Nota de repúdio a preconceito cultural e religioso na capital mundial da ayahuasca

Ayahuasca (imagem ilustrativa)
Ayahuasca (imagem ilustrativa)

A bebida ayahuasca é utilizada por comunidades indígenas da Amazônia Ocidental brasileira e de outros países amazônicos, e também é usada ritualisticamente para fins religiosos no Brasil, conhecida como Daime ou Vegetal. Além disso, tem despertado a atenção e o interesse de cientistas e profissionais da área de saúde no mundo inteiro.

Dessa maneira, a capital do Acre, Rio Branco, sediou a importante II Conferência Mundial da Ayahuasca, em 2016 – AYA 2016, e foi considerada, à época, como epicentro mundial da ayahuasca, ou capital mundial da ayahuasca.

Mesmo assim, a bebida sacramental ayahuasca continua a sofrer preconceitos e discriminações. E pasmem, no seu próprio local de origem, o Estado do Acre.

Contra mais uma investida difamatória, a Câmara Temática de Culturas Ayahuasqueiras, do Município de Rio Branco – Acre, lançou uma ‘Nota de repúdio’ a tal execrável atitude.

Vamos a ela:

Nota de repúdio 

A Câmara Temática de Culturas Ayahuasqueiras, órgão do Conselho Municipal de Cultura do Município de Rio Branco, vem a público expressar REPÚDIO a palavras proferidas pelo ex-deputado João Correia a respeito da Ayahuasca, no programa Tribuna Livre, apresentado pelo jornalista Evandro Cordeiro, na TV Rio Branco, na data de 11 de abril deste ano.

Ao comparar a bebida Ayahuasca a droga ou entorpecente, o ex-deputado João Correia ao mesmo tempo tanto demonstra profundo desconhecimento sobre o assunto quanto desrespeito e ideias preconceituosas em relação a uma cultura indígena milenar, da sua própria terra amazônica; a diversas religiões sérias e a milhares de pessoas de bem, que fazem uso da bebida, também conhecida como Daime e Vegetal.

Dentre as pessoas que fazem uso de Ayahuasca neste mesmo Estado, encontram-se profissionais da mais alta índole e reputação ilibada que trabalham no Sistema de Segurança Pública, a exemplo de Desembargadores, Juízes, Promotores e Policiais, prestando relevantes serviços à sociedade, justamente combatendo o uso e o tráfico de drogas, a corrupção e outros males que assolam a sociedade.

Além disso, outros diversos profissionais, de todas as classes e camadas sociais, inclusive líderes religiosos com décadas de serviços prestados à sociedade acreana, fazem uso dessa bebida e conduzem suas vidas dentro dos princípios cristãos, éticos e constitucionais. Algumas das religiões ayahuasqueiras deste Estado são portadoras dos títulos de utilidade pública municipal, estadual e federal.

Desde a década de 1960, um dos fundadores de uma dessas religiões ayahuasqueiras assegurou, em documento público, que todos os filiados da sua religião que tivessem mais de 60 dias como efetivo estavam isentos de alcoolismo e outras condutas perniciosas à formação moral do homem. E é isso que se vê em quem faz uso sério de Ayahuasca.

Diante de tais fatos, a Câmara Temática de Culturas Ayahuasqueiras vem a público prestar tais esclarecimentos para que a sociedade seja corretamente informada da verdade e possa sempre fazer as melhores escolhas.

Jean Carlos Freire Lima
Articulador da Câmara Temática de Culturas Ayahuasqueiras

Copo de ayahuasca
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Sobre Juarez Duarte Bomfim 726 artigos
Baiano de Salvador, Juarez Duarte Bomfim é sociólogo e mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutor em Geografia Humana pela Universidade de Salamanca, Espanha; e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Tem trabalhos publicados no campo da Sociologia, Ciência Política, Teoria das Organizações e Geografia Humana. Diversas outras publicações também sobre religiosidade e espiritualidade. Suas aventuras poético-literárias são divulgadas no Blog abrigado no Jornal Grande Bahia. E-mail para contato: juarezbomfim@uol.com.br.