Exemplos de grandeza | Por Joaci Góes  

Duque de Caxias, almirante Tamandaré, e brigadeiro Eduardo Gomes.
Duque de Caxias, almirante Tamandaré, e brigadeiro Eduardo Gomes.

À memória do Duque de Caxias, do Almirante Tamandaré, do Brigadeiro Eduardo Gomes e de todos os que lutaram e lutam pela democracia e a decência no Brasil.

Esta virada de ano foi marcada por três episódios destinados a exercer uma influência intensamente benéfica ao povo brasileiro, para fazê-lo trilhar o caminho da lucidez e da decência, como meio de libertá-lo de sua mendicante trajetória histórica, que tem resultado num padrão de desempenho haitiano, quando comparamos o que somos e o que poderíamos ser – uma versão sul-americana do que são os Estados Unidos ou o Canadá -, levando-se em conta nossas enormes riquezas naturais e potencialidades.

O primeiro é encarnado pelos funerais de Pelé, o maior futebolista de todos os tempos, possivelmente, o brasileiro que mais elevou nossa autoestima coletiva em razão do reconhecimento universal de seu excepcional valor.

O segundo, o Papa Bento XVI que teve a grandeza de renunciar, em 2013, ao exercício da mais influente função do Planeta, aos 85 anos, por não se sentir com as condições necessárias para fazer as urgentes reformas de que a Igreja carecia. Os papas que antes dele renunciaram, Bento IX, em 1045, Celestino, em 1294, Gregório XII, em 1415, fizeram-no por distintas razões.

O terceiro episódio, por sua gritante atualidade, é, sem dúvida, o mais influente de todos no conturbado momento que o Brasil atravessa, marcado por ambiente social conflagrado pelo radicalismo político dominante. Referimo-nos à decisão, sem precedentes na história brasileira, de um oficial General, o Almirante de Esquadra Almir Garnier dos Santos, Comandante da Marinha do Brasil, negar-se a prestar continência a Luís Inácio da Silva, o Lula. Entre o dever regimental e burocrático de subordinação ao presidente da República e os apelos de sua consciência moral e cívica, o Almirante Almir Garnier ficou com os últimos, desenvolvidos ao longo de uma vida pautada pelo cumprimento do dever em grau superlativo, como consta de sua impecável biografia.

Nascido em Cascadura, no Rio de Janeiro, o jovem Almir encontrou nos valores e práticas da família – o pai um simples guarda noturno, a mãe, zelosa dona de casa-, a inspiração para fazer de cada dificuldade o degrau de uma escada que o elevaria à mais alta posição na segunda Marinha mais poderosa de todo o Continente Americano, a brasileira, abaixo, apenas, da Norte-Americana.

Cada uma de suas promoções, de simples cadete a Almirante de Esquadra foi conquistada por aferição de mérito, como é a prática corriqueira em nossas Forças Armadas, impermeáveis ao acesso de picaretas de carteirinha, como tem sido a prática dominante na política partidária nacional.

É possível que o Almirante Garnier não tivesse chegado a esse intimorato gesto sobranceiro e histórico, que o eleva ao respeito e admiração das pessoas decentes de nosso País, se Lula, em lugar de reconhecer com humildade os graves erros que cometeu e prometer recuperar sua imagem nessa nova oportunidade que lhe deu um eleitorado em que, ao lado de pessoas de bem, abundam imbecis, oportunistas e ladrões, não tivesse assumido uma indecorosa postura de vestal, querendo pousar de vítima das forças do mal, encarnadas por gente como Sérgio Moro, um juiz que, inegavelmente, já tem assento assegurado no Panteon dos grandes da Pátria.

Lula tem muito a agradecer ao Almirante Garnier o sinal que lhe transmitiu para deixar de querer fazer de manés a metade da população brasileira que quer vê-lo pelas costas.

Caso contrário, ele, Lula, terminará protagonizando um case (caso) de grandes proporções que comprovará, uma vez mais, que o Homem é o único animal que tropeça mais de uma vez na mesma pedra.  O Grito de Garnier pode se transformar num irreprimível estouro da boiada.

*Joaci Góes, advogado, jornalista, empresário, ex-deputado federal constituinte e presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (IGHB).

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Joaci Góes, advogado, jornalista, empresário, presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (IGHB), ex-deputado federal e ex-presidente da Academia de Letras da Bahia (ALB).