoiador do presidente, ele diz não endossar toda a reforma da Previdência e defende diferenciação no tempo mínimo de contribuição para profissões diferentes.

O aposentado Ananias de Souza se fantasia de presidente. Ele diz ter votado em Jair Bolsonaro porque espera ver “o povo feliz de novo”.

O professor universitário Marco Antônio modera o discurso. Ele chegou a Copacabana acompanhado da esposa, do filho de 4 anos e do enteado de 13 para “mostrar apoio ao governo do presidente” e aos princípios que o convenceram a votar em Jair Bolsonaro: o combate à corrupção, a diferenciação de gêneros e o projeto Escola Sem Partido.

“O Congresso está fazendo o seu trabalho, de acordo com o que pensam, mas nós não concordamos com o que eles produzem. Democracia é assim. (…) Viemos não para protestar contra uma pessoa ou instituição em específico, mas porque é importante para os nossos filhos entenderem que cidadania a gente não faz em casa e sim nas ruas, mostrando o que a gente pensa e o que a gente apoia”, defende, fazendo ressalvas sobre a reforma da previdência (diz não ser a favor da mudança no tempo de contribuições para professores).

Reação do governo

Endossar (ou não) as manifestações convocadas para este domingo foi ponto de divergência dentro da base governista ao longo de toda a semana em Brasília.

Deputados aliados temiam que apoiar atos abertamente contrários a figuras de articulação importantes no Congresso e à autoridade do STF poderia representar problemas para aprovação da reforma da Previdência.

Bolsonaro, que inicialmente participaria de algumas das manifestações agendadas, preferiu se distanciar. Na manhã deste domingo, o presidente esteve em uma igreja evangélica na Barra da Tijuca e discursou por alguns minutos. Disse que as manifestações não foram convocadas em apoio a ele, mas “pelo futuro da nação”.

“É uma manifestação espontânea. Com uma pauta definida, com respeito às leis e às instituições, mas com o propósito de dar recado àqueles que teimam com velhas práticas não deixar que esse povo se liberte”, afirmou.

A hashtag #BrasilNasRuas ficou nos trending topics ao longo da maior parte do dia. Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, do Senado, Davi Alcolumbre e do STF, Dias Toffoli ainda não se pronunciaram sobre a questão.

*Com informações da Sputnik.

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Sobre Carlos Augusto, diretor do Jornal Grande Bahia 10989 artigos
Carlos Augusto é Mestre em Ciências Sociais, na área de concentração da cultura, desigualdades e desenvolvimento, através do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Ensino Superior da Cidade de Feira de Santana (FAESF/UNEF) e Ex-aluno Especial do Programa de Doutorado em Sociologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atua como jornalista e cientista social, é filiado à Federação Internacional de Jornalistas (FIJ, Reg. Nº 14.405), Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ, Reg. Nº 4.518) e a Associação Bahiana de Imprensa (ABI Bahia), dirige e edita o Jornal Grande Bahia (JGB), além de atuar como venerável mestre da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Maçônica ∴ Cavaleiros de York.